Um Típico caos adolescente

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A dor de uma queda de 30 andares, saltar de um dos prédios mais altos da minha cidade agora me pareceu uma péssima ideia, não era para parecer, não era para eu sentir tamanha dor, era para eu estar morto, mas não! Eu tinha que sobreviver ao impossível! Acho que nesta hora a morte pensou “O que? Este cara no inferno? Nem pensar, fique vivo não gosto de você”. Não importa, ninguém gosta de mim, com a morte não seria diferente. O importante é que estou vivo, e que merda de vida.
Muitas pessoas são contra suicídios, agora eu sou uma delas. Por que eu queria me matar? Se você acha realmente que é por qualquer motivo você está completamente enganado, sou o cara mais azarado do mundo, sei que não é da sua conta mas vou fazer um pequeno resumo da minha vida para você:
Quando eu nasci minha mãe morreu no parto, os médicos tinham a opção de me salvar ou salvar a minha mãe, pela lógica escolheram minha mãe, claro, mas no fim, cortei uma artéria principal dela, levando os médicos a decidirem por mim, ou os dois morriam.
Meu pai por causa da morte de minhã mãe passou a beber, a beber muito, mas muito mesmo e apesar de sua escolha em ficar comigo, me acusava toda vez que bebia de ter matado a única alegria dele, que eu era um fardo, que eu deveria ter morrido e coisas que se eu disser aqui, vou ser censurado sem dúvida.
Só isto já faria qualquer um se matar, ser o culpado da morte de sua mãe, estar vivo por que ela morreu, mas não foi isto que me fez pular do prédio, não foi isto que me fez desistir da minha vida, não. Isso não seria uma história adolescente se fosse. Foi um grande amor.
Amor? Eu chamei assim, usamos este eufemismo a muito tempo, pois não sabemos o verdadeiro nome desta coisa que faz o nosso peito apertar só de pensar em perder o alvo deste sentimento. Não sei, acho que o nome podia ser vício. Não preciso explicar por que, todas as pessoas que amaram sabem como é este sentimento e entendem o por que de eu dizer isto. Amor, a pior e a melhor coisa que já me aconteceu na vida.
Tudo começou em uma enjoativa manhã de sol, eu fazia um “grande” proveito do meu tempo jogando uma bolinha de papel para o alto e esperando “ansiosamente” que ela caísse em minha mão, enquanto ouvia “boulevard of broken dreams” do green day, sem prestar o mínimo de atenção no que o professor a frente dizia. Ele ignorava o fato de eu estar de fones de ouvido e eu ignorava o fato dele existir, isto me tornava um bom aluno, e ele recebia seu salário no fim do mês, todos ganhávamos com isto.
  Foi quando ela chegou, neste momento até a música parou, o professor olhou para ela com um sorriso forçado, e a convidou para entrar, disse alguma coisa para a classe mas não consegui entender, e apontando para um lugar ao meu lado, mandou ela se sentar.
Ela se sentou e me disse algo, só então percebi que os fones ainda gritavam em meu ouvido.
— O que? —disse eu ao retirar os fones.
— Eu falei “olá” — disse ela sorrindo de uma forma irritantemente doce.
Oque me surpreendeu nela é que mesmo sua voz sendo completamente doce, ela conseguia manter um firme tom de sarcasmo, como se a cada palavra ela estivesse caçoando de alguém mentalmente. Perceber isto me fez sorrir, ela me olhou esperando pela minha resposta, oque me fez perceber que eu estava paralisado, sorrindo feito um bobo, após ela ter me dado um simples olá. Fique vermelho.
—olá — respondi com a voz quase sumindo.
Ela deu uma risada alta que fez a sala inteira olhar para ela, o professor a repreendeu mas ela simplesmente respondeu:
— Gostei dele!
O que me fez ficar mais vermelho, e enterrando a cabeça na mesa, vesti meus fones, eu, o cara mais azarado do mundo, agora desejando não ter nascido.

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