Ataque

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Megan

Caminhamos por um tempo até um lugar afastado, sentei-me com Jasmine à minha frente, por isso respirei e fui revelando algumas coisas, deixando alguns detalhes de lado. Mas quando narrei da noite anterior ela me encarou chocada e berrou.
— COMO ASSIM VOCÊS QUASE... TRANSARAM? E NA SUA BANCADA AINDA POR CIMA? — Eu revirei os olhos, puxando-a. Por sorte não existia ninguém ali.
— Quer calar a boca? Ou eu creio que a população da Rússia não te escutou ainda — frisei a vendo bufar tentando se acalmar. Em seguida ela me fuzilou.
— O que deu nesse seu cocuruto? — Cutucou minha testa com o dedo. — Já viu quanta gente aqui e possivelmente no mundo amam o William? E sabe do que elas são capazes, por um acaso? — Franziu o cenho.
— Eu não me envolvi com ele — afirmei vendo Jasmine afrontar-me como se soubesse que eu menti. — Não mesmo. Não sou muito a fim de ter experimentar ter essas loucas perseguindo-me por todos os cantos ou tentando me espancar por causa de alguém que nem é tão gato assim. Foi apenas um encontro, nada demais — terminei bufando. Jasmine me observou ainda nenhum pouco confiante.
— Você ainda sim gosta dele. — Constatou encostando sua têmpora no meu ombro. — O que houve com você, Megan? E aquela história de nunca mais gostar de um ser humano por causa do que aconteceu antes? — indagou mexendo os dedos, nervosa e confusa.
Fiquei quieta. Jurei a mim mesma que nunca iria vivenciar aquilo de novo. Por medo de acontecer novamente e eu acabar machucada no final, assim como juramos uma a outra nunca mais tocar naquele maldito assunto. Eu não proferi uma única palavra, apenas peguei minha bolsa e saí dali deixando Jasmine sozinha quando o sinal tocou.
Entrei na sala e sentei-me no meu lugar assistindo o nada. Logo vi Jackson e Tyler junto com William entrarem. Seus olhos encontraram com os meus e vi um pequeno sorriso em seus lábios. Inclinei minha cabeça lembrando o que Jasmine lembrou há poucos minutos. Ela entrou na sala lançando uma expressão mortal na direção dele.
— Desculpe, Megan, não queria que ficasse assim — pediu sentando-se na minha frente. — E desculpe também trazer aquele assunto para nossa conversa, não deveria ter feito isso, juramos nunca mais tocar nele — completou se mostrando realmente arrependida.
— Não tem problema, você tem razão. Melhor eu me afastar dele mesmo. — Resmunguei a vendo entortar a boca e virar para frente. Mas por que repentinamente vivenciando meu coração despedaçar depois de enunciar isso? Eu queria mesmo me afastar dele? Ou ficar longe do William?
Eu não queria aquilo de novo, a infelicidade de não saber o que fiz de errado para a pessoa que declarou me amar procurar outra mesmo estando comigo; ficar enclausurada por dias me culpando por qualquer coisa que nem ao menos era minha culpa. Levei quase três malditos meses pensando assim até finalmente começar a me recuperar aos poucos. Eu não sei se conseguiria me colocar em pé inteira novamente.
[...]
O sinal bateu. Ergui-me saindo ao lado da Jasmine. Ela me contava alguma coisa, mas nem prestei atenção, o que eu andava passando enchia meus pensamentos, ia e vinha. E me irritava ao ponto de eu bufar do nada, assustando Jasmine.
Ela inalou já entendendo meu problema. Pendi a cabeça mordendo o lábio, pensando nos beijos que William havia me dado em apenas um dia. Todos mexeram comigo de formas diferentes. Principalmente o último, meu corpo implorava para que ele o tocasse devagar, movia os dedos por cada centímetro sem esquecer-se de nada. Esfreguei as palmas na face tentando esquecer aquela cena.
— Tudo bem, amiga?  — Jasmine inquiriu preocupada, tocando no meu ombro.
— Tudo, só pensando. — Dei de ombros, não precisei contar a ela o real motivo, pois ela entendeu perfeitamente.
— Encontra-se mesmo apaixonada por ele, Megan? — investigou receosa, com medo de que eu gritasse com ela.
— Sinceramente?  — retruquei calma a vendo assentir. — Não sei. Encontro-me extremamente confusa, minha noção gira só em torno da noite em que nós quase... Você sabe. — Não concluí a frase por notar um turbilhão dentro de mim se manifestar com força.
— Você vai conseguir esquecê-lo, Megan — afirmou positiva erguendo o polegar para mim. — Sei que consegue. — Saiu sorridente avisando que iria comer. Minha fome desapareceu. Que droga William me deu?
Fui até a quadra sentando-me na arquibancada vazia. Apoiei meus cotovelos nos joelhos um tanto pensativa. Eu liguei o celular encontrando uma mensagem de voz de meus pais deixando o aperto em meu peito mil vezes melhor. É um sinal que eles estão realmente bem e curtindo. Escutei o áudio de ambos gritando comigo em algum lugar pelo mundo dizendo que tudo era muito lindo e que quando eu terminasse meus estudos deveria me juntar a eles para um tipo de férias de família bem prolongada. Explicaram porque não me ligaram contando que o sinal oscilava mais do que gostariam de tempos e tempos. Eles só conseguiram me mandar uma mensagem rápida porque a barrinha voltou a ficar cheia. Disseram no fim para não me preocupar que estavam bem e voltariam qualquer dia para me ver.
— Observe se não é nossa hora de sorte. — Uma fala ecoou por toda parte. Elevei-me assustada vislumbrando ao redor. Assim que minha visão foi para frente vi duas pessoas paradas na outra parede. O cara se aproximou devagar, eu queria correr, mas sentia-me paralisada pelo medo. Como eles entraram aqui? — Ora, não é a tal com quem o William saiu da última vez, Lídia? — Ele revelou seu sorriso abertamente aparentando ter encontrado o brinquedo dos sonhos.
— Coincide ser, Yang. — A voz da mulher era calma, mas ainda assim assustadora.
— Por que veio aqui sozinha? Não sabe que pode ser perigoso? — Debochou o tal de Yang subindo os bancos até onde eu mantinha-me. Encostou a ponta de seus dedos na minha bochecha. O afastei tentando controlar o arrepio assustador que subiu por meu corpo. — Bem arisca, como a última — Revelou avistando a própria mão.
— Vai cair do mesmo jeito que ela — Lídia proferiu tombando a cabeça para o lado como se ficasse cansada.
— Cair? — Minha voz finalmente saiu. — Como assim cair? De que merda vocês estão falando? — Elevei-me recuando alguns passos.
— Ela não sabe, Lídia. — Sua gargalhada ecoou pela quadra me assustando ainda mais. — Todas com quem William se envolve acabam mortas. Todas elas, sem exceção — Contou naturalmente. Assustando-me.
— Não estou envolvida com o William — afirmei tentando escapar, Yang me pegou pelo braço e jogou no meio da quadra como se eu não pesasse nem mesmo uma grama. Caí no piso sofrendo com uma dor horrível. Tentei elevar-me, mas não consegui porque qualquer movimento que eu fazia era o suficiente para tudo doer. Vi o cara vir na minha direção com as mãos no bolso do enorme casaco.
— Deixe-me ir — clamei. Lídia abaixou-se na minha frente, logo se levantou novamente e deu um chute no meu estômago. Tossi pela falta de ar. Yang me pegou pela garganta suspendendo no ar. Como ele podia ser tão forte? Isso não era humanamente possível.
— Vai sucumbir — ameaçou. — Esse é o destino dele, perder todas que ama. William até tenta ser forte e não submeter mais ninguém a terrível sina a qual assola qualquer pessoa que se aproxime romanticamente dele, mas ele é fraco e não consegue suportar por muito tempo. Sempre precisa de alguém ao seu lado, alguém para não se sentir um completo monstro — grunhiu apertando seus dedos. Meu ar se rompia cada vez mais me fazendo abrir a boca tentando respirar.
— Ela quer lutar, Yang. — Lídia riu alto. — Desista logo, criança, vai ser mais breve. — Franziu o cenho observando-me. Eu a espiei e neguei.
— Assim pode ir sem tanta dor. — Yang piscou prazeroso, enquanto me analisava diretamente.
— Isso não faz muito meu estilo — persisti rouca. Yang apertou ainda mais meu pescoço. Meus músculos começavam a adormecer, fui jogada contra a trave de basquete, minhas costas estalaram por causa do impacto. Caí protegendo o rosto, ou iria de nariz no chão.
— Persistente — Lídia admirou caminhando até mim. — E idiota — concluiu me pegando pelo cabelo e alçando do solo. Encarei-a e suas íris mudarem para vermelhos absurdamente intensos. Arregalei os olhos provando do gosto metálico em meus lábios. Sangue.
— Como pensei — Yang enunciou botando o indicador no líquido. — Humana. — O levou até a língua tomando um gosto.
— Saiam daqui — pedi mais uma vez percebendo o choro vir, mas o segurei mantendo minha dignidade perto desses dois monstros. — Me deixem em paz — grunhi tentando me soltar, mas tudo dentro de mim reclamou pela dor, senti-me a pessoa mais fraca do mundo, porém nada do que fizesse os faria parar ou se afastar.
— William tem que pagar por tudo o que fez a nós — Lídia manifestou. — E matando quem ele ama, é um bom pagamento. — Sorriu meio sombria me aterrorizando cada vez mais. Lutei tentando me soltar, mas recebi um punho no queixo como resposta. Lídia me encostou à parede com potência, minhas costas doeram por conta de ser arremessada duas vezes sem esforço nenhum. Se continuasse assim teria costelas quebradas.
Apertou meu pescoço mais uma vez, e subia cada vez mais me encostando à estrutura de ferro. Fechei os olhos agarrando em algum lugar e o apertando sofrendo meus pulmões implorando por ar.
— É melhor vocês largarem ela agora — escutei William gritar. Segui para a porta da quadra e o encontrei ali parado com Jackson e Tyler, ambos com expressões furiosas. Yang e Lídia riram.
— Mais uma vez uma humana, William? — Yang soou irônico. — Não aprendeu com Jade? — Aquele nome o fez ficar furioso. Lídia riu, mas ofegou quando chutei seu estômago para que ela me soltasse. Caí no chão de joelhos respirando depressa. William não os atacou, Jackson e Tyler fizeram isso.
Ele correu na minha direção, preocupado. Abaixou-se à minha frente de joelhos, segurando minhas bochechas entre suas mãos. Sua expressão demonstrava que estava com medo de que... Eu morresse? Espiei por cima de seus ombros e pude ver Tyler virando a cabeça de Lídia, fazendo um barulho alto o suficiente para que eu percebesse seu pescoço estalar. Yang fugiu depressa ferido, deixando-os ali junto com a mulher agora morta no meio da quadra.
— William. — Jackson chegou chamando-o. O sinal do intervalo tocou. Senti a visão escurecer. Tyler mirou-me sério, estreitando os olhos. William me envolveu forte deixando sua face na curva de meu ombro. Correspondi experimentando todo medo ir embora.
Ele me pegou em seus braços e virou para os meninos. Encararam-se por longos minutos em silêncio e foi quando senti meu corpo doer, pareciam quebrar meus ossos.
— Precisamos levá-la até o Matt — Tyler expressou e pude notar que seu timbre era rouco. — Os danos podem ser extensos e não podemos correr riscos em levá-la para um hospital, não iriamos saber explicar o que houve — concluiu com temor, o que fazia seu tom ficar um tanto mais rouco.
— Mas... — William tentou protestar, mas foi interrompido por Jackson.
— Quer que ela morra? — questionou e William pareceu negar. — Certamente ela tem algum osso quebrado ou fraturado. Se demorarmos demais ela pode morrer por alguma hemorragia fodida — completou rangendo os dentes, extremamente preocupado.
— Mas e se ela...? — Mordeu o lábio não continuando.
— Alguma hora isso vai acontecer, William. — Escutei um timbre feminino. — Se quer mesmo ficar ao lado dela, ela tem que saber.
— Tenho medo — confessou me observando.
— Do quê? — Jackson questionou — Da reação dela? Do que ela pode fazer? — Jogou uma dúvida em cima da outra deixando até mesmo a mim confusa.
— Exatamente — respondeu fracamente. — Tenho medo de que ela... Acabe me temendo. — Mas... Por que eu teria medo dele?
— Se ela realmente te amar, vai ficar do seu lado — a garota declamou séria. — Mas se não... — Cortou fazendo um completo mistério. — Eu vou precisar matá-la para nossa proteção. — Minha pulsação aumentou. Como assim?
Meu corpo protestou novamente pela dor cada vez maior. Acabei desmaiando não suportando mais.

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