Capítulo 3

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O intervalo havia chegado e por sorte Liam não havia feito nada comigo ainda, eu estava sentado com meu amigo Logan, que para falar a verdade, não estava sendo tão amigo assim.

A hora do intervalo passou rápido como sempre e quando o sino tocou eu voltei para a sala com Logan. Entrei na sala e sentei no meu lugar, Logan se sentou na minha frente agora, até antes do intervalo ele estava do outro lado da sala, não sei por que mudou de lugar agora, mas tudo bem.

- Sinto tua falta - as palavras saltaram da minha boca para Logan e eu me assustei botando a mão sobre ela rapidamente.

Logan virou-se para mim e me analisou, continuou durante alguns segundos até que enfim abriu sua boca para falar. Eu não queria ouvir uma sequer palavra, eu fui totalmente idiota ao dizer aquilo.

- Perdão, eu ando meio ocupado - ele disse e sorriu meio forçado. Mentiroso. -, eu não queria me fazer ausente.

- Pelo jeito, você anda bem ocupado - esbravejei e pude ver ele recuar - esta bem afastado de mim, e eu sinto como se o único amigo que eu tenho estivesse me evitando.

- Jake, olha, não era o que eu queria - ele disse passando a mão sobre seus cabelo como se estivesse exausto emocionalmente -, é só que... está sendo meio complicado para mim.

- Se não é o que queria, porque me abandonou? Você costumava ir em casa quase todos os dias, e agora não aparece nem na rua - eu disse com os olhos marejados -, me faça entender, porque está doendo, e não é fácil. Você é meu melhor amigo.

- Jake, nós somos amigos ainda, mas você tem que começar a se acostumar. Pessoas crescem e tomam caminhos diferentes, eu não creio que nós iremos nos ver tanto ano que vem, você sabe que eu vou para a Washington e acredite, está sendo um tanto difícil para mim também.

Não consegui segurar e algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto, mas me contive quando vi que Liam estava entrando. Ele passou por mim e bateu o braço em meu ombro com certa força. Olhei para ele e ele riu, fechei os olhos enquanto a raiva me tomava e apenas sai da sala e fui para o banheiro.

Tudo o que eu via era meu reflexo, como se não existisse nada atrás de mim, eu estava perturbado e meus olhos estavam totalmente vermelhos. Dizem que quando a dor e o ódio nos tomam, despertam o que há de pior em nós, e eu realmente tinha medo do que eu poderia fazer, então eu respirei fundo e contei até dez.

Liam apareceu atrás de mim sorrindo sarcástico e eu revirei os olhos. Não queria vê-lo.

- Veio todo arrumado assim para comemorar o meu aniversário? - ele disse e gargalhou - vai me dar um presentinho?

Quando olhei para a mão dele ele estava acariciando o pênis por cima da calça. Meu corpo ferveu, uma corrente de raiva passava em minhas veias, eu queria me controlar mas eu não podia deixar isso continuar.

- Olha, eu até poderia dizer que sim, mas eu não sabia que era seu aniversário! Desculpa, mas não costumo guardar datas imprestáveis. Para falar a verdade eu não costumo nem procurar saber delas - eu disse e sorri -, ah! E sobre seu presentinho, não coloco minha boca em qualquer lugar, nunca se sabe por onde passou essa merda que você chama de pau.

- Não tente me ofender, Jacob! Você não sabe com quem está mexendo - ele disse cerrando os punhos.

- Sério? Liam James Payne vai me bater mais uma vez - eu disse e gargalhei - acho melhor você procurar algo novo, isso de agressões e ofensas está ficando tão entediante quanto você!

- Cala a boca, seu merda! Ou então eu...

- Ou então o quê? Você vai me dar um soco? Isso não é muito diferente de ser empurrado contra um armário, Liam. Está na hora de você começar a parar de ser tão baixo e asqueroso - eu disse e ele arregalou os olhos - você pode dizer o que quiser de mim, eu não vou mudar quem eu sou! Você passa tanto tempo tentando me humilhar, mas na realidade você é um fraco que se esconde atrás de uma postura da qual nem você mesmo sabe qual é! Se esconde dentro de uma camiseta de basquete para ter amigos e ser popular. Você está começando a perceber quem é o merda de tudo isso? É você, que não consegue ser quem realmente é, que acha que ofender os mais fracos te torna mais forte, que se diz o chefe dessa merda toda, mas aposto que não sabe fazer uma simples conta de multiplicação. Sabe, Liam? Eu até poderia rir de você, mas eu sinto pena, muita pena.

Ele não disse nada, me empurrou contra a parede e saiu do banheiro correndo. Meu ombro doía e eu me sentia um monstro por ter dito tudo o que disse para Liam, mas meu ombro estava doendo, então não importava. Não totalmente.

Antes de entrar para a sala, saí da escola e atravessei a rua para ir em uma mercearia que tinha ali na frente. Comprei uma Coca-Cola e um cartão de aniversário. Eu sei que não deveria, mas eu estava me sentindo mal por tudo aquilo. Voltei para a sala e sentei no meu lugar, virei para trás e coloquei o cartão na mesa de Liam que logo pegou o mesmo e riu.

- Um cartão? É assim que você pede perdão? - ele riu mais ainda.

- Não estou pedindo perdão... Enfim, eu nem deveria ter te dado esse cartão, você deve ter recebido muitos deles, não é Liam? Quantos você recebeu? - eu disse em um tom rude e ele abaixou a cabeça e não respondeu nada - ah, nenhum! Como eu imaginava. Aliás, não precisa agradecer pelo cartão, fico muito feliz que tenha gostado.

Revirei os olhos e virei para frente. As outras aulas passaram num piscar de olhos e quando me dei conta eu já estava a caminho de casa. Eu virei para o lado para atravessar a rua e Liam parou o carro bem na minha frente. Isso não pode estar acontecendo. Agora ele vai querer me bater no meio da rua por eu ter sido rude? Ele estacionou o carro e andou para perto de mim.

- Bem... Eu... Queria agradecer pelo cartão - ele disse rápido, praticamente atropelou as próprias palavras para não ter que dizê-las.

- Não foi nada, já disse que fico feliz que tenha gostado - gargalhei.

- Bem, de qualquer forma... Eu queria saber se você tem um minuto - ele disse e colocou a mão no meu ombro.

Quando a mão dele tocou o meu ombro eu me contrai de dor e suspirei. Liam arregalou os olhos.

- Perdão, é que meu ombro está doendo um pouco. - eu disse sorrindo forçado.

- Quem fez isso com você? Está doendo muito? - ele perguntou. Parecia preocupado e furioso.

- Não... Não foi ninguém.

- Diz logo, Jacob! Você não cansa de ser chato? - ele gritou.

- Sabe quando você me empurrou contra a parede? - eu perguntei e pude ver toda a sua raiva se tornar um mar de tristeza.

- Eu... Eu... - ele gaguejou, virou de costas e correu para o seu carro.

Eu não sabia o que sentir, odeio ver as pessoas tristes. Mesmo que ela seja a pessoa que te humilha todos os dias. Atravessei a rua e quando pisei na calçada ouvi meu nome, virei para trás e vi que era Liam.

- Sim?

- Quer uma carona? - ele disse e eu neguei com a cabeça - bem, então a gente se vê amanhã.

Seja lá o que for tudo isso que acabou de acontecer, deve ter sido um milagre divino. Liam não era legal comigo, exceto aquela vez que ele foi em casa para me entregar meu livro.

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Cheguei em casa e Alice estava chorando. Corri para perto dela e a abracei.

- O que houve? - eu perguntei preocupado.

- Cameron terminou comigo - ela disse em meio dos soluços - ele disse que não queria mais, e que não sabia se era realmente disso que ele gostava. Céus, Jacob! Eu estou tão confusa e acabada. Vou para o meu quarto.

Meu celular vibrou e quando peguei e olhei na tela era uma mensagem de Cameron. Deslizei o dedo para ler.

"Desculpe pela Alice".

Bloqueei meu celular e ele vibrou mais uma vez aparecendo o nome de Cameron. Abri mais uma vez.

"Você despertou em mim o que eu nunca achei que sentiria".

E mais uma vez tudo girava mais rápido. Talvez os dias bons realmente não existam.

Bloqueei meu celular mais uma vez e sai correndo para o meu quarto. Parecia que a cada minuto que passava minha vida só piorava. Nem desci para almoçar, apenas virei de lado e adormeci.

Weak - We're StuckOnde histórias criam vida. Descubra agora