Corri o máximo que pude, até avistar os prédios da cidade, só precisava saber meu caminho de volta. Observo cada passo meu, uma sombra diferente seria motivo para atacar. Subo meu olhar até minha casa, a mais sofisticada do quarteirão. As janelas estavam abertas, suponho que a porta também.
- Pai - Onde você estava? — Me assusto ao fechar a porta e meu pai estar sentado na poltrona, sempre reclamei desse estofado de frente para porta. Então pensei que fosse para quando ele chegasse tarde, minha mãe descobriria facilmente suas traições.
- Akira - Tem tempo para me escutar?
- Pai - Por que você ficou a noite toda fora de casa? — Ele me encara. — Akira, responda!
- Akira - Eu precisava esfriar a cabeça. — Levanto a camisa para mostrar as bandagens. — Não sei o que aconteceu, desmaiei e um estranho fez isso.
- Pai - Garoto, acha mesmo que eu vou acreditar nisso? — Ele levanta de braços cruzados. — É a sua cara estar se prostituindo por aí, eu sinto o cheiro de álcool. — Me surpreendo com suas palavras.
- Akira - Pai, eu fui praticamente sequestrado! — Me viro para observar o caos que estava a casa.
- Pai - Não vou cair nos seus papos furados. — Sua mão agarra meu braço, tão forte que posso sentir suas unhas. — Volte para o seu quarto, e não saia de lá!
- Akira - Não, você não pode! — Grito enquanto ele me força a subir. — Pai, por favor!
As lágrimas caiam involuntariamente, deixando um rastro molhado no piso sofisticadamente aveludado. Sou jogado no chão de meu quarto, agora parece uma prisão, totalmente revirado. Sinto minhas bandagens molharem, provavelmente algum sangramento.
- Pai - Vai ficar aí até aprender. — Antes mesmo de poder me recompor, ele fecha a porta e escuto a tranca.
Como diz o ditado: se a vida te deu um limão, faça uma limonada. Apenas sentei-me em minha cama, e finalmente observei o estrago que, provavelmente ele, havia feito com meu quarto. Todos os cantos revirados, me sinto ameaçado. Meu lobo pede incansavelmente para eu sair, fugir, segurar as pontas com um emprego fajuta. Preciso encarar a realidade, não há ninguém em quem possa confiar. Nem mesmo tenho amigos, que dirá um namorado.
Procuro o kit de primeiros socorros, preparei meu quarto para ser isso. Meu refúgio após espancamento. Cada bandagem carrega minha dor, meu sangue. Grito cada vez mais alto, provavelmente irá infeccionar. Queria poder ter a ajuda de uma mãe agora.
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Estava encolhido em minha cama, tentando ignorar o som insistente do relógio. A noite parece longa e interminável, mas a escuridão do quarto parece me acolher. A paz é momentânea e ilusória. Cada tique-taque era uma batida, alguma coisa pregava meu coração, minhas esperanças. A janela, antes brilhava, agora é uma ferida onde o vento leva as cortinas.
De repente, um ruído tirou-me dos devaneios. Senti meu coração pular boca quando o vi ali, sua silhueta é praticamente impossível de não ser reconhecida. Com certeza um lobo da lua, pelos negros, olhos vermelhos brilhantes. Matteo me encarava hipnotizado. Ele parecia não saber o que estava fazendo ali, então não disse nada. Até lembrar de seu jeito, frio, calculista.
Um alfa.
- Akira - Vá embora. — Arranquei coragem de onde não tinha para quebrar o clima, tempo suficiente para acender o abajur. —
- Matteo - É assim que você me agradece? — O observo sentar em minha janela. — Estava com saudades.
- Akira - O que você quer? — Minhas palavras agora são gaguejos. — Já não basta ter me seguido.
- Matteo - Ômegas, sempre sensíveis. — Cada passo para frente que ele dá, são três meus para trás. — Mas você é inteligente. Astuto.
- Akira - Não toque em mim, ou eu grito.
Minhas palavras foram em vão, seu polegar acariciou minha bochecha. Fechei os olhos enquanto o medo me paralisa. Quis gritar, correr, ataca-lo.
- Matteo - Não estou te subestimando, Akira. — Ainda de olhos fechados, consigo sentir sua respiração indicando um sorriso. — Mas o que faria agora?
A cada movimento seu, eu me encolhia mais, desejando desaparecer. Parecia estar me estudando. Quando o prensei na parede de sua casa, tive a mesma sensação. Estava sozinho, ferido, com medo. Abro meus olhos e encaro os seus, parecia um anjo. Com garras afiados.
- Matteo - Pare de chorar. — Ele limpa algumas lágrimas que insistiram cair.
- Akira - Vá embora. — Pedi como um sussurro.
- Matteo - Akira, pare de chorar e cala a porra da boca! — Me assusto com seu grito, dessa vez parecia que suas garras entrariam em meu olho enquanto limpava cada lágrima.
- Pai - Akira. — Meu pai bate na porta, mas não a abre. Rapidamente tapei a boca de Matteo, até mesmo a respiração. — Desliga essa porra desse filme e vai dormir, tá fazendo muito barulho!
Quando ele finalmente foi embora, parei de tapar a boca de Matteo. Que irônico, seu toque é tão frio mas sua respiração é quente, tão quente que senti ferver minha pele. Ele encarou minha pele vermelha, fisgado, hipnotizado. Mas voltou seus olhares até mim. Percebi a tensão, estávamos próximos demais. Ele me prensa contra a parede, desejando estar perto.
- Matteo - O que fez depois que fugiu? — Sua voz saiu rouca.
- Akira - Olhe onde estou. — Indaguei. — Para onde eu iria?
- Matteo - Eu perguntei o que você fez. — Sua mão direita apertou meu rosto, sempre está me analisando. — Por que está aqui?
- Akira - Castigo. — Ele ri ironicamente e eu reviro os olhos. — O que você quer, Matteo?
- Matteo - Vem cá, você tem quantos anos? — Sua risada é cada vez mais alta. — 10?
- Akira - Shii! — Aceno para ele fazer silêncio. — Tenho 20.
Senti meu rosto arder de vergonha, logo após dizer dizer minha idade. Dessa vez ele ficou sério, surpreso. Sua pele estava quente, que contradição... Extraordinária. Sua boca se aproximou, virei o rosto em negação, mas ele apenas tentou me cheira. Sua expressão é confusa.
- Matteo - Tem amigos? — Assenti, mesmo não tendo. — Preciso que isso fique em sigilo. — Finalmente ele se afasta, agora se direciona a janela. — Não posso negar, você é bem interessante. — Consigo ver seu canino, tentador. — Mas não posso.
- Akira - Você pretende voltar? — Pergunto inocente enquanto ele sobe na janela. — Não pode vir aqui.
- Matteo - Está achando que sou o que seu? — Ele sorri debochando. — Talvez eu voltarei.
O observo pular da janela, seu lobo se perde na escuridão, nem a lua consegue iluminá-lo. A partir de hoje, essa janela estará trancada. Não posso deixar que ele entre novamente, a tensão é tanta, mas o medo me consome. Ele me caçou, não posso permitir isso.
Não posso.
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DOMINANDO UM ALFA - Y A O I [ REVISÃO ]
Ficción históricaAkira, um ômega lúpus, vive sob o rigoroso controle de seus pais, que ainda ditam sua vida mesmo após ter atingido a maioridade. Cansado de ser tratado como uma marionete nas mãos deles, ele decide buscar sua independência em segredo. Para escapar d...