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A sequência de acontecimentos a seguir pareceu tão irreal que Serkan realmente cogitou estar sofrendo algum tipo de alucinação.
Melek, ou amiga de Eda como ele costumava chamar, surgiu sorridente e eufórica, sussurrou algo no ouvido de Eda que arregalou os olhos e abriu um sorriso enorme. Prontamente, Melo mostrou algo no seu celular e Eda levantou a cabeça, encarando Serkan fixamente em expectativa.
— É seu aniversário! — A detentora de seus pensamentos gritou surpresa.— Por que não disse nada?
— Deveria?— Serkan indagou confuso.
— Mas é claro! Aniversariantes não pagam e... — Melo começou e logo se interrompeu ao perceber que Serkan encarava o celular dela, onde era visível uma foto dele estampando uma típica página de fofoca na tela. Ele podia jurar que a garota corou uns 50 tons de roxo e mesmo não tendo mais nenhum cliente ali, ela disse praticamente correndo: — Olha lá! Acho que tem alguém me chamando!
— Allah, Allah... — Eda sorriu e balançou a cabeça.— Então, hoje é um dia especial! Já volto, não saia daí, tamam?
Serkan nada disse. Ainda estava incerto de que realmente tinha conseguido conversar com ela sem ser sobre o tempo ou a safra de café daquele ano — com um adendo aos melhores produtores da região.
Pelo que se lembrava, a conversa mais longa que já tiveram foi acerca da arquitetura e design retrôs da lanchonete, principalmente sobre o jardim externo do estabelecimento o qual descobriu que Eda amava cuidar. E sorriu bobo por saber que portavam algo em comum.
Afinal, isso significava que tinham afinidade, certo?
Esperava que sim. E, embora não gostasse muito das mídias sociais, ele tentou encontrá-la no meio virtual. Eda Yildiz atiçava a sua curiosidade em níveis absurdos. E apesar de ter achado o perfil dela, ele foi barrado desde o princípio. Era privado. Receoso demais de ser tachado como um stalker, nunca apertou o maldito botão de enviar solicitação. Mas tinha que admitir, conhecê-la mais desse jeito: ao vivo e a cores, a observando e trocando palavras, era muito mais excitante.
— E aqui está.
Eda apareceu em seu campo de visão carregando um pequeno cupcake com uma vela simples acoplada no meio.
— Sim, eu sei. Você é um cliente assíduo aqui, já sei que você não come doce. — Ela continuou, deixando-o surpreso por prestar atenção a tal detalhe.
— Um cupcake?
— Sim! Não ligue, imagine como algo... simbólico. Isso, simbólico! Vamos, faça um pedido! — Eda acendeu a vela e o encarou, empolgada.— Feliz aniversário! Hadi, faça um desejo! Algo que quer muito e não pode ter e...
— Señorita Eda?— Ele a interrompeu, calando-a com um dedo sobre os lábios rosados que tanto desejava.
I love it when you call me señorita
Eda encontrou seu olhar e sentiu as pernas virarem gelatina.
— Shiiii... — Disse antes de apagar a vela sem desviar o olhar, fazendo seu pedido mentalmente.
— Espero que seu desejo se realize.
— Eu também. — Serkan a olhou com carinho, tocado pelo gesto. — Obrigado.
— Não há de quê.
— Sabe, señorita... — Ele começou, com uma coragem momentânea.— Você sabe do meu aniversário e até mesmo o meu café favorito. Acho que isso nos torna... amigos, certo?
Eda sentiu seu coração doer. Amigos? Ela detestou. Não sentia-se atraída por seus amigos. Não imaginava-se fazendo certas coisas com nenhum de seus amigos.
You say we're just friends
But friends don't know the way you taste
— Creio que sim...— Ela tentou manter a compostura e disfarçar a decepção.— Se fôssemos amigos mesmo, me chamaria por meu nome e não por señorita.
— Eu sei, señorita Eda.
Oh, you know I love it when you call me señorita
— Huh, hm... É madrugada de domingo, certo?— Serkan continuou acanhado, com as mãos dentro do bolso da calça. — Você não irá trabalhar. E hoje é meu aniversário. E já que agora somos meio que amigos e nos conhecemos a sei lá, 7 meses... você... hm, daria uma volta comigo?
Eda fez um esforço para não ficar de boca aberta.
Ele a estava chamando para sair? Agora? Tipo, agora? Mas ele disse de novo que eram amigos... então, não era um encontro, era? E lembrava há quanto tempo se conheciam? De repente, sentiu-se agitada.
Ele não era um desconhecido. Eda não tinha vergonha de admitir que procurara a respeito dele e encontrara um material bem duvidoso nos sites de fofoca que ele estampava. Mas o Serkan à sua frente era... diferente. Com um semblante relaxado, mesmo de terno ainda parecia uma figura oposta se comparada às suas inúmeras entrevistas sobre arquitetura concedidas para o público.
E essa versão dele, simples e acolhedora, era a que vinha despertando nela sentimentos confusos. Porém, ele acabara de dizer que eram amigos... já estava triste o suficiente, não precisava criar memórias incríveis junto com ele para se lamentar depois.
Melo que observava tudo de longe, ficou feliz que Dada estava mais próxima do homem por quem era apaixonada. Eda negava veementemente, mas a angústia que sentiu quando ele não veio mais cedo no horário de sempre foi a confirmação de que a amiga nutria sentimentos fortes por ele.
Melek se aproximou na surdina, ouvindo a pergunta de Serkan. E sem pensar duas vezes, respondeu por Eda.
— Mas é claro que ela vai!
— Melo! — Eda a encorou descrente.
— Sabe, cunha- digo, Serkan... A Dada só estava esperando você para ir para casa.— Vendo que isso soou ambíguo, Melo completou. — Digo, o turno da Dada termina quando o último cliente, no caso você, for embora. E está muito tarde... seria bom ela não ir sozinha...
— Melo!— Eda deu um gritinho esganiçado.— O que está fazendo?
— Nada não... — Melo a abraçou e sussurrou em seu ouvido.— Vai, garota! Ele gosta tanto de você...
Os olhos das duas se encontraram com perguntas silenciosas.
Você acha mesmo?
Sim!
— Mas... e você? Não quero que fique sozinha aqui e...— Eda parou ao som da voz de Fifi adentrando o espaço.
— Merhaba! Foi mal o atraso. Vocês acreditam que me multaram por não parar no sinal vermelho? Pela amor de Deus, aquela rua além de deserta é perigosa! Aquele guardinha vai ver só o que eu vou... — Fifi os encarou confusa.— Finalmente vai sair com ele?
O coração de Serkan palpitou e encarou Eda. Finalmente, ela disse?
— Sim, eu vou.— Eda respondeu corando envergonhada. — Hm... você me espera trocar de roupa?
— Leve o tempo que precisar. — Serkan disse ansioso, enquanto caminhava para porta. — Vou te esperar lá fora. Kolay gelsin, garotas!
Mesmo que por uma noite, Serkan Bolat faria Eda Yildiz a mulher mais feliz e tentaria convencê-la de que era o cara certo para ela. Em seu íntimo, já sabia.
Estavam predestinados.
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Señorita | EdSer
RomanceSongfic inspired by Señorita music Durante os últimos 7 meses, Serkan Bolat aparece todos os dias na mesma lanchonete e sempre faz o mesmo pedido, somente para ter a chance de vê-la mais de perto. Durante os últimos 7 meses, Eda Yildiz faz questão d...