Amar nunca é demais

Capítulo 1

Acabei de a ver sair daqui, com o cabelo ainda molhado. Vais me dizer para não fazer filmes ou vais explicar? - digo já a sentir me nervosa

É o que estás mesmo a pensar. Não vou mentir, envolvemos-nos, tivemos uma recaída.

Uma recaída?! Como? Ainda ontem a noite nos envolvemos Lourenço!!! – digo com a voz já alterada

Aconteceu! Não venhas com os teus dramas agora, não te menti. - diz ele com um tom ironico

Já te perguntei uma vez, e volto a perguntar. Eu não passo de um passatempo para ti? Metes me nojo. – digo irritada e já a chorar.

É isso mesmo...não quero, assim como nunca quis saber ti. Ganha juízo Isabela.- diz ele voltando costas, dirigindo se para o sofá na maior descontração

Obrigado...- digo a soluçar de tanto que já estava a chorar.

Viro costas rapidamente e jogo para cima da mesa um envelope que trazia comigo, e saio porta fora a correr e só o oiço gritar "Onde vais? Isabela, não sejas..."nem consegui ouvir o resto.

Fui a correr ate ao carro, e só parei uma hora depois já bem longe da minha cidade.

Eu não acredito que ele foi capaz de me fazer e dizer aquilo. Jamais o vou perdoar.

Já se passaram três meses, e tenho conseguido com muita dificuldade, não me cruzar com ele.

Ele não para de me ligar todos os dias, mandar mensagens, tentar se encontrar comigo, mas tenho conseguido fintá-lo melhor do que pensei. Mas está na altura de ir falar com os pais dele.

Chego a porta da casa, e peço aos meus anjinhos por tudo que ele não esteja la dentro. Toco na campainha, e quem me abre a porta é o Sr. José, o pai dele.

Olá, tudo bem? – digo eu com um sorriso nervoso, inclinando me para cumprimentar o senhor.

Seja bem aparecida, onde tens andado? Como estas, querida? – diz o senhor devolvendo me o cumprimento

Estou bem, obrigada. Sr. José, eu gostava de falar consigo e com a sua esposa sobre um assunto importante. O seu filho está por aqui? – pergunto timidamente

Entra. Não, ele deve estar a trabalhar.

Rapidamente vem a Maria, a mãe dele e me cumprimenta e diz exatamente as mesmas palavras que o marido já me tinha dito.

Senta-te filha, então o que se passa? Porque é que nunca mais apareceste aqui, ou lá na sociedade com o meu Lourenço? – diz a senhora muito intrigada

Porque eu afastei me do seu filho, e era isso que eu vinha ca dizer. – começo por dizer, e vejo a cara dos dois muito desconfiados e sem perceber. Pois, eu e o Lourenço nunca assumimos nada, mas as pessoas viam nos tantas vezes juntos que tomaram conclusões.

Bem, eu e o vosso filho somos grandes amigos ou eramos – assim que digo isto, sinto uma tristeza enorme a cair sobre mim de novo – e á amizade começaram se a juntar outros sentimentos.

ÓH filha nós sabemos, nos vimos e conhecemos bem o nosso filho. Ele trouxe te cá varias vezes, achas que somos burrinhos – diz ela, soltando uma gargalhada

Pois, mas afinal não foi só a mim que ele me enganou. – digo olhando para as minhas mãos

Como assim?- pergunta o Sr. José muito rápido

Eu tambem pensei que ele sentisse alguma coisa, mas não. Ele disse me na cara, e não só disse ainda me mostrou. – já me sinto tão mal disposta, estou a recordar as palavras dele. Só tenho vontade de chorar.

Não pode ser. Isso não é verdade...- diz a senhora negando o que lhe tinha acabado de dizer- O meu Lourenço, estava encantado em ti. Via se tão bem, e agora anda tão triste e mal vem aqui, já estou a perceber que é grave.

Eu estou a contar-lhe o que se passou, os pormenores não é necessário. Mas a minha intenção ao vir falar com os senhores é outra. – sinto as minhas mãos a transpirar – Eu andava desconfiada, e no dia em que recebi o resultado do exame eu fui a casa dele para lhe mostrar, mas fui recebida de uma maneira inesperada. Acabei por deixar o evelope em cima da mesa dele e vim embora, e nunca mais lhe disse nada. Mas eu quero fazer as coisas corretas, por isso como calculei que ele não tivesse dito nada, eu vim aqui pedir vos uma coisa.

Eu posso não estar com o vosso filho, mas eu espero um filho dele. – jogo a mão a barriga, afastando o casaco e esta fica mais saliente. Já se nota, tem três meses e meio.

Os pais dele ficam espantados a olhar para mim. E sem palavras.

A única coisa que eu quero pedir aos senhores, é que estejam presentes na vida desta criança. Pode não ter sido desejada, pode vir numa altura complicada, mas já tem e vai ter ainda mais pessoas que o amam. E eu só quero que tenha uma família. Uma família com quem contar, e os senhores tambem não mereciam outra coisa.

Ele sabe? – pergunta a mae

Sim, ele leu o que estava dentro do envelope um dia depois, e ele não para de tentar entrar em contacto comigo. Eu sei que não estou a ser o mais correta com ele tambem, mas eu ainda não consigo encara-lo, ele magoou-me muito.

Depois de uns minutos em silencio.

Oh filha, podes contar connosco em tudo. E vais ver em como tudo vai ficar bem. – diz a senhora, depois de uns minutos em silencio – Nós vamos falar com ele, ele esta sozinho minha querida, tambem não sabemos o que ele anda a pensar.

Sim, compreendo. Eu é que ainda não consegui, mas tenciono. Ele é o pai.

Minha querida, se ele insiste é porque está arrependido do fez e disse.- diz ela de forma a sensibilizar-me

Não. Ele só está a insistir porque tou gravida. – digo revoltada

Acredita, minha querida. Eu conheço o meu Lourenço. Todos erramos, ninguém é perfeito. Mas tu és uma boa menina, vais perceber isso.

Pois, não sei. Do que adianta ser boa e pensar tanto nos outros, quando não é um pouco reciproco se quer. – digo, limpando as lagrimas que me escorrem na cara – Ele é a pessoa que eu mais amo, e era a pessoa que eu menos esperava que me fizesse mal. Ele conhecia me melhor que eu própria.Mas pronto, eu vim pedir lhes uma família para este bebe. E venho ca colocar vos a corrente da evolução de tudo, e se precisarem de alguma coisa, não hesitem em falar comigo.

Está tudo a correr bem com a gravidez? E contigo? Já sabes o sexo do bebe? - pergunta a D.Maria muito ansiosa

Está a correr tudo bem, tenho estado afastada de tudo para me focar no bebe e não me enervar nem nada do género.  E ainda não se mostrou, é teimoso..- dei uma risada pequena - a quem será que sai.

Foi motivo de uma pequena risada de todos. E acabamos por falar mais uns 15minutos, acabando por me vir embora com a sensação de missão comprida.