#EPCPDAY - parte 2

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O BARULHO dos portões abrindo a fizeram se arrepiar, trazendo uma memoria antiga das detenções de La Foulie. Ela se livrou do pensamento e seguiu em frente, chegando até a sala onde a mulher se encontrava algemada na mesa. Ela sorriu, malvadamente, como se tivesse esperado por aquele momento por todos aqueles anos.

─ 10 anos... ─ a mulher começou, sendo interrompida pela outra revirando os olhos ─ Não faça essa cara pra mamãe, Any

Any Gabrielly Sylla, no auge de seus 27 anos, nunca imaginou estar na situação que se encontrava. Na prisão, visitando a mulher que havia feito sua vida um inferno por dois anos, sua mãe, e havia ido por conta própria.

─ O que quer? Não me enrole, eu sei que não estamos no meio de uma reunião familiar ─ Yonta foi direto ao ponto, se inclinando na cadeira

─ Você me deve essa conversa por 27 anos.

─ Eu não devo nada a você.

O tom na voz de Yonta era tão cheia de raiva que Any foi levada pelas memorias, e mais uma vez ela era apenas uma garota de 16 anos tentando se manter acordada enquanto sentia os choques queimando sua pele e assistia suas amigas já inconscientes serem colocadas em celas na solitária.

Aquilo não é real. Você não esta em La Foulie. Ela esta presa. Ela não pode te machucar. Todos estão bem. Você esta bem. Isso. Respira. Bom.

Any se trouxe de volta.

─ Por que fez aquilo? Com todos. Comigo.

Yonta e Any ficaram em um silencio amargo por alguns minutos. Yonta a encarou fundo como se olhasse sua alma.

─ Quando você nasceu eu achei que talvez algo bom poderia sair da minha vida. La Foulie nunca foi bom, era melhor do que você lidou, mas não era bom. Fuller estava começando a ficar louco, e ele tirou o meu bebe de mim logo depois de você nascer. Eu nunca te segurei. Você foi pro orfanato logo depois, e isso me deixou com raiva. Muita raiva. Eu arranjei trabalho no La Foulie logo depois, comecei a minha vingança, sussurrando monstruosidades no ouvido do Fuller, e ele aceitou um jeito de manifestar sua loucura, parecia ideal.

Quando você chegou ao La Foulie, meus problemas aumentaram. Sempre se metendo em confusão, sempre andando com gente pior que você, indo parar em La Foulie porque foi estupida o suficiente para ficar gravida de um ladrãozinho de banco. Honestamente, até descobrir que tínhamos uma relação de sangue o máximo que eu sentia por você era desgosto.

Any achava que tortura era melhor do que sentar e ouvir a verdade, e ela havia sido torturada, então isso dizia bastante. É claro, ela esperava que isso acontecesse, ela sabia que nada bom havia saído da boca daquela mulher. Mas depois de anos de terapia ela sempre soube que não poderia fechar esse capitulo de sua vida sem essa conversa, e 10 anos parecia tempo o suficiente.

─ O que é claro, não mudou depois que eu descobri a verdade, como algo que eu fiz poderia ter dado tão errado.

─ O incêndio deu errado...Você foi presa. ─ Any murmurou

─ Não. O incêndio ocorreu como deveria ter acorrido. O ponto final da minha vingança, a morte estava do meu lado da briga, e Fuller explodiu para apodrecer no inferno. Tudo como planejado.

Fuller não precisava explodir para viver no inferno. La Foulie já queimava como um.

─ Você matou dezenas que crianças inocentes por uma vingança pessoal. Isso era parte do seu plano? ─ Any sentiu seus pulmões fecharem ao perguntar, se deixando levar pela memoria de chegar à frente da escola.

Muito quente. Muito brilhante. Muito fogo.

Se lembrou de quando Heyoon saiu da escola, logo após um grande ruído do teto desabando, sendo puxada por Sina que estava tão abalada quanto ela. E das noticias que saíram em um sussurro de seus lábios, um nome foi suficiente para entenderem do que se tratava. Krystian se foi.

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