Teu shampoo e outros carnavais.

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O teu shampoo ficou guardado na janela do banheiro. As vezes o olho, as vezes o levo as mãos, leio o rótulo" Para todos os cabelos" as vezes penso em usá-lo. Mas o deixo novamente em pé, na janela do baheiro. O cheiro não é o mesmo como quando estavas em teus fios macios, e eu amara passar meus dedos entre fios castanhos como a cor dos teus olhos corvademente amorsos. Eu sei, você já não está mais presente, já faz tempo que rebolou com tuas pisadas firmes e saiu pela porta, passando os próprios dedos nos cabelos, se sentindo Afrodite demais para ser lida completamente. Eu sei, você já não voltará mais, meu amor, eu também desejo  que não volte jamais com esses teus dedos-pele lindos demais para serem levados a pobre boca-mulher. Já não conto mais quantos carnavais dancei sem você. Quantas mulheres-carnavais passou pela minha cama ao qual alguns chegou a usar o teu próprio shampoo e ir embora assim que amanheceu, nenhuma delas atravessou a porta indo embora como alguém cujo o orgulho ou melhor, a vaidade  soluçou palavras jurando que aqui não era seu lugar. Eu sabia que a casa era pequena demias, que os móveis antigos precisavam ser trocados, meu Quarto-Olimpo era tão pequeno que cabia você. Se voltares para buscar teu shampoo, pode ser que não reste quase nada, pois, agora pouco, mais um carnaval acabou de passar por aqui e eu pude sentir o teu cheiro em fios tão brilhosos quanto os teus.

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