t e m p e s t a d e

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     - Mãe! - eu falo ao telefone enquanto a chuva pingava em mim - Eu já te falei que a Amelia foi embora! Eu estou presa aqui na rua e não consigo sair daqui a tempo.

     - Eu te disse Helena, te disse que não era para você sair de casa agora! Avisou no noticiário que vai ter até tornado.

     - Ok, mãe, agora não adianta dar sermão.

     Assim que falo isso, um trovão soa atrás de mim e um vento muito forte começa a balançar as árvores. Tudo estava caótico, uma mistura de água, galhos e eu no meio de tudo. A rua que eu estava era deserta, tinha decidido ir embora da casa da minha amiga, Amelia, por conta própria, agora estava ali. Grande noite! 

     - Filha, toma cuidado e tenta achar algum lugar coberto para você ficar. VOCÊ ME ESCUTOU? 

     -  Mãe! O sinal está falhando! 

     - Era só o que me faltava, eu vou ir...

     - Mãe? - falo e ao olhar na tela: sem sinal. Era só o que me faltava, o mundo acabando e eu isolada da sociedade. 

       Tento vencer a rede de vento que vinha me minha direção, agarrarando o casaco que estava em mim para ele não voar e sigo em busca de algum lugar fechado. A única coisa que me lembro era a escola, mas estava longe. Andava desesperada contra a água torrencial, até que um estrondo vindo do céu (ou de uma árvore caindo, estava difícil de distinguir) me assusta e com a adrenalina acelerada, acabo prendendo o meu pé na canaleta da rua.

      Meu coração acelera. Eu não podia ficar presa ali, corria risco de vida. Grito desesperada por socorro, sabendo que ninguém iria me escutar pois minha voz seria abafada pelos ruídos da tempestade. Até que... Por que as coisas estão começando a girar? Estou desmaiando? Ah não...

    - SOCORRO! - Era um tornado. Merda, merda, merda. - ALGUÉM ME TIRA DAQUI, POR FAVOR!

   Assim que grito, vejo uma luz ao fundo, quem era? Ou podia ser um poste voando na minha direção. Me atenho a primeira opção para me acalmar um pouco, se isso fosse possível.

      - ONDE VOCÊ ESTÁ? - escuto uma voz abafada ao fundo.

      - Aqui, perto do carro vermelho! Meu pé está preso.

      Uma figura masculina se aproxima de mim, parecendo tão desesperado quanto eu, porém provavelmente em um estado físico menos deplorável. Mal consigo enxergá-lo direito por causa da ventania, que tampava minha visão com o cabelo. 

      - Eu vou contar até três e você puxa seu pé para frente, ok? - Ele fala alto para que eu conseguisse escutá-lo.

       - Tudo bem. - Ele conta e assim que chega ao três, faço o que ele tinha mandado e percebo que ele tinha puxado o boeiro, desprendendo de meu pé. 

      - AGORA CORRE! - ele fala bruscamente. 

      - Correr pra onde? QUEM É VOCÊ? EU NEM SEI ONDE EU ESTOU!

      - MERDA! - ele puxa meu braço - Me acompanha então.

     - Onde a gente vai? - Digo enquanto corria, com o coração tão acelerado que podia ter a certeza que poderia sofrer um infarto a qualquer momento.

     - Tem um posto de gasolina ali perto, precisamos de entrar nele.

     Eu tento o acompanhar, sentindo sua mão forte segurando meu pulso, me impulsionando contra a direção do tornado. Finalmente avisto o posto de gasolina , porém quando chegamos perto dele, estava todo fechado.

     - QUE DIABOS A GENTE FAZ AGORA? - Eu berro para o homem misterioso, que mal eu tinha terminado de falar, pegara uma haste de ferro do chão e quebrara o vidro de uma janela. Ok, isso foi um pouco atraente. Ele me puxa para dentro do estabelecimento e tampa o buraco da janela com um armário próximo, pra que não tivesse circulação do vento dentro.

     Quando levanto meu rosto para enxergá-lo, curiosa para saber quem era aquela figura que me salvara, a luz cai. Droga. Olho desesperada para os lados e em uma fração de segundo, um raio seguido por um estrondo tão forte invade o estabelecimento, e o que antes era só escuridão, foi substituido por uma luz cegante. Minhas pernas enfraqueceram e senti minha visão ficando mais turva. Parecia que alguém me sufocava. O que estava acontecendo, eu morri?

       De repente, sinto o peso de uma queda, com todo meu corpo indo em encontro a algo. Abro meus olhos com dificuldade, ainda desorientada pelo que acontecera. Assim que tiro os cabelos loiros de minha visão, vejo que já não estava mais no mesmo local. Ali era quente e confortante, diferente do caos que estava alguns segundos atrás.

        -  Você poderia sair de cima de mim? - Assim que olho para baixo, vejo o garoto que tinha me ajudado durante esse tempo todo e começo a suar frio.

       - David. - Ali estava ele, usando um conjunto de moletom, junto aos seus cabelos negros que caiam sobre seus olhos e tampavam o castanho dourado que ele tinha. Ele era lindo, não posso negar. Mas a gente nunca se deu bem.

       - Helena, não recebo nem um muito obrigada? - ele diz com um sorrisinho no canto da boca, me fazendo eu revirar os olhos.

      - Onde a gente está? - falo olhando agora com mais calma para o lugar. Era uma sala com umas velas iluminando o ambiente, uma escada de madeira conduzindo para um porta e algumas vozes de fundo.

     - Não faço a mínima. Temos que sair por ali. - Ele diz indicando com o olhar a porta que eu tinha mencionado e tomando iniciativa, fazendo com que eu seguisse ele.

       Ele faz força na porta, a empurrando, me fazendo sentir apreensiva. Eu realmente não fazia ideia do que tinha acontecido. Parecia que eu tinha sido abduzida paraq outra realidade e de repente tudo estava mais calmo. Assim que a porta abre, as vozes ficam mais altas e nos deparamos com uma sla enorme, com diversas meses e mais velas no teto. Quem foi o arquiteto que fez esse lugar? Nem para por uma luz, tudo é vela! As pessoas com umas vestes diferentes olham para a gente e o senhor de barba branca que falava na frente também interrompe o discurso para se dirigir à nós.

       - Quem são vocês? - Ele diz calmamente.

      - Quem são VÔCES? - David fala confuso ao meu lado. - Por que isso tudo aqui parece familiar?

    Eu dou mais uma olhada e de repente um clique se instala em minha mente, aumentando a confusão que agora se alojava em mim. Como diabos isso aconteceu?

      - Estamos em Hogwarts. - eu falo e ele arregala os olhos percebendo o que eu tinha acabado de notar.

       O que quer que tivesse acontecido aqui, não seria nada bom.

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Oii pessoal! Primeiro capítulo em mesa! Queria avisar que essa história promete e que muita coisa ainda está por vir.

Mas e vocês, gostariam de ir para Hogwarts?

ig e tiktok: @aqueladaleitura <3

The Beauty of Darkness | 𝐻𝑃Onde histórias criam vida. Descubra agora