03 - Você voltou

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Nathalie

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Nathalie

Alguns dias depois

Miami, 16:45 da tarde

O tempo estava quente, mas o parque era protegido por aquelas árvores enormes. Estava sentada num banco daqueles que tem um tabuleiro de xadrez na frente, estava sozinha tentando resolver aquele jogo que, na verdade, eu nem sabia pra onde ia.

- Parece solitária! - Uma voz masculina me tirou de devaneios.

- Não estou. - Respondi simples. - Eu funciono bem sozinha.

- Não parece, está com cara de quem sente falta de alguém. - O encarei, nos olhamos por segundos até ele quebrar o silêncio. - Perdoe meus maus modos, sou Brian!

- Nathalie. - Falei. Ele se sentou a minha frente, do nada, sem convite algum, mesmo depois de eu ter dito que funciono melhor sozinha. Será que ter dito meu nome o fez entender que queria prolongar a conversa?

Que merda, não devia ter dito meu nome.

- É um prazer, Nathalie! Vejo que está em uma disputa acirrada consigo mesma. - Mexeu em uma peça e eu fingi pensar no meu próximo movimento.

- É que me ajuda a pensar! Você está sozinho aqui?

- Não sei ao certo, tirando o fato das bilhões de pessoas na face da terra, ando tentando descobrir se há vida em outros planetas! - foi uma piada ridícula, mas eu ri porque lembrei de Spencer.

Aquele cara não tinha nada de Spencer em relação a aparência, Brian era loiro de olhos verdes, musculoso mas não exageradamente. Suas roupas pareciam que acabara de sair da academia, mas ele não estava suado, deduzi que aquele estilo era apenas para chamar atenção das garotas. Se ele está querendo tentar algo comigo, só digo uma coisa: coitado.

- Você sabia que jogar xadrez ajuda a prevenir alzheimer e demência? - disparei.

- Não, não sabia! Mas obrigado pela informação, de qualquer forma. - Ele respondeu simples, mexi uma peça. - Qual o nome da sua saudade, Nathalie?

- O quê? - Perguntei de cenho franzido.

- A pessoa que não sai de seus pensamentos e muito menos do seu coração, aquele que você sente falta e tudo o que quer é estar com ele agora... reconheci esse sentimento no seu olhar, sinto isso também. Então, qual o nome da sua saudade? - Explicou e perguntou novamente.

Fiquei quieta por algum tempo, ele não me apressou. Decidi responder.

- Spencer...

- Belo nome. - Continuamos jogando, em silêncio dessa vez.

- Por que perguntou isso? - Indaguei depois de um tempo.

- Estava sentado num banco não muito distante daqui, vi você chegar e te observei, como eu disse, reconheci o que você estava sentindo e por isso decidi me aproximar. - Falou. - Sabe, o nome da minha saudade é Hanna, eu sempre a amei, desde que eu era moleque, só que eu não sabia e descobri quando ela encontrou a felicidade nos braços de outro. Diga-me Nathalie, quando descobriu que já amava seu Spencer?

- Já faz algum tempo, anos na verdade... Quando o conheci ele estava num momento ruim, uma fase de luto por ter perdido sua namorada. - Brian fez uma cara de dó. - Ele se recusava a se aproximar de mim mas, eu não desisti, nos tornamos melhores amigos, ele me fazia rir como ninguém jamais fez, cuidava e ainda cuida de mim, mas ele nunca tentou se abrir para novas experiências, eu acabei desistindo e encontrei outro alguém, foi meu maior erro.

- Onde ele está agora?

- Em Quântico, Virgínia.

- E o que você está fazendo aqui, longe dele?

- Tive uns problemas com meu ex namorado, ele é possessivo e agressivo, me fez algumas ameaças, decidi vir embora. - Expliquei.

- Spencer deve ter ficado arrasado com sua partida, afinal, vocês ainda são melhores amigos, certo?

- Sim, somos. Meu ex é amigo dele também, isso é um problema, é extremamente complicado, Brian, eu me meti na maior roubada apenas porque queria um jeito de esquecer Spencer. - Ri de desespero.

- E conseguiu? - Ele perguntou.

- Nem por um segundo! - Respondi sincera.

- É porque você sempre esteve com a pessoa errada, e nesse momento você está no lugar errado, seu lugar é com Spencer, em Quântico. - Ele disse me encarando. - Sabe, algumas lutas parecem grandes demais para nós, mas com determinação acabamos vencendo a guerra toda, não desista de Spencer, vai ver ele sente o mesmo por você e só não sabe lidar ou não quer estragar a amizade de vocês! Apenas vá Nathalie, e se não der certo, recomece. A vida é feita de términos e recomeços.

- Por que está dando conselho e ajudando uma pessoa que nem conhece? - Perguntei.

- Porquê você precisa, e quero ter certeza que pelo menos uma pessoa não irá cometer o mesmo erro que cometi tempos atrás!

- Obrigada por isso, Brian. Espero que encontre sua felicidade! - Me levantei, completamente decidida do que fazer.

- Ah, Nathalie! - Ele me chamou e o encarei. - Aprenda a jogar xadrez! - Ele ri.

- Spencer irá me ensinar... - dou um último sorriso para ele e saí correndo em direção ao meu apartamento.

Provavelmente não encontraria com Brian novamente, e analisando como o conheci foi algo extremamente perigoso. Ignorei todas as notas de cuidado que Spence já havia me dado para me proteger de psicopatas na rua, mas se nada de ruim aconteceu é porquê ele não era perigoso. Brian abriu meus olhos para algo que eu estava confusa, mas agora tenho certeza do que vou fazer. Preciso voltar para Quântico.

{...}

Dois dias depois

Quântico, 19:14 da noite

Tinha acabado de chegar naquele apartamento, mas estava vazio, será que ele estava em algum caso? Procurava meu celular em meio aquela bagunça de papéis em minha bolsa, tocava freneticamente. O achei finalmente e atendi.

- Alô!

- Hey sunshine!

- Oi gênio! - Respondi animada.

- Desculpe passar tanto tempo sem te ligar, aconteceu uma coisa com meu celular, acho que você sabe, JJ disse que te contou.

- Sim, ela contou, mas por que não comprou um celular novo, Spence? Isso aconteceu há dias.

- Eu tentei, mas nas lojas que fui eles não vendem um igual ao meu modelo de antes, aparentemente aquele já pararam de fabricar por ser muito antigo!

- Oh, tadinho! - ri dele. - Onde você está Spencer, é algum caso?

- Não, fui na casa de JJ visitar Henry e parei no telefone público para falar com você e dar sinal de vida.

- Acho que você deveria ir para casa!

- Já está me expulsando?

- Não, só tenho algumas coisas para fazer agora.

- Oh, tudo bem, até mais sunshine! - Desligamos.

Esperei cerca de 20 minutos, até ouvir a porta sendo aberta. Estava escuro, ele acendeu as luzes e quando se virou tomou um susto por me ver ali.

- Você é um gênio, mas esconder a chave debaixo do tapete é tão clichê, Spence! - Eu disse me levantando e indo na direção dele.

- Sunshine, você voltou! - Foi tudo o que ele disse, então envolveu seus braços em volta de mim num abraço apertado. Eu senti tanta falta dele, céus, eu o amo.

SUNSHINE | Dr. Spencer ReidOnde histórias criam vida. Descubra agora