Katsuki Cooks

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Katsuki e Shouto estavam no apartamento do meio ruivo, sentados no sofá da sala. Ou melhor dizendo: o bicolor estava com as pernas jogadas por cima das coxas do loiro, por mais que este último tivesse tentado empurrá-lo, não que tivesse adiantado alguma coisa. Ele estava certo que se facilitasse só mais um pouquinho, daqui a pouco o principezinho ali estaria lhe pedindo massagens nos pés — e o que mais deixava Katsuki louco nem era isso, mas sim o fato de que, com quase toda certeza, ele cederia, a partir do momento que aquele idiota começasse a bater os cílios na sua direção e fazer bico.

Eles estavam no meio de um verão particularmente severo e a proximidade só fazia com que sentissem ainda mais calor, mas quem diz que aquele imbecil grudento escutava qualquer coisa que Katsuki tinha a dizer?

Na verdade, se fosse só por si mesmo, Shouto seria pouco afetado pelo clima, por qualquer clima, todavia havia essa coisinha entre eles que fazia com que qualquer desconforto que sentiam em qualquer situação fosse transmitido de um para o outro, em um pingue-pongue bizarro experienciado por aqueles que, aparentemente, se complementavam (ou algo assim).

Puta que pariu, sabe? Katsuki Bakugou definitivamente não tinha se inscrito para nada disso.

Demorou para os dois se acostumarem com aquele laço estranho, mas ao menos agora sabiam de onde vinham as sensações que até então haviam sido aleatórias no curso de suas vidas antes de se conhecerem.

A tal história de almas gêmeas funcionava, basicamente, da seguinte forma: o que um sentia, o outro sentia também. Então se um deles tinha algum tipo de desconforto, emocional e físico, os dois estavam na merda. Uma inconveniência do caralho, se Katsuki pudesse dizer sua opinião honesta sobre isso. Além disso, achava até que o meio ruivo era quem recebia a pior parte disso tudo, afinal, sabia que seu temperamento não era dos melhores e que havia sido muito pior quando era criança.

Não que Shouto tivesse sido muito melhor em seu temperamento, mas hoje até Katsuki admitia que as razões dele eram bem mais genuínas para a raiva que sentia. Pelo menos agora sabia reconhecer que era meio patética a sua narrativa de: "Hey, você acha que a sua vida é ruim? Pois saiba que um dia eu despenquei de uma altura mediana e caí de bunda dentro de um laguinho raso, meu amigo chato (que nem é realmente chato, eu só era implicante mesmo) tentou me ajudar e eu fiz disso a gênese de todo o rancor e fúria contidos em mim. Obrigado e sejam bem-vindos ao meu Ted Talk".

Bem, passado é passado, né? Não há motivos para ficar matutando sobre isso. Katsuki definitivamente gostaria de apagar esse acontecimento de sua existência.

Havia um lado positivo também, aqueles momentos em que era simplesmente incrível poder experienciar esse tipo de ligação. Ele era lembrado em muitas e muitas vezes disso, principalmente quando simplesmente olhava para aquele folgado de cabelos de cores diferentes, era só isso que bastava para compreender. E era tão, tão irritante.

Em primeiro lugar, por mais brega que fosse, era bom saber que havia uma única pessoa no mundo que poderia dizer que sabia como ele se sentia, e realmente estaria falando a verdade, não seria apenas uma figura de linguagem. Além das coisas que eles vivenciavam juntos, sensações que eram realçadas e tornavam momentos íntimos uma experiência sem igual, esse era um ponto bastante alto.

Katsuki também havia chegado num ponto em que podia dar o braço a torcer quase tranquilamente (ênfase no quase) que ter descoberto que Shouto Todoroki era a sua alma gêmea não foi a pior parte desse acordo invisível que o universo parecia ter fechado por (não com) ele.

Achava aquilo uma piada cósmica de muito mal gosto? Sem sombra de dúvidas, talvez até fosse um tipo de karma, contudo convenceu-se com o tempo que o desenvolvimento das coisas poderia ter sido pior, muito pior.

When Shouto Says Hungry - bnha | tdbkOnde histórias criam vida. Descubra agora