Gustavo. 1

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Assim que entrei no internato, vi vários olhares diferentes, olhares presunçosos, nada amigáveis. Todos os garotos estavam uniformizados, com botas pretas, camisetas, gorros e calças camufladas, andando em todas as direções, apressadamente.

Eu estava acompanhado de meu irmão, ele agia como se eu não tivesse discutido com ele mais de um milhão de vezes por não querer estar aqui, por odiar o fato de ele querer estragar minha vida, só por que não tem coragem de enfrentar nosso pai e admitir que não queria seguir a carreira militar.

Mas ele me ouviu? Obvio que não, John herdou a teimosia e arrogância de nossa família, e como ele é responsável por mim na ausência de meu pai, eu não tenho absolutamente nada a fazer para impedir a decisão dele.

-Bem, eu já vou indo Hélio, você tem o meu numero, qualquer coisa é só me ligar! _Disse ele, antes de dar as costas para mim.

a manhã estava fria e eu ainda estava com sono, eram 4 horas agora e o homem que nos recebeu se apresentou como sargento Silvio. Era um homem de olhar duro e poucas palavras. Usando um gorro diferente dos demais, mas com o mesmo tipo de farda.

Eu estava com medo, nervoso, afinal, era meu primeiro dia de aula, mas além disso, aqui só havia homens, não tinha nem sinal de uma mulher. Esse era um ambiente muito arriscado para alguém que está dentro do armário.

Após meu irmão ter ido embora, fui acompanhado pelo sargento Silvio, que caminhava na minha frente, sem falar se quer uma palavra.

Não podia negar que ele me assustava, mas ele era um homem muito bonito. Tinha cabelos caídos nos olhos, o rosto com uma camada de pequenos pelos, que deixavam seu rosto com um aspecto azulado, isso devia ser pelo fato de a barba dele ser grossa. Os lábios dele eram avermelhados, sinais pequenos e marrons davam um charme a mais a ele, seus olhos azuis eram como um mar esverdeado.

Entramos num quarto, onde dois garotos brincavam entre si em cima de um beliche. E mais dois terminavam de vestir seus uniformes.

Os dois em cima do beliche, eram malhados, estavam só de cueca box e um deles estava em cima do outro, rindo e tentando pegar alguma coisa que o outro tinha em sua mão.

O sargento semicerrou os olhos e parecia cético com o que via.

-mas que porra é essa aqui? Vocês são gays por acaso? Não sei não hein!?

Todos eles riram, inclusive eu e ele ficou mais irritado ainda.

-Parem de rir, eu não estou brincando, me admira você Gustavo, ficar com essas brincadeiras dentro do quarto! Não quero nem imaginar o que pode acontecer aqui durante a noite.

-Não acontece nada não, senhor!_ Disse um garoto de olhos verdes.

-Sei! _Disse o sargento, ainda desconfiado -Esse aqui é o ultimo aluno deste ano, o nome dele é Hélio, numero 19. Ele será seu novo companheiro, você já sabe o que fazer, não é, Gustavo? _Perguntou ele.

-sim senhor! _Gritou Gustavo.

O sargento Silvio iria sair, mas ele voltou e nos olhou.

-Cuidado Hélio, eles estão loucos por carne nova. _Disse e tentou parecer serio, mas eu vi nitidamente que ele estava segurando o riso.

Aquela frase tinha me feito ruborizar e todos os garotos me olhavam sorrindo, era muito constrangimento.

Gustavo voltou-se para eles, que ainda se vestiam e disse:- vistam-se rápido, depois vão para o pátio, eu vou logo depois.

O Soldado- romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora