Do 8 ao 80

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Finalmente a aula acabou, podia ir para casa e fazer oque eu fazia de melhor, enterrar minha cara em um travesseiro e esquecer minha triste existência. Eu era realmente muito bom nisto, podia ficar horas ali, assim como já fiquei, neste momento minha mente me levava para outro lugar, possivelmente bem melhor que o aqui, por um segundo eu podia realmente me esquecer que tudo isto existia, meu pai, minha vida e hoje aquela garota ridícula!
Ela passou o resto da aula toda sendo o centro das atenções, toda a sala falava e tentava de alguma forma ser amigo daquela criatura a quem julgavam ser extremamente interessante, possivelmente dizendo asneiras, e uma hora ou outra fazia a sala inteira rir. E mesmo assim aquela garota tinha tempo de se virar e ficar me encarando, e sorrir com aqueles dentes esteticamente perfeitos. Parecia que o fato de eu tentar ignorá-la a incomodava mais que tudo nesta vida.
Seu olhar de curiosidade e intriga escondido atrás daquele sorriso, me faziam tremer na cadeira, e ela sabia disto.
Ou tudo isto podia ser apenas fruto da minha mente, aliás anotem isto, além de azarado, depressivo e suicida fracassado eu também sou paranoico.
— Você não é de falar muito não é? - disse ela interrompendo meus pensamentos.
— Falo bastante até... com quem me importa — respondi secamente na esperança dela se afastar.
Não me julguem por minha grosseria, ou julguem eu não me importo, tudo que eu queria era ir para casa, esquecer este dia, esta vida, e principalmente ela.
— Vi que você ficou sem graça com oque eu falei na sala, desculpe não foi minha intenção.
Sua voz se tornara bem mais séria, seus olhos focaram nos meus me deixando sem graça, aquele tom de sarcasmo que tanto admirei tinha dado lugar a um som mais melodioso, sua voz ainda era doce, mas agora dava espaço para uma voz um pouco mais áspera...  como se ela realmente estivesse magoada com oque me fez. Seus olhos ainda focavam em mim quando me rendi e respondi.
— Tudo bem — desta vez era minha voz quem estava mais doce, eu não podia responder de outra forma, acho que ninguém conseguiria dizer um não para esta garota.
Foi então que percebi a facilidade em que me rendi, e isto me irritou profundamente.
Pensei em gritar, em me afastar, mas quando ela disse: “fico feliz em saber que esta bem, realmente não era minha intenção te irritar” tudo que consegui foi sorrir. Ela sorriu de volta, e ficamos assim, até que ficar tenso demais.
Após nos separarmos, fui para casa, por um momento fui o depressivo mais feliz do mundo.
Até me lembrar claro, que era sexta, e que meu pai ia chegar bêbado em casa. E isto matou com certeza meu “passarinho azul”

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⏰ Última atualização: Nov 08, 2020 ⏰

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