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Pois bem, chegueiQuero ficar bem à vontadeNa verdade eu sou assimDescobridor dos sete maresNavegar eu quero

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Pois bem, cheguei
Quero ficar bem à vontade
Na verdade eu sou assim
Descobridor dos sete mares
Navegar eu quero

O Descobridor Dos Sete Mares | Tim Maia

Assim que acordei, percebi que estavam em um quarto estranho

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Assim que acordei, percebi que estavam em um quarto estranho. Meu corpo estava dolorido, minha garganta seca, e eu pedia para dormir mais um pouco, teria feito isso se reconhecesse onde eu estava.

O meu primeiro pensamento foi se eu tivesse sido sequestrada, mas era impossível, já que eu tranquei a casa inteira, ou pelo menos eu acho que fiz isso...

Meus pensamentos foram interrompidos pelo despertador que estava tocando com uma música diferente, não lembrava de tê-la em minhas playlist's. O Descobridor Dos Sete Mares de Tim Maia tocava em um rádio ao meu lado, me fazendo realmente duvidar de muita coisa.

A luz do sol que adentrava a janela do quarto era forte, cerrei os olhos com tamanha claridade, e esperei que me acostumasse para abri-los por completo, e finalmente pude observar melhor o lugar.

Tudo indicava o início de um novo dia, será que era seis de maio mesmo? Ou eu dormi por tanto tempo, que avancei vários anos?

Ao olhar melhor em volta, desconsiderei essa hipótese e comecei a perceber algumas coisas estranhas.

O quarto em que eu estava era recheado de pôsteres do Jorge Ben Jor, o próprio Tim Maia, Caetano Veloso, Legião Urbana, e muitos outros cantores dos anos oitenta rodeavam a parede, estilo de música que eu nem se quer gostava.

A parede que acabei de olhar, tinha um tom de amarelo claro, quase branco, estava cheia de mofo e poeria. Parecia que ninguém vinha aqui há um tempo, nada remetia à atualidade.

O guarda-roupa e cama eram antigos, em cima da cabeceira tinha uma fita cassete sem nome, ou sem nada na frente.

Ao ver roupas espalhadas no chão, vi que não eram minhas. Eram em tons de rosa, azul e laranja, tinham tênis all star no canto, perto de uma escrivaninha marrom, que tinha uma madeira velha, e estava caindo aos pedaços.

Parei de prestar atenção assim que comecei a ouvir um barulho peculiar, me parecia muito com o mar. Era audível de onde eu estava, mas como eu moro em cidade grande, não era possível que eu esteja em um litoral, ou era?

Crianças gritavam do lado de fora, o sotaque não me era familiar, apesar de não conhecer muitas pessoas de fora da minha cidade, eu parecia já ter escutado algo parecido, mas não me lembrava com clareza.

Eu já sabia que não estava em minha casa, mas afinal, que lugar é esse que não me remete à nenhum outro que já estive?

Tudo começou a ficar mais estranho ainda, nada fazia sentido. Eu dormi em minha cama, e acordei em uma casa de praia. Estava em um quarto, que, definitivamente, não é o meu.

Deitei na cama e me forcei a voltar a dormir, fechei os olhos com força, mas não consegui, não é um sonho, e nada parecia resolver a situação em que estou agora.

Resolvi me levantar, e o barulho do piso de madeira rangendo tomou conta do ambiente, tirando meu foco de qualquer outra coisa. Quanto mais eu andava, mais barulho ele fazia.

Eu precisava encarar a realidade, e descobrir onde eu estava antes de pensar em fazer algo, então saí da casa para tentar ver algo.

Ao sair, avistei casas em cores diferentes das que eu estava acostumada à ver. As crianças que escutei gritando, estavam brincavam de futebol na rua, e corriam de um lado para o outro, sem se preocupar se alguém iria passar.

Tinham carros antigos por alí, e a praia que eu tinha escutado o barulho das ondas quebrando, era logo à frente, e não estava com muitas pessoas, deveria ser cedo.

Eles pareciam felizes, e eu sorri imaginando que eu teria aproveitado muito mais se tivesse a oportunidade de sair nas ruas assim, sem ter medo de que algo acontecesse.

Voltei a realidade, e lembrei que aqui não é o meu lar, e eu preciso voltar. Mais para frente, avistei um moço, que aparentava ser de idade, então fui pedir informações à ele, quem sabe pudesse me ajudar de alguma forma.

— Pois não, poderia me ajuda com algo? — Ele me olhou e acenou em concordância. — Queria saber onde estamos.

— Ué, minha senhora. Estamos em Salvador. — Seu sotaque era carregado, e o mesmo me olhava com o semblante confuso.

— Salvador, tipo, na Bahia? — Ele me olhou de forma engraçada, como se não acreditasse no que eu estava dizendo.

— Sim, oxe. Aqui é Bahia, moça. Acha que estamos onde? — A cara dele ficava cada vez mais confusa, ele não estava entendendo nada, assim como eu.

— Eu moro em São Paulo moço, não é possível. — Eu dei uma risada curta, querendo acreditar que tudo aquilo não passava de uma brincadeira.

— Larga de ser abestalhada, que mané São Paulo. Tá vendo a praia? Alí, oh. —Apontou em direção ao grande mar que tinha logo à frente. — É Salvador, senhora. — Ele me olhou como se eu fosse louca, e sua voz era tão gostosa de escutar, típico da Bahia.

— Não é possível... Eu estava em casa, e parei aqui do nada. Em que ano estamos?

— Mil oitocentos e noventa e seis. A senhora tá com alguma graça comigo, não né? Eu tenho mais o que fazer. — Ele estava se irritando, mas eu realmente não fazia ideia de onde estava.

— Eu juro por tudo que não, deve ser um sonho, vou voltar pra dormir de novo, obrigada. — Dei um sorriso amarelo, e ele olhou em direção à casa.

— A senhora tá hospedada aí, é? Faz anos que ninguém vai lá, não tem ninguém morando, tem certeza? — Desta vez ele me olhou preocupado.

— Acho que sim... — Eu queria saber onde tinha me envolvido, estava encrencada dos pés à cabeça.

 — Eu queria saber onde tinha me envolvido, estava encrencada dos pés à cabeça

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