#NMA | Two

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Ana

A vista daqui é maravilhosa e estou literalmente com vontade de gritar: Alice me adota! Sorrio com o pensamento e sigo observando os meus colegas de trabalho se divertindo na beira da praia aqui do meu cantinho no bar da pousada.

--- Vamos Ana! - William chega gritando todo empolgado e tenta me pegar no colo mas eu me agarro a banqueta presa no chão e nego.

--- Mais tarde... Mais tarde... - Prometo meio que implorando e ele tenta fazer uma cara séria, porém como ele já está um pouco bêbado a seriedade acaba falhando e ele faz apenas uma careta muito engraçada. Começo a sorrir e digo que preciso ir me trocar antes de descer para praia, torcendo para que ele aceite meu contra argumento fajuto e me deixe em paz pelas próximas horas (não ter tirado a farda ainda tem um motivo).

--- Vou fingir que acredito, mas se você não aparecer naquela barraca daqui a pouco eu venho te buscar e te levo pendurada no meu ombro do jeito que estiver. - Vem todo grandão e zangado para cima de mim, me esmaga em um abraço e beija a minha bochecha. Acabo me encolhendo um pouco quando ele faz isso, devido as cicatrizes das acnes que ainda carrego... São marcas ruins do início da fase adulta precoce. Enfim, só acho que a minha pele não seja a mais beijável do mundo, até porque quando eu beijo as pessoas no rosto elas quase nunca retribuem, no entanto as poucas que fazem isso acabam me constrangendo bastante. --- Agora sério gata, você precisa vim aproveitar o nosso último fim de semana na gandaia... Depois de amanhã é só ralação até o final do ano.

--- Que será daqui a três semanas... - Falo um pouco abafado por está com a boca colada no seu peito.

--- Não quebra o clima. - Ele segura no cabelo da minha nuca e me faz o encarar. Tão lindo, fortão e tem um coração maior que o seu monte de músculos. Quem o vê assim nem imagina que ele já passou por poucas e boas na vida e recentemente perdeu o pai para um câncer que vinha o maltratando pelos últimos anos. Toda vez que o olho consigo enxergar as palavras resiliência e superação em carne e osso. Além de ser o típico cara que pode ter a mulher que quiser sem muito esforço e que só vê mulheres como eu como ponto de apoio e confidentes. Sim, é possível ter amizade entre os sexos opostos. Todavia essa amizade será ranqueada em níveis na cabeça do homem e nesse ranking eu estou classificada no nível base/estrutura/elementar.

--- Will vamos bater uma bola lá na areia, você vem?

--- Tô indo porra. Deixa só eu fazer mais um pouco de carinho aqui na minha gata. - Fala autoritário e segura forte na minha nuca, fazendo a minha cabeça tombar para o lado oposto e expor a coluna do meu pescoço para ele beijar.

--- Me solta! - O empurro e mostro a minha língua.

--- Eu adoro uma gatinha raivosa... E quando ela estira a linguinha então... - Fala arrastado no meu ouvido e tenta morder o meu queixo.

--- Ei! - Soco seu abdômen sarado. --- Deixa só a dona Letícia ficar sabendo disso. - Me desvencilhando do seu abraço o empurro para mais longe.

Trabalhamos juntos a quase um ano e criamos uma "relação" além do campo profissional, porém não acho de bom senso ficar alimentando esse tipo de brincadeira, ainda mais por ele ser casado. Apesar de sempre me tratar com carinho estando tanto no seu juízo perfeito quanto bêbado, e nunca ter me faltado com respeito, é preciso estabelecer limites para tudo na vida. --- Vá lá chutar umas bolas! - Comando e o empurro para mais longe quando ele tenta me abraçar de novo. 

--- Gata você me maltrata mas eu te amo. - Ele coloca as mãos sobre o coração e faz cara de cachorro abandonado.

--- Também amo você.

--- Betão! Betão! - Ele grita chamando a atenção do atendente do bar assim como de todos a nossa volta. --- É por isso que eu tenho um tesão do caralho nessa mulher. - Ele diz em alto e bom som e eu apenas viro as costas para todos e sugo o conteúdo do meu copo de uma só vez. --- Amo você Aninha, amo você. - Will beija a minha cabeça e saí proferindo as suas juras fajutas de amor, que ele atira para todos que são próximos e que ele gosta, e eu apenas afundo a minha cara no copo de suco de cajá.

NA MEDIDA DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora