.danse macabre

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Friedrich Nietzsche uma vez disse que quando olhamos muito tempo o abismo, ele também olha para você.

Os olhos de Taehyung eram um abismo e Jeongguk estava mais do que satisfeito em mergulhar dentro dele, sequer piscando. Tinha medo de piscar e perder alguma coisa, um resmungo fantasmagórico ou um feixe de luz. Mesmo sabendo que isso não aconteceria, que Taehyung era escuro demais por dentro para deixar qualquer coisa significantemente brilhante escapar, Jeongguk não queria arriscar.

Aquelas pupilas eram o abismo do poço mais lindo que Jeongguk já vira; os cílios, a tábua que cobria a entrada; as sobrancelhas, a água da chuva que escorria delicadamente entre vãos finos e nada generosos. Sentia que poderia ficar ali para sempre, desvendando todas as pequenas pedras que montavam aquela larga circunferência curiosa. Era lindamente cativante. Não havia pressa em analisar cada detalhe, muito menos em afundar até não conseguir mais voltar.

Ele estava tomando uma taça de vinho na sala de estar. Estava sentado no enorme sofá de couro, girando a delicadamente o líquido vermelho dentro da taça de cristal e olhando para Jeongguk de volta, praticamente dizendo "olhe, olhe, olhe e nunca se canse, mas olhe até que se queime e precise desesperadamente que alguém corra ao seu encontro", e Jeongguk estava tão hipnotizado que ele certamente adoraria se queimar, adoraria ter a carne derretida entre as curvas de Taehyung, a pele assada em uma laranja-vivo dobrando nos vãos dos dedos dele. Era tentador, excitantemente tentador.

Jeongguk descruzou as pernas e cruzou-as novamente, agora com a esquerda por cima da direita. Taehyung observou seus movimentos, tomou um gole da taça de vinho e lambeu elegantemente os lábios róseos e brilhantes, a única coisa brilhante daquele rosto opaco e, mesmo assim, bonito; bonito de um jeito mórbido.

— É um bom vinho. — Ele disse, bebericando mais um pouco. — Tem um sabor tão...

— Libidinoso. — Jeongguk completou, fazendo Taehyung sorrir, um sorriso de canto esperto. — Esquenta o corpo de um jeito que vinhos comuns não conseguem fazer. É assim que você se sente, não é?

Taehyung arqueou uma sobrancelha.

— Está tentando me dizer que colocou alguma droga no vinho, Jeon? — Ele perguntou, soando muito presunçoso e, ao mesmo tempo, divertido. — É isso? Você quer que eu saiba?

Jeongguk gargalhou baixinho, tomando um gole generoso do uísque que tanto gostava, um cigarro já queimando na beirada de seus dedos. Cutucou a bochecha com os dedos livres, sentindo o cheiro característico da fumaça e da nicotina, o nariz habituado a ele quase não franzindo mais.

— Talvez — respondeu. — Talvez você esteja sendo envenenado agora, não drogado. Droga é uma coisa meio ultrapassada, não acha?

— Você tem um senso de humor muito sombrio, Jeon. — Taehyung gargalhou também, e o som era quase divino, fez Jeongguk se concentrar ao máximo para não suspirar em deleite. — Então talvez eu caia no seu tapete em alguns minutos. Pela impressão inicial que tive de você, acho que não se daria ao trabalho de limpar a bagunça. Chamaria alguma empresa privada e secreta, daquelas que não se importam em esfregar sangue seco e vômito preto. Estou certo?

Lítio | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora