Capítulo 7 : Rio: quarta-feira, 29 de setembro a sexta-feira, 1º de outubro

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Quarta-feira, 29 de setembro

— Você está lendo?

De seu lugar estendido no sofá, Rio tira a atenção de seu livro e espia Vanessa, em casa depois de um turno no McDonald's, tirando os sapatos.

— Eu leio —, Rio diz petulantemente.

— Sim, livros sobre pessoas que fazem viagens e usam um monte de drogas —, zomba Vanessa. — E livros estranhos sobre, tipo, mitologia grega e ditadores.

Rio faz uma careta. — Tanto faz.

— Esse é o Grande Gatsby? — Vanessa tira o casaco e pendura-o em cima do da mãe deles nos ganchos atrás da porta. — Isso é para a escola?

Rio faz um breve aceno de cabeça, depois tenta voltar a ler, escaneando a página para encontrar o parágrafo de onde parou.

— Você está fazendo... lição de casa?

Vanessa entra na sala de estar, passando por cima dos brinquedos que as irmãs deixaram de lado e desabando na poltrona laranja datada no canto oposto a ele. Ela parece exausta, seu uniforme despenteado e coberto de manchas de graxa.

— Sim. — Rio lambe o polegar e vira a página.

— Ok, quem é você? De repente, você está dando aulas particulares, tem sua primeira paixão e está fazendo a lição de casa em duas semanas?

— Você foi que disse que eu tinha que ir à escola todos os dias —, resmunga Rio, fingindo culpá-la por seus novos comportamentos.

Vanessa arqueia uma sobrancelha. — E agora você está realmente me ouvindo? Tem certeza de que não foi sequestrado por alienígenas?

— Não. Acontece que a aula de inglês é muito chata, se você não leu o livro.

Ele pode a se sentir estudando-o, tentando descobrir o quão honesto ele está sendo.

— Além do mais, eu gosto de discutir —, Rio acrescenta ofensivamente (uma justificativa que ele sabe que Vanessa pode comprar, considerando que ele está sempre fazendo isso com ela), mas a imagem de Elizabeth parecendo satisfeita quando ele entrou na discussão em classe para apoiá-la o faz se acomodar um pouco mais e coçar a orelha.

— Uh huh.

Através da grossa parede de estuque que separa a sala de estar e a cozinha, Rio pode ouvir os sons maçantes de sua mãe, enquanto ele e Vanessa se sentam em silêncio, Rio lendo e Vanessa meditando enquanto ela distraidamente pega as folhas do ficus em vasos de sua mãe.

— Eu percebi isso, você sabe, — Vanessa diz preguiçosamente, girando uma haste na mão.

Rio resmunga em questão. O som de uma chaleira apita do fogão.

— Como você não negou que tinha uma queda.

Irritado, Rio olha obstinado para a página de seu livro, tentando muito se concentrar na obsessão de Gatsby por cortar a grama de Nick.

— Então, como foi o seu almoço? — Vanessa bisbilhota. Ele teve sorte ontem - ela havia sido amarrada a fazer um turno duplo e ele não a tinha visto antes de ir para a cama, então ela não teve a chance de interrogá-lo.

— Tudo bem —, Rio diz em breve, a voz plana, sem lhe dar nada.

— Acho que o namorado dela não descobriu? — Rio olha para ela. — Quero dizer, seu rosto ainda está bonito.

Carrancudo, o Rio sente um lampejo de aborrecimento. Era ridículo para Vanessa sugerir que, em uma briga, Dean Boland tivesse vantagem o suficiente sobre o Rio para causar danos ao seu rosto. Rio era mais forte, mais rápido, mais ágil - Dean, era desajeitado e desastrado. Ele estava sempre colidindo com estantes da biblioteca, deixando portas baterem atrás dele, alheio ao fato de que ele não era a única pessoa na sala.

🥤𝐃𝐄𝐋𝐈𝐍𝐐𝐔𝐄𝐍𝐓𝐒 ─ 𖥻brioOnde histórias criam vida. Descubra agora