FIND MYSELF

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Saí de casa às 15:15 até que não morávamos muito longe.

- tchau, mãe. Estou indo na casa da Alícia fazer um trabalho da escola. - gritei enquanto saía pela porta.

- tudo bem, só não chegue muito tarde. - gritou em resposta da cozinha.

O Uber chegou.

Era um bom dia para caminhar, mas minha preguiça não deixava e a pressa de chegar era maior.
Não tínhamos muito tempo para fazer o trabalho, e Alícia disse que só podíamos ficar até às 19hs, nada de festa do pijama, pelo visto.

Eu entendia que eu e Alicia não éramos próximas, a não ser pelas brigas diárias, mas tentava entender o que tão de errado ou oculto havia em sua casa.

Pensando bem da nossa sala ela era a que menos sabíamos sobre sua família, sempre foi muito reservada, apesar de ser muito escandalosa.

Não diria que odiava Alícia, apenas não tínhamos gostos em comum, a não ser ter raiva uma da outra.
Nunca entendi como isso começou direito, foi um relacionamento que simplesmente quando vemos já era assim, não tinha um porquê.
Enquanto eu estava no Uber esses pensamentos rondavam minha cabeça e eu nem percebi que a primavera chegara, estava um bom clima e as ruas estavam todas floridas por cerejeiras e as folhas das árvores caiam sobre as vielas, era lindo, magnífico, a primavera indicava que minha estação preferida vinha depois, isso me animava, significava férias.

- chegamos. - disse o moço do Uber.

- ah certo, obrigada. Tenha um bom dia! Obrigada pela corrida.- disse sorrindo amarelo.

Nunca entendo porque sempre faço isso, passo a corrida inteira em silêncio e na hora de ir embora eu simplesmente quero repor todo o papo que não consegui durante o trajeto.

Quinta feira 15:25
Alicia's house

*Ding Dong*
"Nossa que demora para abrir uma porta", pensei enquanto olhava o relógio freneticamente.

A porta abriu.

- Oi Ame, boa tarde.

- ai, até que enfim - disse adentrando a casa.

A casa de Alícia era linda, estávamos em um corredor que ligava a sala e a cozinha.
A cozinha era linda com móveis planejados, uma geladeira que apesar de fechada, pelo tamanho das portas parecia mais um outro cômodo da casa, havia uma bancada de mármore preta, os tons da cozinha eram cinza, preto e branco.
A pia devia ser mais cara que minha cama, era notável.
Eu sabia que Alícia vivia bem mas não TÃO bem.

- Desculpe a demora, eu estava finalizando um lanche que a minha mãe preparou para nós. - disse Alícia tirando me dos meus devaneios.

- ah sim, certo. Por que você tá falando assim? - disse sem entender nada sussurrando próximo de Alicia.

- Assim como? - respondeu Alicia

- Assim, tão educada, essa não é você.

- Olá, então você deve ser a Ame. Prazer meu nome é Camille Martin, sou mãe da Berenice. - disse a mulher adentrando a porta, aparentava ter 1.68, cabelos loiros e longos, olhos azuis, em um terno feito sob medida preto em cima de seu salto fino, aparentemente muito caro.

- olá, sou Ame, prazer. A propósito, quem é Berenice?

- Ah, me desculpe, é a Alícia, em casa só a chamamos de Berenice, seu segundo nome. - respondeu Camille.