Prólogo

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Eles foram traídos. Ele deveria ter ouvido e confiado nos instintos de sua alma e não tê-lo trazido para seu território, não tê-lo confiado a segurança de sua casa. O vampiro rosnou diante da flecha a cravar-se em sua carne arrancando-a e lançando-a de volta a seu agressor, sorrindo com prazer perverso ao vê-lo tombar pela mesma flecha agora fincada no meio da testa do humano.

Uma rajada de balas o atingiu nas pernas fazendo-o tombar. Ele ergueu os olhos para encontrar uma parede sólida de músculos e pelo macio, protegendo-o dos ataques daqueles que ousaram violar seu santuário.

Ele desviou das chamas e das balas que voavam em sua direção com a precisão de um caçador experiente. Toda a residência encontrava-se mergulhada em gritos, grunhidos e rosnados, causados pelo ataque iniciado as primeiras horas da manhã, no momento em que sua luz encontrava-se mais vulnerável. Correndo pelos corredores, matando cada invasor que seus olhos e garras pudessem alcançar, ignorando seus próprios ferimentos que sangravam manchando seu pelo escuro.

O lobo viu o momento em que sua luz cedeu pelas balas que o atingiram nas pernas, postando-se em segundos a sua frente servindo de escudo entre eles e seu amado. Ele rosnou alto, fazendo-os recuar de medo, antes do som de palmas e riso preencherem o local.

- Zewun-Zun, Chifeng-Zun que honra encontrá-los novamente.

Lan Xichen olhou para o humano que um dia considerou um amigo, e suspirou levantando-se ignorando as balas em suas pernas que queimava como brasa ardente. Ele colocou-se ao lado de sua alma, tocando-a suavemente no pescoço tentando acalmá-lo e impedi-lo de pular no humano e destroça-lo.

- Meng Yao. – disse suavemente Lan Xichen. – Acha mesmo que seus planos vão conforme seus desejos? – perguntou o vampiro.

- Não vejo como vocês podem nos impedir. – respondeu sarcasticamente o outro. - Dado o fato do sol já ter surgido, mesmo que seus familiares lutem, é apenas uma questão de tempo até sucumbirem a nossas armas. Os únicos com que devo me preocupar no momento é vocês dois. Quando caírem todo o resto irá desmoronar. – disse rindo o humano.

- Talvez não devesse contar vitória antes do tempo sua raposa dissimulada. – rebateu uma voz fria e cortante.

Meng Yao ofegou diante do raio que transpassou seu corpo, paralisando-o, enquanto os gritos ao redor aumentavam, enquanto o homem coberto por uma capa longa caminhava em direção a sua luz e sua alma.

- Desculpe pela demora. – disse o homem esfregando a bochecha na massa de pelos, enquanto sua mão esquerda tocava a face pálida de sua outra metade.

O feiticeiro voltou-se para o humano pensativo. Sabia que precisava fazer algo para a segurança de sua luz e sua alma, como também sabia que isso iria ultrapassar os limites de seus poderes, ainda assim a segurança de ambos era sua prioridade, afinal não demoraria muito para que todos os bruxos e magos que prendera com feitiços conjurados às pressas se libertassem. Ele voltou o olhar para o humano diante de suas palavras, sorrindo cinicamente diante delas, como se algo como isso fosse capaz de detê-lo.

- Você é apenas um. – cuspiu Meng Yao com ódio. – Eu trouxe quatrocentos dos mais fortes e proficientes bruxos e magos comigo. – rosnou o humano.

- Hnf....Você acha mesmo que eu teria medo de algum deles? – perguntou com escárnio o feiticeiro. – Algum deles veio atendendo seu pedido, na primeira vez que o fez? – continuou o feiticeiro aproximando-se calmamente. – Eles sabem melhor do que você, o que significa me enfrentar, sabem que eu faria o impossível para proteger aqueles que me são mais caros. Não há nada que eu não sacrificaria para manter minha luz e minha alma seguras. – disse o feiticeiro com os olhos de um tom violeta escuro irradiando uma magia sinistra e perigosa.

O Vampiro, O Lobo e O FeiticeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora