Capítulo 2 - As ironias de Jessica Jung

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Yuri

Ouvi o toque de meu celular pela décima vez só aquela manhã e eu não conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Pela primeira vez durante todo aquele tempo, tive a coragem de tatear o pequeno criado-mudo ao lado de minha cama em busca do pequeno aparelho que soava como uma martelada em minha cabeça.

Quem poderia ser a essa hora da manhã?

- Alô? - Perguntei com uma voz sonolenta. Eu ainda estava deitada à cama e de olhos fechados, poderia até jurar que havia voltado a dormir por alguns segundos.

Eu não conseguiria dizer por quanto tempo eu havia dormido aquela noite, mas não parecia ter sido muito. Após ter encerrado a ligação do dia anterior, recebi um e-mail com o horário e o endereço de onde eu deveria para trabalhar no dia seguinte e eu havia me espantado por não chegar nem perto do prédio da Coridel ou da Blanc&Eclare, mas não me importei com isso, apenas salvei o endereço e voltei a terminar meu jantar com a Sooyoung.

Ela partiu pouco tempo depois deixando-me sozinha imersa em meus próprios pensamentos. Terminei de guardar as coisas, limpei a pequena bagunça que fizemos, tomei meu banho e finalmente me deitei.

Os minutos entre o momento que senti meu corpo relaxar em cima do colchão e o momento que eu realmente dormi pareceram uma eternidade, até que eu simplesmente apaguei ainda imersa em pensamentos sobre o que eu estava fazendo.

- Kwon? - Ouvi do outro lado da linha telefônica e a voz pareceu me acordar um pouco mais. Demorei mais do que o habitual para reconhecer quem estava falando. - Kwon? - Chamou-me novamente.

Finalmente eu despertei, sentando-me subitamente à cama, ainda assustada com a voz que eu ouvia e desnorteada com o que estava acontecendo. A ligação pareceu ficar muda por um tempo até eu decidir responder:

- Seohyun? Aconteceu alguma coisa?

Elevei minha mão ao meu rosto, esfregando meus olhos consecutivamente até que eu os conseguisse manter abertos.

- Você virá trabalhar? - Ela perguntou do outro lado da linha.

Um minuto de silêncio até que eu conseguisse raciocinar o que ela estava dizendo.

- É claro que eu vou. - Esperei um tempo e como não veio uma resposta do outro lado da ligação, resolvi perguntar: - Que horas são?

- 9 a.m., Kwon.

[...]

Eu havia estragado tudo, de novo.

Se eu não estivesse sentada no momento que ouvi Seohyun pronunciar o horário, certamente teria caído. Na mensagem dizia claramente para que eu comparecesse ao local marcado às 7 a.m. para que acertássemos tudo sobre o contrato que eu ainda deveria assinar e pudesse preparar-me sabe-se lá para o quê.

Dormi demais, perdi a hora.

Passei certa parte da manhã apenas pensando o que deveria usar já que eu sequer sabia o que estava indo fazer em sua casa, logo, optei pelo mais óbvio, uma calça preta de alfaiataria e uma camisa social. Eu seria assistente dela? Secretária? Algo assim, talvez, então estava ótimo. Eu já poderia partir rumo ao inferno.

Andei em círculos por quase trinta minutos até achar o endereço marcado. Eu nunca imaginaria que Jessica Jung estava morando em um lugar cuja única estrada para se chegar era uma estrada de terra que passava por dentro de uma espécie de bosque. Eu sequer acreditei no GPS quando ele marcou aquele caminho, mas após alguns metros de uma rala vegetação, comecei a avistar uma imensa casa ao fundo.

With Love, YuriOnde histórias criam vida. Descubra agora