Aroeira/aroera

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É temida por seus eflúvios que excitam de tal maneira o sangue de algumas pessoas, que, só por passar por baixo desta árvore, ou mesmo só aproximarem-se dela, adoecem de um modo alarmante. Alguns coloca em estado que muito se assemelha ao sarampo, já outros, deixa túrgidos e inchados. Ficam febris, assombra-lhes sangue aos olhos e a visão turva. Conta-se que já faleceu um indivíduo pela ação mórbida da aroeira. Ele lavrara com seus peões paus de aroeira com o fim de fazer um galpão. Adoeceu com os sintomas ordinários do mal da aroeira e em apenas três dias já não pertencia ao mundo dos vivos. Para curar-se deste mal, dizem, basta uma fricção com cana. Mais eficaz mais simples e mais esperto remédio é recorrer ao remédio superior da simpatia. Quando se passa em frente a aroeira ou próximo dela, devemos sempre saudá-las, mas às avessas do tempo. De manhã, se diz: "Boa tarde, senhora aroeira!" E quando for à tarde: "Bom dia, senhora aroeira!" Para precaver-se deste mal, os homens do campo quando tem que cortar uma aroeira ou passar por baixo dela, sempre usam desta simpatia. Todo lenheiro que se preze, detêm-se a pouca distância da aroeira com grande respeito, como se apresentasse perante uma divindade. Enquanto a saúda, não é permitido nem sequer pestanejar, tão fixa deve ser a vista no objeto de sua atenção. Três vezes consecutivas há de repetir a saudação. Terminada esta cerimônia, não é mais preciso ter medo do mal do aroeira. Chega ainda, o lenheiro, de chapéu na mão, e descarrega vigorosos golpes de machado ao tronco, até dar em terra com a árvore, que lhe servirá de lenha para o fogão ou de postes do curral.

mr.malas

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