01. O jantar

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Timur já estava sentado à mesa quando Yasemin desceu os poucos degraus que separavam o quintal de cima da casarão da área da piscina, onde havia sido montado um verdadeiro banquete para receber os convidados. Yasemin usava um modelito pretinho básico que delineava cada uma de suas curvas exibindo sua aparência longilínea de modelo. Timur havia lhe presenteado com aquela peça naquela mesma noite, ele riu orgulhoso da esposa. Ela estava simplesmente linda! Havia mantido os cabelos cacheados soltos e fez questão de não alisá-los. Usava brincos e um pingente de ouro branco para combinar. Adem que observava tudo de longe, engoliu seco quando a viu. Ela estava deslumbrante. Timur puxou a cadeira para a esposa e antes que ela se sentasse, colocou a mão em seus cabelos e puxou sua cabeça para perto de si tomando seus lábios enquanto pressionava-os com força contra sua boca, Yasemin não retribuía, apenas aceitava impassível. Adem virou o rosto, preferia não ver aquele espetáculo deprimente. Quando ele terminou, ela deu um sorriso bem seco para o marido e finalmente pôde se sentar. Naquele exato momento o carro de Kunduzi estacionou perto da folhagem ao lado da grande piscina. Adem e o restante dos seguranças estavam bem lá para recebê-lo. Por alguma razão, Kunduzi já não tinha a mesma expressão de medo que tinha antes, mas Adem prosseguiu encarando-o com raiva. Kunduzi se limitou a sorrir. Não era bem um sorriso de cortesia, mas sim de trunfo. Bekir apontou o pequeno caminho que levava até à mesa e Kunduzi seguiu sendo escoltado por seus dois guarda-costas.

Timur se ergueu prontamente ao ver que Kunduzi se aproximava, Yasemin permaneceu sentada, estava chateada demais para conseguir demonstrar qualquer tipo de entusiasmo com aquele jantar. Preferia estar fazendo qualquer outra coisa do que bancando a boa esposa para Timur, cruzou os braços na frente do corpo e viu que Kunduzi já despontava se exibindo. Timur olhou para a esposa que tentava passar despercebida:

____ Yasemin?

Ela levantou os olhos para ele como se precisasse entender o que ele queria, mas já sabia que não poderia cometer aquela desfeita com o convidado. Com má vontade, ergueu-se para receber "o bandido" Kunduzi, "o assassino" Kunduzi, o desgraçado que havia tentado lhe matar.

____ Bem vindo! - Timur sorria.

Ele sabia fingir bem, pensou Yasemin quando viu seu marido tão simpático.

Berna também fingia bem, julgou a amiga quando a viu abrir um sorriso de ponta a ponta.

Orzgu interviu fazendo questão de exibi-la:

____ Essa é minha esposa, sr. Edjer! - Estendeu a mão para ele: ____ Bem vindo!

____ Obrigado! - Kunduzi sorriu satisfeito. Olhou para Yasemin que engoliu seco querendo fugir de lá. Ele estendeu a mão para ela que o cumprimentou com certo receio, e assim que o fez, ele apertou com força querendo demonstrar o poder que exercia sobre ela. Yasemin puxou sua mão, torcendo para que Timur não tivesse reparado. Para seu alívio, Timur sugeriu que todos se sentassem, deixando claro que aquilo havia passado despercebido:

____ Vamos nos sentar?

Todos se sentaram. Adem não conseguia tirar os olhos de Yasemin. O nervoso da jovem era evidente, só faltava tremer. Ela buscou os olhos dele para sentir alguma segurança, mas Adem desviou o olhar prestando atenção no que Berna iria dizer para Kunduzi:

____ Então, sr. Edjer, não pude lhe agradecer antes, mas vou lhe agradecer agora. Foi uma doação muito generosa que deu para nossa Fundação. Não temos como agradecer o suficiente.

Kunduzi riu exageradamente:

____ Não foi nada. É mais que a minha obrigação ajudar mulheres que são vítimas da violência de seus maridos.

Yasemin revirou os olhos e novamente cruzou os braços na frente do corpo, buscou os olhos de Adem outra vez e agora conseguiu encontrá-los, só que ele tinha um olhar recriminatório no rosto. Na noite passada havia conseguido convencê-lo que estava buscando paz e por isso não iria mais lutar contra Timur, mas agora o olhar dele pesava dolorosamente em seu coração, engoliu o choro que teimava em vir. Desviou o olhar. Adem deixou o local novamente, não conseguia vê-la fingindo daquela forma. Era demais para ele. Yasemin parecia uma flor que havia murchado ao lado de Timur. Ele que já havia visto seu sorriso e seu semblante sereno durante a viagem para Zerida, ver a expressão que ela tinha agora era no mínimo angustiante. Yasemin virou-se para ver se ele a havia deixado lá, sozinha com aquelas pessoas, e a resposta era sim. Novamente se convenceu de que era melhor. Respirou fundo resignando-se.

Yeni Hayat Nova Vida Yasdem fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora