Crescendo

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"Então, Mike Harding, hã?"

"Do que está falando?"

"Não finja. Todo mundo ouviu vocês. Na próxima vez, leve o garoto para casa. Ou onde quer que se faça esse tipo de coisa hoje em dia"

"Ah, isso. Harry chega amanhã à noite e Mike é... grudento demais, entende?"

"Não, mas faço um esforço. Falando em Harry, ele não tem mandado notícias, estou certo?"

"É por esse tipo de coisa que as pessoas te chamam de paranoico, Moody", Sirius revirou os olhos. "As cartas chegam com menos frequência, mas o que você tem a ver com corujas escolares?"

"Nada", Olho-Tonto tomou um gole de whisky. "Talvez seu garoto não tenha coisas interessantes para contar. Pelo menos, não coisas que ele saiba que te interessam.

"Chega de enigmas. O que quer dizer?"

O homem não respondeu, apenas continuou bebendo em silêncio. O pub tinha acabado de abrir. Eles não gostavam de lugares cheios, atraíam atenção demais.

Beber com Olho-Tonto era bom para Sirius, mas não era o mesmo que beber com seus amigos. Você nem sempre terá o que quer, então contente-se com o que receber. Era o que Euphemia costumava dizer.

Harry estaria em casa nas férias de Páscoa. Por sorte, apenas os aurores mais velhos trabalhariam no feriado. Os demais poderiam ficar em casa em vez de servir.

As artes das trevas recuaram na última década, Sirius passava os turnos indo e voltando do Beco Diagonal, em batidas de contrabando. Montes de papelada por causa de Mundungo e suas bugigangas. Era divertido vê-lo tentando comprar aurores com xerez barato ou coisas parecidas.

"Vamos lá, Black. Tenho um lote bom de cerveja trouxa, sei que gostará. É só deixar essa passar, e entrego a caixa, fechada. Que tal?"

Quando estava de bom humor, Sirius respondia com uma gracinha. Se não, só trancava a cela e arrastava os pés até a mesa, onde os protocolos o aguardavam. De vez em quando, considerava aceitar o suborno, como compensação pela tortura. Escolheu tornar-se auror pela adrenalina constante e refazia a escolha todos os dias, mas gente da laia de Mundungo testava sua força de vontade.

Fleamont tinha razão. O tempo curou-lhe as feridas. Agora que não precisava ser pai 24 horas por dia e tinha um trabalho no qual se concentrar, pensar nele doía menos – isso quando pensava. Ainda comprava Mata-cão de Snape mensalmente, um paliativo para a consciência.

Os dois primeiros anos de Harry na escola foram perfeitamente tranquilos. Ele era o apanhador mais jovem do século e sua melhor amiga era Hermione, detentora orgulhosa de notas invejáveis. Sirius jurava que estava tudo bem.

Eles se adaptaram à Londres – não era muito diferente do interior da França; exceto o idioma, e ele agradecia por isso –, Harry fez amigos na escola nova, e conseguiu manter contato com os meninos de Rennes.

Olho-Tonto não era bobo, sabia de algo. E queria Sirius em seu joguinho. Usaria insinuações até o outro enlouquecer e implorar pela informação, mas não cederia. Se Harry soubesse de algo, contaria. Era assim desde que o menino usava fraldas. Simplesmente não conseguia não compartilhar uma informação importante ou interessante. Talvez escrevesse uma ou duas linhas – totalmente desinteressadas, é claro –, apenas para ter certeza.

Que milagre e vergonha. Olho-Tonto entrou na sua mente em menos de uma hora. Ele não precisa saber, pensou, arrematando o conhaque. Abandonou o copo no balcão ao lado de uns trocados. O ministério era complacente com a bebedeira de Moody, graças a seus feitos durante a guerra, mas ninguém mais gozava de tal privilégio, eles diziam que era pela imagem do governo. Ninguém precisava ver aurores roncando na porta do Três Vassouras estampados na capa do Profeta Diário.

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⏰ Última atualização: Nov 03, 2020 ⏰

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Moony, I kidnapped HarryOnde histórias criam vida. Descubra agora