Boa Leitura 💕
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Atormentada
Permaneci mais um tempo sentada ao pé da janela, chorando. Quando minhas lágrimas de medo e desespero cessaram, já era por volta das 3:15 da manhã. Todo o sono que eu estava sentindo havia ido embora, restando apenas o cansaço de uma noite mal dormida, repleta de lágrimas e pensamentos auto-destrutivos.
Me levantei do chão, com meu corpo dolorido e os olhos ainda ardendo. Caminhei até a cozinha lentamente, acendendo todas as luzes no trajeto até o cômodo da casa. Desci as escadas, passando brevemente pela sala, indo até os armários brancos suspensos na parede à cima da pia escura. Com as luzes da sala, corredor dos quartos e cozinha acesas, peguei um saquinho com uma mistura das folhas e flores da camomila, pondo o mesmo sobre o balcão de mármore, que era acompanhado com três banquinhos acolchoados preto.
Busquei pela chaleira de inox vermelha, ligando a torneira e enchendo a mesma apenas o suficiente, levando-a até o fogo já ligado do fogão. Enquanto aguardava a água ferver — havia deixado o fogo no alto para tornar o processo mais rápido —, caminho até meu quarto novamente, a procura do meu celular. Ao abrir a porta do meu quarto, meu corpo arrepiou-se com o calafrio que o afligiu quando meus olhos automaticamente caíram sobre a janela do meu quarto. Mesmo sabendo que tudo aquilo havia sido apenas um sonho, era inevitável conter a sensação de alívio que tomou conta de mim, ao confirmar que a mesma, assim como todo o resto do quarto, permaneciam da mesma forma que eu havia deixado. A janela trancada e o quarto vazio e silencioso. Peguei meu celular — que antes eu havia deixado em cima da escrivaninha, junto aos amontoados de livros e cadernos — indo para a cozinha novamente. A chaleira já apitava, sinalizando que a água já estava quente o suficiente. Com as mãos um pouco trêmulas, pois ainda estava afetada pelo realístico pesadelo que tive o desgosto de experimentar à alguns minutos atrás.
Com a xícara branca de porcelana posta sobre o balcão da cozinha — já com o saquinho com camomila dentro —, despejo uma boa quantidade da água fervente no pequeno recipiente, vendo a fumaça quente e úmida subir. Enquanto esperava um tempo para que a camomila se misturasse com a água, sentei em um dos bancos e voltei a minha atenção para meu celular, vendo que haviam diversas mensagens e notificações nas minhas redes sociais.
Quando o chá já estava pronto, larguei o celular e acomodei a xícara entre minhas duas mãos. O cheiro da camomila por sí só já era um forte tranquilizante para mim. Tomando meu chá, permitir minha mente vagar para longe. Precisamente para uma tarde ensolarada em um pequeno parque. Aquela era a minha última memória feliz com meus pais, antes de várias séries de discussões cada vez piores ter início. Sinto meus olhos lagrimejarem, e mais uma vez naquela noite conturbada, dou permissão pra que as lágrimas desçam.
...
Na manhã seguinte eu estava apenas no automático. Sentia meu corpo por inteiro dolorido. Não conseguia concentrar-me na simples tarefa de cortar uma cebola. Além disso, eu tinha uma aparência horrível, deplorável, digna de pena. Meus cabelos estavam presos em um coque mal feito — a raiz com aparentes nós, devido não ter sido capaz de reunir ânimo o suficiente pela manhã para desembaraçar o mesmo. Entorno dos meus olhos, abaixo dos mesmos, haviam evidentes olheiras, denunciando a noite mal dormida que eu tivera. Meus olhos estavam pesados e com uma expressão morta. Não conseguia ter uma noite de sono decente desde que comecei a cursar Administração. Desde o início minha ansiedade havia atacado, e junto com ela as lembranças que eu tanto tento esquecer viam para minha desgraça.
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Paralisia do Sono
HorrorEspecial Hallowen 2020. Em uma paralisia do sonho, as pessoas tendem a enxergar seus maiores medos próximos à si, em seu quarto. Eles sentem seu corpo preso e indefeso, enquanto os demônios que o aterrorizam fazem o que bem entendem. Mas, de repente...