Capítulo Único

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Era manhã. O sol adentrava timidamente o quarto por entre as cortinas semiabertas trazendo claridade ao local.

A loira se remexe por entre as cobertas e se espreguiça, recusando-se a abrir os olhos por conta da luz. Abre-os, mesmo que relutante, e após se acostumar tateia o colchão em busca de sua amada.

Ainda era surreal para Adora sua atual situação. Nunca imaginou que seu relacionamento com Catra chegaria a esse ponto. Por favor, elas moravam juntas a mais de seis meses e adotaram um gato! A propósito, o nome do felino preto como a noite era Melog.

Admira o rosto amassado em cima do travesseiro ao seu lado, tirando algumas mechas de cabelo de sua testa e bochecha. Adorável, era como descreveria esta cena. Pensou em levantar, pegar seu caderno e desenhá-la, mas com certeza acabaria a acordando – não sabia ser silenciosa e sorrateira o suficiente. Então preferiu apenas aproveitar o momento e tentar guardar ao máximo todos os detalhes do rosto que mais amava.

— Eu consigo te sentir me encarando, sabia? — diz sonolenta, pegando a maior de surpresa.

— Desculpe. Não resisti a essa vista.

A morena lentamente abre seus olhos bicolores e Adora se choca com o quão mais bonito aquela cena conseguia ficar. E para completar, a menor sorri levemente; aquele sorriso idiota. Apaixonado.

Eram ótimas palavras para descrever essas duas. Trouxas também é uma boa escolha. Mas elas gostavam assim, e era bonito de se ver.

Conheceram uma a outra na faculdade, viraram amigas quase que instantaneamente, mesmo com a relutância de Catra, que sempre foi muito fria e fechada. A amizade só foi crescendo e quando viram, estavam apaixonadas. Não ouve negação nem enrolação, Adora simplesmente abriu seu coração e confessou seus sentimentos pela amiga e, bom, a recíproca era verdadeira. No fim do mês de outubro é o aniversário de três anos de namoro.

— O que passa nessa sua cabeça piegas? Quase consigo enxergar coraçõezinhos flutuantes em volta dela. — Foi o doce porém debochado comentário da de cabelos curtos e castanhos.

— Bom, você...

— Ugh, você consegue deixar tudo mais meloso.

— Se não está gostando por que tem um sorriso no seu rosto? — Arqueou a sombrancelha.

— Porque eu amo essa estúpida apaixonada.

Chega mais perto abraçando o pescoço alheio e depositando um casto beijo nos lábios rosados da namorada. Já ia levantando quando foi impedida.

— Hey, só isso? Que beijinho mixuruca.

— Não vou te beijar até que eu e você estejamos de dentes escovados.

— Catra... — resmunga. — Já namoramos a tanto tempo, não precisamos mais disso, não acha?

— Não mesmo — diz, já de pé. — Mas você precisa.

— Está dizendo na minha cara que eu tenho bafo? — Senta-se na cama.

— Todos temos quando acordamos, bobinha. Mas...

Joga uma almofada mas a menor desvia entrando no banheiro, rindo.

— Psiu. — Põe a cabeça para fora e encara a namorada emburrada e de braços cruzados. — Eu te amo.

Era impossível para Adora continuar brava com aquele ser. Apenas... impossível.

Depois de suas higienes matinais feitas, seguem até a cozinha para tomar café.

— Poderíamos ir ao parque hoje, hm? Fazer um piquenique ou só um passeio.

— Acho que não... — Abre a cortina da pequena janela da cozinha revelando nuvens cinzentas começando a cobrir todo o céu.

Rainy Day • Catradora [One Shot]Onde histórias criam vida. Descubra agora