Gabriel. 2

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Eu olhei o celular e ainda eram 04h40min. Chegamos ao grande pátio, em frente ao prédio. A bandeira do Brasil estava hasteada e ao lado estava a do nosso estado, são Paulo. Fui colocado bem atrás, era o antepenúltimo da fileira. O Gustavo por algum motivo foi para frente e começamos todos a cantar o hino do Brasil.

Em um dado momento, eu tirei meus olhos da bandeira, algo que foi expressamente proibido pelo tenente, o homem que eu encarava agora. Ele semicerrou os olhos ao me olhar e eu rapidamente voltei a olhar para a bandeira.

que mais me assustou, foi a aparência jovem dele, ele era nitidamente mais jovem que o sargento Silvio, se tivesse 25 anos, era mais do que ele aparentava. Como pode alguém chegar a tenente sendo tão novo? Ao que parecia ele era o diretor da escola.

Quando terminamos, fomos para dentro, depois que os alunos mais velhos entraram. Pelo que eu entendi, havia cinco pelotões para cada período, que eram três. Eu estava no primeiro período, fazia parte do terceiro pelotão e era o décimo oitavo aluno. Então de acordo com esse raciocínio, a escola era composta por 375 alunos, já que cada pelotão era composto por 25 pessoas.

A sala na qual estávamos era bem tecnológica, havia data show, lap top para professores e dois quadros brancos, um onde o professor escrevia e o outro, onde apareciam os slides.

A sala com poucos alunos era silenciosa e só se ouvia o som de folhas, canetas contra o papel e o pincel do professor de geografia, isso quando ele não estava falando.

As cadeiras eram enumeradas de um a vinte e cinco, todos se sentavam na cadeira correspondente ao seu número.

Eu sentava ao lado de Gustavo, ele era o numero 18. Isso não era coincidência, devia-se ao foto de os números serem dados em ordem alfabética, as iniciais de nossos nomes devia definir isso.

De vez em quando eu olhava para ele e ele permanecia prestando atenção na aula, eu estava me odiando por não conseguir tirar o olho dele. Era tão patético ficar olhando para um garoto que acabei de conhecer.

Depois das duas ultimas aulas, às 10h40min, fomos para o refeitório, onde tivemos um pequeno lanche. Era a primeira coisa que eu havia comido naquele dia, uma maçã, leite com chocolate e pão com manteiga. Alguns garotos tentavam pegar mais de uma vez, mas nunca conseguiam, parecia que o homem que estava nos servindo tinha uma memória mega fotográfica. Cada rosto ali era fotografado e armazenado por ele em sua cabeça.

Eu estava sentado junto de Gustavo e os outros três garotos, os quais eu não sabia o nome ainda. Eu olhei para um compartimento que ficava a uma pequena distancia de onde estávamos. Ali alguns garotos se amontoavam e pegavam alguns produtos alimentícios industrializados, como refrigerante, biscoito, batatas fritas e salgados.

-Nós podemos fazer compras naquele local? Perguntei, olhando para onde os garotos sorriam e brigavam por um saco de batatas chips.

-Sim, se você tiver dinheiro, pode sim. Disse o garoto musculoso ao lado de Gustavo.

Eu olhei para ele e imediatamente desviei o olhar, ele rindo pra mim e isso me pegou de surpresa, ele era muito bonito, mais lindo até que Gustavo. Parecia que todos os meus companheiros tinham uma beleza superior à minha, não que eu não fosse bonito, mas cada um deles tinha um corpo muito malhado para a idade deles, ao contrário de mim, que até tinha uns músculos, mas nem chegava perto de qualquer um deles. 9

-Então, o Gustavo me falou que você não queria estar aqui! É verdade? Perguntou o garoto de olhos azuis, antes de dar uma mordida no pão.

-Sim, é verdade.

-Bem se vê que ele não tem preparo físico, quero ver como você se sairá nos exercícios, você é tão magricelo e boyzinho. Disse um garoto ao meu lado.

O Soldado- romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora