Era o meu primeiro dia na faculdade, eu estava animada, mas nem tanto. Eu passei a noite na casa do meu namorado, já que havia tido mais uma das minhas terríveis crises de ansiedade e minha mãe estava no trabalho. Implorei a Jason que não contasse nada a dona Clarissa, caso ao contrário ela me impediria de aproveitar o meu primeiro dia na faculdade e eu não queria que mais uma vez a minha crise se tornasse um empecilho.
Me levantei com calma e me olhei no espelho, como eu já esperava haviam algumas olheiras. Jason entrou no quarto e me abraçou por trás, eu de fato adorava quando ele fazia esse tipo de coisa, após ele ter cuidado de mim a noite inteira, com toda certeza estava exausto. Ele sorriu e fez carinho em meus cabelos.
- Se sente melhor, Lizzy? – Perguntou calmamente.
- Sim, estou bem melhor. Você deve estar cansado, a minha mãe pode me levar a faculdade sozinha. – Sorri levemente e dei um beijo em sua bochecha.
- Está me dispensando senhorita Lizzy? – Ele riu levemente e me entregou um copo de agua junto com os meus remédios.
- Não senhor Jason, eu apenas quero que descanse – coloquei os comprimidos na boca e em seguida os coloquei para dentro com a ajuda da água.
- De qualquer maneira, eu vou acompanhar vocês duas. Eu sei o quanto esse momento é especial para você. – Disse saindo do quarto calmamente.
Após ele sair abri a bolsa com algumas roupas e me vesti. Ao descer as escadas Jason me entregou uma bolsa com alguns lanches e me levou até o carro, minha mãe nos esperava na frente da casa. Ele estacionou o carro e ajudamos a minha mãe com as caixas que continham os meus pertences. Minha mãe entrou no carro e começou a soltar várias perguntas, ela queria saber se eu dormi bem e se a noite havia sido boba. Jason e eu não comentamos nada sobre a minha crise e eu como não sou boba, fiz uma simples maquiagem para disfarçar aquelas terríveis olheiras. Mamãe acreditava que de fato a noite havia sido ótima e que nada havia acontecido, mas de qualquer jeito ela não deixou de arrumar a minha bolsinha de remédios.
Bom, mas vocês devem estar curiosos para saber como e quando as minhas crises de ansiedade tiveram início, certo?
Alguns anos atrás o meu pai foi embora de casa, para ser mais exata, faz uns três anos. Depois que ele foi embora eu comecei a ter alguns pesadelos decorrentes, uns que me deixavam muito assustada e me faziam chorar a noite ou até a madrugada toda. Mas antes de ir embora eu já tinha esse tipo de problemas, e quando ele foi embora isso me fez acreditar ser minha culpa, então depois disso os pesadelos e noites sem dormir só pioraram. E quem estava sempre comigo? Acertou quem disse Jason e a minha mãe. Eu e Jason estamos juntos desde os 14 anos, e a minha mãe... bem... desde que eu nasci. Eu pensava que era tudo culpa minha e que todos eles me largariam, eu tinha pesadelos constantes sobre isso. Esses pesadelos e choros foram se tornando em crises maiores, minha mãe resolveu procurar acompanhamento médico para mim e agora eu tenho pesadelos, mas com menos frequência. Mas de qualquer forma eu ainda me sinto triste e insuficiente. Na noite anterior eu comecei a sentir falta de ar e ficar desesperada, por conta disso comecei a chorar e assim começou mais uma das minhas crises. Eu estava feliz, já que fazia muito tempo que eu não tinha nenhum tipo de crise ou pesadelo, mas ontem depois da crise eu tive um pesadelo, cujo não me recordo.
Jason estacionou em frente a faculdade e descemos com algumas caixas, eu estava tentando me manter calma e não desmaiar na frente de todos, mas não estava funcionando muito. Meu coração estava a mil e a minha respiração acelerada, eu comecei a ficar tonta e deixei uma das caixas cair. Ótimo Lizzy, mal chegou na faculdade e já está passando vergonha, pensei ao me abaixar para pegar a caixa e recolher as coisas que haviam se espalhado com a queda. Os alunos e pais passavam a todo vapor por nós, alguns jovens desacompanhados e outros acompanhados da família toda. Jason me ajudou a levantar e se ofereceu para se carregar as caixas em minha mão, acabei recusando a sua ajuda, já que a minha mãe estava agarrada ao meu braço e ele estava carregando as caixas que eram para estar com ela. Passamos pela secretaria e pegamos a chave do meu quarto, eu ainda não sabia com que ficaria, mas estava torcendo para que fosse uma garota. Eu não estava nada afim de lidar com as bagunças de um garoto.
A porta do quarto estava aberta. Haviam duas camas de canto, uma em cada canto do quarto. O meu canto estava vazio, acho que esperando eu chegar para decora-lo. E no outro canto do quarto haviam posters de filmes e bandas na parede, eu invejava o bom gosto daquela pessoa, ela com certeza ganharia a minha amizade. Suas paredes estavam lotadas das minhas bandas preferidas, que claro, eu escutava sem que a minha mãe soubesse.
Coloquei todas as caixas em cima da cama e observei o quarto ao redor. Ele tinha um enorme guarda-roupa e fedia a cigarro, o que era de se esperar, já que havia um cinzeiro dentro do quarto. Dona Clarissa não estava com uma cara muito boa, o que significava que ela não havia gostado nenhum pouco. Tudo estava correndo bem, até uma garota passar pela porta com uma meia arrastão e um short curto, para melhorar mais um pouco ela possuía um pircing no septo e mechas cor de rosa no cabelo. Eu gostaria que a minha mãe não estivesse no quarto na hora em que aquela figura entrou.
- Você ceve ser a Lizzy, certo? – Tragou o cigarro e estendeu a mão para me cumprimentar.
- Sim, eu sou a Lizzy. E você? Quem seria? – Estendi a mão para cumprimenta-la, mas minha mãe me deu um tapa que me fez abaixar a mão.
- Eu sou a Molly, vai ser ótimo ter você como colega de quarto. – Jogou o cigarro no chão e o apagou com a bota.
- Ela não vai ser sua colega de quarto. Não é Lizzy? – Minha mãe esbravejou.
- Olha, eu não o que está rolando aqui. Mas quando acabarem, me avisem e eu volto para o quarto. – Molly saiu do quarto.
- Lizzy, está fora de cogitação você dividir quarto com essa menina. Não mesmo! – Os olhos de minha mãe ferviam.
- Mãe, está tudo bem. Ela parece inofensiva, com toda certeza ela não vai me morder. – Soltei uma leve risada e minha mãe me deu um beliscão que me fez uivar de dor.
- Não Lizzy, essa garota é má companhia. – Ela suplicou com o olhar.
- Eu vou ficar bem mamãe. –Sorri levemente tentando amenizar o nervosismo dela, mesmo estando com o estomago embrulhado pelo nervosismo.
- Tudo bem Lizzy. – Ela beijou a minha testa e saiu do quarto para que eu me despedisse de Jason.
Suspirei pesadamente e me aproximei dele, suas enormes mãos abraçaram a minha cintura e ficamos alguns minutos assim. Até que eu tomasse coragem de dizer algo.
- Bem... vou sentir saudades de dormir com você. – Ficamos olhando um nos olhos do outro.
- Não diga como se fosse uma despedida real... você ainda vai me visitar, certo? – Acariciou o meu rosto com o polegar.
- Sim, mas de qualquer forma eu vou sentir saudade. – Sorri fraco. – Cuida dela para mim? Por favor...
- Pode deixar Lizzy. – Nos beijamos e ele deixou o quarto.
Agora estávamos eu, o quarto e aquela garota, cujo eu não sabia nada.
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A Garota do Quarto ao Lado
Teen FictionLizzy é uma garota de 18 anos; após um bom tempo de dedicação e estudos, a garota finalmente conseguiu ir para faculdade que tanto queria. Agora com o seu sonho realizado nada mais poderia estragar, ela estava ansiosa para o seu primeiro dia na facu...