EXPLICAÇÕES

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      A cidade pacata de Monte Carlos já começava a dar sinais de vida, o comerciantes abriam as portas de suas lojas e as crianças seguiam para a escola.

     Não demorou muito para que os jovens festeiros fossem avistados, eles vinham pela avenida central completamente exautos. Todos na rua pararam para ver o que era aquilo. O sinal de fumaça que se erguera em cima de um monte também já era notavel.

       "O que aconteceu?", "Vocês estão bem?", "O que significa isso?". Era o que as pessoas  perguntavam, conforme eles caminhavam quietos pelas ruas.

       Leonardo, pai de Ruy, tinha uma padaria no centro da cidade. Logo que viu seu filho daquele jeito, sujo e caminhando apoiado no amigo, correu ao seu encontro.

     — O que houve com você filho? Por quê está todo sujo? Você se machucou? — perguntou.

   Os jovens param, enquanto uns se sentam nas calçadas, Ruy, Leon, Tainara e seu irmão Tom,,juntamente de Michele e Taís, vão para dentro da padaria de Leonardo.

      — Pois então meu filho, me diga de uma vez. O que significa isso? — Pergunta Leonardo.

       — Nossa festa literalmente pegou fogo, pai!

     Os outros jovens riem da cara de seu Leornado.

      — Você tá me dizendo que colocaram fogo na casa dos Andrade? É isso? — Leonardo o encara confuso.

     — Nós não colocamos fogo em nada, alguma coisa aconteceu e houve o incêndio, nós não somos os culpados! — Leon o interrompe.

        — Alguém pelo menos os avisou, chamaram o bombeiro ou a polícia?

      — Não Pai, a gente veio direto pra cá, a Júlia estava bebada e ficou presa na casa, a galera vai levar ela pro Vita — disse Ruy, lavando o rosto na pequena pia do balcão.

      Vita é o pequeno hospital, onde Ruy trabalha como técnico de enfermagem. Júlia também trabalha lá, e àquela altura, já devia ter dado entrada para ser atendida. Mas voltemos a padaria, onde o clima estava começando a ficar pesado...

      — Vocês não idéia da dimensão do problema em que se meteram. O casal está viajando, aquela casa deve valer uns 200 mil reais, se não tiverem seguro vocês estarão ferrados — Leornado lhes deu uma bronca.

    — Não se preocupe Tio, eu sei, eles tem seguro. E o mais dificil vai ser explicar o por quê demos uma festa sem eles saberem. Ninguém foi de carro, nem nada, o único dano foi a casa - disse Tom, vizinho e amigo da familia de Ruy.

      A cidade toda já estava sabendo do ocorrido, a policia e os bombeiros também. E é claro, eles queriam explicações. Aos poucos os jovens regressavam para suas casas, na mansão de Leon, seu pai Roberto tentava abafar o caso. Um homem rico e de grandes negócios não gostaria de manchar a reputação de sua família. Na fazenda onde Taís morava com a tia e a irmã, elas gargalhavam com os relatos e pareciam adorar a situação em que a cidade estava, todos aqueles burburinhos faziam a alegria delas. Na casa de Tom e Tainara, sua velha mãe deu-lhes um belo sermão e também carinho, afinal seus filhos poderiam ter morrido. Com também Michele não foi diferente, seus pais religiosos vieram lhe atacando com toda aquela ladainha dos bons costumes.

      Mas na casa de Ruy era um inferno, a madastra Carmen fez questão de gritar pela casa, o quanto ele era problematico. Somado à isso, seu pai acabou brigando com ela, resultando numa gritaria sem fim. Ruy só queria dormir para sonhar com seu amado Leon.

       Não seria preciso, por volta do meio dia o celular de Ruy toca, é Leon quem o telefona. Ruy o atende.

       —  Leon! Aconteceu alguma coisa? — Pergunta curioso.

      — Sim... aconteceu com você — Diz Leon, com uma vozinha retraída.

       —  Não, não aconteceu nada cara, estou sussa... — Ruy ficou com os batimentos acelerado.

      — Ruy, algo de muito errado está acontecendo e eu acho que é por sua causa. Quando estavamos voltando, percebi o jeito como se apoiava em mim, também senti uma estranha sensação. Ainda agora sonhei com nós dois — Relatou Leon.

     
      — Você sonhou... e o que sonhou? — Ruy pergunta confusa.

      — Foi tão avassalador, estou me sentindo diferente. Nós transamos em meus sonhos — A ligação ficou muda, não por problemas técnicos, mas sim porque a fala dos dois travou.

    Ruy se excita na mesma hora, e com receio volta a falar no telefone.

      — Não sei o que te dizer, se quiser podemos nos ver e conversar...

      — Creio que não será necessário, estou esperando Lizandra aqui em casa, desculpe! Mas caso exista algo que queira me contar, esse pode ser o momento certo, você sabe que sempre te apoiarei como amigo.

   Desapontado com o rumo da conversa, Ruy reprime tudo outra vez.

       — Não cara, não tem nada, pode ficar tranquilo. Vá se arrumar pra ver sua namoradinha, eu vou ficar de boa — Responde Ruy, se Leon pudesse ver a cara que ele fez, certamente brigariam.

     — Você é quem sabe, nos falamos depois! — Leon se despede.

     Ao desligar o telefone, parecia que a fumaça negra do incêndio voltava outra vez, para dentro de seu quarto, dessa vez em forma de tristeza. Agora Ruy já imaginava que Leon nunca iria retribuir seu amor, quem sabe até sentir nojo dele, e isso poderia afastar os dois definitivamente.

      Enquanto Leon e Lizandra se acertavam de uma vez por todas. A policia colhia depoimentos pela cidade o dia todo. Primeiro foram os filhos do dono da casa, depois mais alguns rapazes, depois Tom e Tainara, Taís, Michele, Marina; e por fim Ruy, que ao se livrar das garras da policia, seguiu para o hospital Vita, onde trabalhava e onde visitaria sua amiga Júlia.

    Já vestido todo de branco, uniformisado para o plantão de 12 horas e exausto, Ruy entra no quarto de Júlia e ela o recebe sorrindo.

     — Meu Herói! — Diz ela

    Ruy a abraça, os dois conversam sobre o ocorrido e o quanto estão felizes por tudo ter acabado bem. Lá fora uma chuva começava a cair, lavando a cidade e a mancha que o incêndio deixara. No coração de Ruy tinha mais gotas caindo do que a chuva lá fora, ele gostaria de bota-las pra fora,  pelos olhos, mas ele era forte como uma muralha e não fraquejava. Tudo que ele queria era focar no     trabalho, assim poderia esquecer tudo lá fora.

       Agora ele seguia por 12 horas, trancado, porém livre, apenas esperando o amanhecer...

Eu serei o seu Rival (Trama Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora