Um quase beijo.

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  O Canivete estava um pouco cego, e em pouco tempo Jimin começou a cerrar os dentes enquanto cortava a bota. Ele ergueu os olhos da tarefa por um instante.
  - Avise-me se eu...
  - Aí!
  - ... Acerta-lo - completou ele. - Sinto muitíssimo.
  - É tocante a tristeza que ouço em sua voz - disse o moreno num tom cheio de ironia.
  Jimin conteve outra risada.
   - Ah pelo amor de Deus - resmungou o mesmo. - Pode rir. Deus sabe como minha vida é motivo de riso.
   O filho do vigário, que vira sua própria vida descer ao fundo do poço desde que seu pai viúvo anunciará a intenção de de casar com a maior biscoiteira do povoado de Bellfiend, viu-se tomado de empatia. Ele não sabia o que poderia ter levado aquele homen extraordinariamente bonito e próspero e se embebedar daquele jeito, mas, o que quer fosse, sentia muito por ele. Deixou a bota de lado por um instante, encarou-o com seus olhos em um tom levemente azulado e disse:
   - Meu nome é Park Jimin Lyndon.
   Os olhos de Jeon se enterneceram.
   - Obrigado por compartilhar essa informação pertinente, Sr. Lyndon. Não é todo dia que permito que um desconhecido corte minhas botas.
   - Não é todo dia que quase sou laçado ao chão por homens que caem de árvores. homens desconhecidos - acrescentou o loiro enfaticamente.
   - Ah, sim, su... suponho que deva me apresentar. - Então inclinou a cabeça de uma maneira que mostrou a Jimin que ainda estava mais do que ligeiramente embriagado. - Jeon Jungkook Wycombe ao seu dispor, Sr. Lyndon. Conde de Billington. - murmurou: - Se é que vale algo.
   Jimin encarou-o sem piscar. Billington? Aquele era um dos solteiros mais cobiçado do condado. Tão cobiçado que até mesmo ele, que não estava em nenhuma lista de jovens cobiçados, já ouviu falar de Jeon. Corriam boatos de que era o pior tipo de libertino. Ele ouvira rumores sobre o conde em reuniões do povoado, embora, como um homen solteiro, jamais tivesse se inteirado das fofocas mais picantes.
   Park também ficara sabendo que ele era incrivelmente rico, ainda mais do que o conde de Macclesfield, com quem a sua irmã Victoria se casara havia pouco tempo. Jimin não poderia garantir aquela informção, já que não tinha visto seus livros contábeis e fazia questão de nunca especular sobre questões financeiras sem provas concretas, mas sabia que a propriedade dos Billington era antiga e imensa.
   E ficava a uns bons 30 quilômetros de distância
   - O que o senhor está fazendo aqui em Bellfiend? -perguntou o mais novo.
   - Apenas visitando alguns lugares da minha infância.
   Jimin indicou os galhos acima deles com a cabeça.
   - Sua árvore favorita?
   - Eu a escalava o tempo todo com Macclesfield.
   Jimin terminou de abrir a bota e pousou o canivete .
   - Robert? - perguntou o loiro.
   Jungkook pareceu desconfiado e um pouco protetor.
   - O Senhor o trata pelo primeiro nome? Ele se casou recentemente.
   - Sim. Com minha irmã.
   - O mundo fica menor a cada segundo - murmurou Jeon. - É um prazer conhecê-lo.
   - Talvez o senhor repense esse sentimento daqui a um instante - comentou Jimin.
   Com um toque gentil, Park deslizou o calçado para fora do pé inchado. Jungkook olhou para a bota cortada com uma expressão sofrida.
   - Suponho que meu tornozelo seja mais importante - declarou Jeon, melancólico, sem parecer acreditar no que dizia.
   Jimin tateou com habilidade o tornozelo dele.
   - Acho que o senhor não quebrou nenhum osso, mas arrumou uma torção feia.
   - Você soa expediente nesta questão.
   - Costumo resgatar todo tipo de animal ferido - informou o menor, franzindo a testa. - Cães, gatos, pássaros...
   - Homens - completou o conde.
   - Não - disse o mais novo de modo audacidodo. - O senhor é o primeiro. Mas não imagino que seja muito diferente de um cachorro.
   - Suas presas estão à amostra Sr. Lyndon.
   - Então? - perguntou o menor, estendendo a mão para tocar o rosto. - Tenho que me lembrar de escondê-las.
   Jungkook caiu na risada.
   - O senhor é mesmo um achado.
   - É o que vivo dizendo a todo mundo - falou Lyndon dando de ombros, com um sorriso travesso -,mas ninguém parece acreditar em mim. Acho que o senhor vai precisar usar uma bengala durante alguns dias. Possivelmente uma semana. Tem alguma à disposição?
   - Aqui?
   - Quis dizer em casa, mas... - Jimin parou de falar e olhou em volta. Viu um longo galho caído a vários metros de distância e se levantou. - Isso deve servir-disse Park, pegando-o e entregando-o a Jungkook. - Precisa de ajuda para levantar?
   O maior sorriu com ar de preparador enquanto se inclinava na direção do loiro.
   - Qualquer desculpa para estar em seus braços, meu querido Sr. Park
   Jimin sabia que deveria se sentir afrontado, mas, que diabo, Wycombe era tão encantador. Jimin imaginou que fora assim que conquistara sua tão bem-sucedida fama de libertino. Aproximou-se do conde e enfiou as mãos sob seus braços.
   - Devo avisar que não sou muito delicado
   - Por que isso não me surpreende?
   - Quando eu contar até três, então. Está pronto?
   - Isso depende, eu suponho, de...
   - Um, dois... três!
   Park grunhiu, fazendo força, e ergueu o conde. Não foi uma tarefa fácil. Ele deveria ter uns 25 quilos mais pesado do que Lyndon e, além disso, estava bêbado. Os joelhos dele cederam e Jimin mal conseguia deixar de praguejar enquanto firmava os pés e o apoiava. O conde começou a oscilar na outra direção e o loiro teve que correr para ficar de frente e evitar que o moreno caísse.
   - Isso é bom - murmurou o mais velho ao sentir seu peito pressionado o de Jimin.
   - Lorde Billington, devo insistir para que o senhor use bengala.
   - No senhor?
   O conde parecia intrigado com a idéia.
   - Para andar! - gritou o mais novo.
   O mais velho de encolheu por causa do barulho e balançou a cabaça.
   - É estranho, mas sinto um desejo avassalador de beija-lo.
   Pela primeira vez desde a queda do conde, Jimin ficou sem fala
   Jungkook mordia, pensativo, o lábio inferior.
   - Acho que é o que vou fazer.

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⏰ Última atualização: Nov 05, 2020 ⏰

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