𝚃𝚑𝚎 𝙳𝚎𝚟𝚒𝚕'𝚜 𝚕𝚒𝚏𝚎

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Andando pelas ruas Londrinas o Diabo percebe que as coisas parecem as mesmas. Não as construções que agora são prédios e lojas com vitrines fúgidas,nem a iluminação que antes movida à carvão e agora algo chamado eletricidade e nem o ar da cidade que antes mal se via um passo a frente por conta da neblina,agora não se vê nada por conta da fumaça das grandes indústrias.

Mas o que realmente continuava o mesmo?

Ele sabia bem a resposta.

As pessoas. Elas continuavam as mesmas. Egoístas. Mentirosas. Narcisistas. Nojentas. Mal carateres. Ardilosas. Mesquinhas. E entre outros adjetivos que poderia citar pelo resto do dia. Mas mesmo conhecendo muito bem o comportamento humano,a falta de esclarecimento nos mortais o deixava perplexo,pois,já haviam passado por guerras,fome,morte,e qualquer desgraça diária,todavia,parecia que não se importavam.

Mas ele se importava e lembrava do rosto de cada um. Porque sabia que esses rostos veria lá embaixo.

Porém nesse dia de andança matinal algo mudou.

Ele se sentiu quente. Não o quente de excitação. Não o quente causado pelo buraco na camada de ozônio acima de si. Não o quente dos gases do rio Tamisa. Não o quente do vapor dos trens e nem do chá dos londrinos. Mas um quente de aura. Fazia tempo que não sentia uma alma tão quente e viva.

E por pura curiosidade decidiu segui-la.

Ele poderia muito bem mover-se com o uso das sombras mas o êxtase em andar e esbarrar nas pessoas era insubstituível.

E entre tropeços e passos a alcançou. Ele a olhou. Mas foi por poucos segundos.

Dois faróis distantes em meio a névoa acelerou. E como uma máquina incansável,continuou seu percurso sem ao menos se preocupar com o corpo que acabara de atropelar.

E o Diabo que não era tão diabólico parou e lamentou. Uma alma tão quente foi apagada por um pedaço de metal frio. Ele gostaria de té-la conhecido. Ele poderia até segui-la ao purgatório,mas sabia que seu destino era o Céu e aquilo não estava sob seu controle.

E novamente como sempre.

O Diabo estava sozinho.

Se sentindo só,se era possível sentir-se assim.

As vezez se pegava questionando sobre a solidão e o quanto ela era humana. Ele se sentia extremamente solitário,e o tempo da terra estava o deixando mais confuao sobre tudo isso,mas ele não voltaria ao Inferno.

E como uma decepção passageira,ele apenas apertou o passo,olhando para trás,avistando uma multidão se formando ao cadáver.

Para ele era engraçado o fato de nossas preocupações como o dinheiro,e outros meios ocupassem totalmente nossas vidas e nunca vivíamos de verdade.

E era em meio desses pensamentos em que ele sacudia a cabeça e seguia calçada à seu refúgio.

Até o Diabo tem um refúgio.

Creio que não um refúgio convencional.Maioria preferiria um lugar calmo para repousar,mas ele não.

O lugar que ele ia era um bar,um pub,um cabaré,ou outro nome que queiram chamar.

Mas porque?

Por que ele gostava de não se a "única alma impura";de não ser o único fruto do pecado. E naquele lugar tinha de sobra. O próprio nome era contraditório : Angels from Hell. Ele ria quando lia o letreiro,mal sabiam eles...

Mas o Diabo pouco se importava com isso,decidindo apenas adentrar e sentar-se no balcão. Dalí tinha uma ótima visão. Conseguia ver as strippers,as prostitutas,corruptos,ladrões,assassinos,mafiosos;cada um mais podre e imundo. Mas o que realmente o irritava era que todos eles se sentassem nos dias de domingo,nos bancos das igrejas lado a lado,rezando para que o Satanás,Capeta,Lúcifer,não levasse suas degeneradas almas.

Ah mas se soubessem que de nada adiantaria. Breve estariam para pagar o que fizeram em terra.

Ele poderia matar todos lá e levar logo as almas desgraçadas. Porém,sabia que o sofrimento na terra já corroía a mente,então deixava que durasse um pouco mais.

De certa forma o Diabo era justo com aqueles que eram.

Poderia ser chamado de anti-herói até,mas até que os pobres tolos visse o que realmente era,de nada adiantaria mostrar sua "piedade" ou "compaixão".

E deixando de pensar,o Diabo pede um bebida,logo engolindo o líquido amargo sentindo a garganta queimar. Não gostava nem um pouco de beber,mas assim como a mãe desempregada,o filho bastardo,o trabalhador suicida,o louco e o mau,precisava de um consolo,nem que fosse momentâneo,pois seu corpo,já viciado em atrito,não correspondia mais aos vício da humanidade.

Se tem uma coisa que aprendi.

É que o Diabo é solitário.

Assim como nós.

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Espero que tenham gostado.

Votem e comentem.

bjs.

𝙳𝚎𝚖𝚘𝚗𝚜 𝚊𝚛𝚎 𝚊𝚕𝚜𝚘 𝙰𝚗𝚐𝚎𝚕𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora