Piece of my heart

✺ Capítulo 2 ✺

Por um momento pensei que a noite anterior fora apenas um sonho reconfortante, mas percebi rapidamente que não pois vi o cabelo da Olivia, que por sinal ia ter um belo trabalho para desembaraçar ele mais tarde, e nunca fiquei tão feliz em ver ela em toda a minha vida. Finalmente meu sonho se realizou, após tanto tempo idealizando eu consegui, o único sonho que eu tinha também. Levantei devagar para não acordar a Olivia e fui à janela ver como estava o tempo, o céu estava completamente azul, um típico clima de primavera. Olhei no relógio e ainda eram 6:30, resolvi ir correr um pouco para processar toda a informação que fora descarregada em mim noite passada.

Em menos de dez minutos eu já havia colocado uma legging, meus tênis e uma blusa leve já que fazia calor, peguei uma torrada e parti para a corrida. O cheiro de pólen dominava o ar e uma brisa suave batia em meu rosto já suado, estava correndo há quarenta minutos e precisava de uma pausa para beber uma água e respirar um pouco, como estava longe do centro da cidade isso seria difícil. Entrei na primeira loja de conveniência que encontrei por perto, me arrependi na hora, o homem que estava no caixa me olhou de um modo que fez meus pelos arrepiarem, mas não tinha mais como eu voltar, minha sede estava pior, dei uma olhada na loja e notei que haviam mais duas pessoas "pelos menos não estou sozinha". Fui em direção ao fundo da loja onde ficavam as águas, peguei a primeira que vi e fui em caminhei até o caixa "eu só preciso pagar e sair". O homem velho, que aparentava ter cerca de 45 anos, usava um suéter marrom com a logo da loja "preciso fazer uma anotação de nunca usar um suéter dessa cor", durante toda minha caminhada pela loja ele não tirou os olhos de mim e quanto mais me aproximava do caixa mais o seu sorriso aumentava.

— Bom dia, senhorita!-disse me olhando de cima em baixo, na hora senti como se estivesse nua na sua frente.

— Bom dia, quanto fica essa água-coloquei a garrafinha na bancada e abri minha carteira o mais rápido possível já que queria sumir daquele lugar.

— Só essa água gracinha? Não quer mais nada?-ele disse olhando em meus olhos que se mantiveram sérios, e como se tivesse entendido a mensagem ele disse — Custa 4 dólares.

Voltei meu olhar para a carteira e me amaldiçoei na hora, eu só tinha dois dólares e meu cartão.

— O senhor aceita cartão? Só tenho dois dólares-assim que disse, ele me olhou fixamente, mais uma vez, e deu um sorriso de lado "sério porque ele não para de sorri?".

— Não aceitamos cartão, mas se quiser muito essa água talvez tenha outro jeito-por um segundo fiquei paralisada, eu não deveria ter entrado ali, desde o começo eu sabia que esse homem não era bobo. Como se tivesse despertado depois de muito tempo tomei uma atitude.

— Não preciso tanto dessa água, vou colocar ela de volta no freezer-na hora que a peguei senti uma mão no meu pulso, era ele.

— Que isso gracinha, não precisa ser tímida-aqueles olhos eram pura malícia, junto com o sorriso, olhei ao redor em busca das duas pessoas que vira antes, mas não as achei, talvez tenham saído sem eu notar, minha garganta secou e minhas pernas ficaram fracas, eu estava sozinha.

— Por favor me solta, eu preciso ir-senti meus olhos arderem, eu não podia chorar agora, eu preciso encontrar um jeito de sair dessa, mas na hora que acabei a frase ele apertou mais ainda meu pulso e eu não conseguia me soltar. Agi tão rapidamente que só entendi o que fiz quando vi o homem cambaleando e senti minha mão doer.

— Esse foi um belo soco, mas você deve fazer assim-era uma voz suave, mas com um tom de desafio, enquanto falava comigo ele deu outro soco no homem que dessa vez caiu no chão — Se eu ficar sabendo de mais alguma coisa assim eu vou fazer muito mais que te dar um soco na cara-ele pegou a minha mão e me tirou da loja com o velho caído no chão xingando de dor, eu estava tão perdida que não notará nada direito.