A Garota do Quarto ao Lado

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Molly entrou no quarto de deixou uma mochilinha em cima da cama, se sentou no chão e me observou a desfazer as minhas caixas. Ela me olhava como quem quisesse rir e bem no fundo eu também queria, já que toda aquela situação foi ridícula. A minha mãe não precisava ter feito toda aquela cena, a garota só tem um estilo diferente, qual é o problema nisso? Eu já havia terminado de arrumar a minha parte do quarto, estava tudo conforme o planejado, mas aquilo era inútil; até porque estaria bagunçado em menos de uma semana.

- E aí, Molly? – Um garoto alto de cabelos escuros e extremamente sexy entrou no quarto.

- Fala ai, Noah! – Ela levantou e pulou no colo dele o beijando.

Franzi o cenho ao ver aquela cena melosa e abaixei a cabeça passando para dentro do banheiro.

- Tudo bem aí, Lizzy? – Ela soltou uma risada e deu algumas batidinhas na porta.

- Eu estou bem sim. – Abri a porta e sorri fraco.

O tal garoto, estava deitado na minha cama e observando todos os meus livros. De tudo que eu mais odiava, a primeira era que bagunçassem as minhas coisas, e principalmente se eu tivesse acabado de arrumar. Respirei fundo e tentei não surtar, já que aquela situação parecia proposital. Molly estava com um sorriso no canto dos lábios e o garoto... bem... ele já possuía um ar de deboche mesmo. Eu sabia que se surtasse acabaria na enfermaria e com toda certeza, eu não gostaria que a minha mãe aparecesse lá, de forma alguma. Resolvi concentrar a minha atenção em outra coisa, peguei a minha bolsinha de remédios na mochila e os organizei na gaveta. Molly saiu do quarto e me deixou com o tal de Noah, o clima no quarto estava uma merda. Eu podia sentir seu olhar sobre mim e aquilo me deixava nervosa, ele se sentou na cama e encarou os pés por alguns segundos, depois voltou o olhar para mim.

- Então Lizzy... você gosta bastante de ler, estou certo? – Noah passou os dedos pelos fios de cabelo e os deixou bagunçados.

- Sim, porque pergunta? – Meus olhos passeavam pelos seus lábios perfeitamente desenhados.

- Você possuiu um dos meus livros preferidos, presumi que tivéssemos gostos parecidos. – Seus olhos encontraram o meu e com toda certeza eu corei.

- Qual seria? – Abri um leve sorriso de satisfação e tentei disfarçar o nervosismo.

- Por lugares incríveis. Jennifer Niven. – Ele sorriu ladino ao citar o nome da autora.

- Eu adoro as citações desse livro. A minha preferida é "o mundo quebra a cada um deles..." – antes que eu pudesse terminar de citar, ele completou o trecho que faltava.

- " E eles ficam mais fortes nos lugares quebrados". – Nos entreolhamos um pouco espantados e ele abaixou o olhar, em seguida Molly entrou pela porta e o puxou para o lado de fora, e mais uma vez eu estava sozinha.

(...)

Eu não aguentava mais. Já haviam se passado horas e nada; eu não havia achado nada de interessante para fazer. Eu já tinha feito tudo. Essa era a consequência de ter uma mãe igual a minha, ela me fez escolher as matérias e todo esse blá blá uma semana antes de chegar na faculdade. Molly e Noah ainda não haviam voltado e eu também preferia assim, aliás, os dois e nada eram a mesma coisa. Resolvi tomar um banho para refrescar os pensamentos e colocar as coisas no lugar. Esse é o problema de um ansioso; quanto mais você tenta arrumar, mais você bagunça.

Enquanto eu tomava banho, escutava os jovens passando pela porta e eles estavam bem animados para uma faculdade. Com certeza iriam a uma festa ou algo do tipo, eu não era muito fã de festa, odiava lugares cheios e pessoas... bem... eu odiava pessoas. Isso é um pouco estranho, mas de forma alguma eu me arriscaria a passar mau em uma festa. E quase em 100% dos casos de crises, elas envolvem festas e pessoas. É engraçado dizer isso, mas não é de pessoas normais e sóbrias que eu falo, eu estou falando de pessoas de festas. As que normalmente já estão bêbadas ou muito chapadas.

Ao terminar de tomar banho coloquei uma roupa quente, fazia frio na parte da noite e as vezes na parte da manhã. Passei na cafeteria perto da faculdade e comprei um café, estaria tudo bem se eu não tivesse encontrado com Molly, Noah e outros amigos. Eu estava sentada em uma mesa de frente para a deles, enquanto tomava meu café não pude deixar de perceber, que todos os olhares da mesa eram voltados para mim. Eu já estava ficando constrangida com toda aquela "admiração", até porque, os maiores olhares vinham de Noah. Aos poucos eu acabei retribuindo os seus olhares, e quando fui perceber... a minha vergonha já havia passado. Ao levantar os olhos havia uma garota na minha frente, quase caí do banco e ela segurou a risada.

- Da para sentir o climão entre você e ele na cafeteria toda – a garota beliscou o meu braço; o que me fez desviar o olhar de Noah.

- Ai! E não tem clima nenhum entre a gente, eu tenho namorado. – Ao repetir aquelas palavras eu realmente me lembrei que tinha namorado; meu deus!

- Bom... ele também namora, na verdade não é bem um namoro...

- Como assim? Eles não namoram?

- Não exatamente, eles estão sempre juntos. As vezes ele pega outras pessoas e ela também, mas no final sempre voltam. E ela sempre vai querer ele, então nem pense... ou sim, eu adoraria ver ela perder a posse dele.

- Ta bom, eu que não vou fazer isso. Acabei de chegar, não quero problemas.

- Bom... eu sou a Daisy e você? – Ela sorriu animada.

- Eu me chamo Lizzy, é um prazer Daisy. – Soltei uma pequena risada.

Daisy e eu conversamos por alguns minutos. Molly e o grupinho saíram da cafeteria, eu estava tão empolgada em ter arranjado uma nova amiga que nem me dei conta de quando eles foram embora. Daisy foi embora com a namorada e eu fui até o caixa pagar o café. Ao voltar para o quarto Molly e Noah estavam dormindo na mesma cama, eu com certeza não queria ter chegado no quarto junto com eles, a noite ali parecia ter sido quente. Fui até o banheiro e vesti o pijama, em seguida voltando e me deitando na cama. Mandei algumas mensagens para Jason, mas ele parece ter sumido nas últimas horas; coloquei o celular na cabeceira e vi Noah sair a passos largos do quarto.