Prólogo

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Até mesmo uma causa nobre pode ser destruída pela ambição.

Durante um longo período de tempo, cientistas esforçados trabalharam na criação de uma nova versão do vírus da raiva. Ainda mais letal e mutante, os pesquisadores poderiam desenvolver vacinas ainda mais fortes.

Algum tempo depois, chegou até eles um agente do governo que foi infectado por um morcego. O homem estava péssimo. Um de seus colegas de trabalho o encontrou em seu apartamento queimando de febre e convulsionando. Além disso, involuntariamente o homem emitia gritos que se assemelhavam à ganidos. A morte do sujeito era iminente.

Antes de testar a vacina no homem, seu colega, um membro da TBC — empresa que patrocinava o estudo desse novo vírus — pediu para que antes, os cientistas testassem o vírus no homem. Ele já estava à beira da morte, todos sabiam, mas queriam levar isso ao extremo. Se o homem sobrevivesse, então todos veriam como a vacina é eficiente, e aquelas pessoas provavelmente iriam ganhar o respeito de toda comunidade científica. Como foi dito: "Se o homem sobrevivesse". Não sobreviveu. Veio à falecer pouco tempo depois de ser infectado com o novo vírus.

Enquanto todos conversavam sobre o que acabara de ocorrer, o homem que aparentemente estava morto, começou a mover vagarosamente a cabeça. Um sentimento de surpresa misturado com medo tomou todos ali em volta. Um dos cientistas se aproximou do homem, fitou com certo espanto seus olhos esbranquiçados. E então aconteceu. O sujeito puxou o cientista para perto de si num único movimento e mordeu a lateral do seu pescoço, arrancando pele e artérias. Sangue começou a jorrar para todo lado. Uma baita confusão que resultou em três mortos.

Após tudo isso, parte dos cientistas e membros da TBC, se juntaram para falar sobre o estudo e desenvolvimento do vírus. Várias questões éticas foram discutidas, mas ao final foi decidido que iriam continuar e que precisavam de novas cobaias para futuros testes. Não só precisavam de cobaias, como de um lugar para por tudo isso em prática. Várias idéias de projetos foram discutidas e dentre elas, a mais absurda veio do principal sujeito dali. O homem dono da Traditional Bawell Company e que financiava tudo aquilo. E por mais que alguns não concordassem, ninguém o questionava.

Atualmente, o homem responsável pelo projeto se encontra em seu escritório, na base militar de Washington D.C. Uma mecha de seu cabelo grisalho cobre parte de um de seus olhos, enquanto ele repousa em sua cadeira, um tanto pensativo. Ele não vem conseguindo dormir nos últimos dias e suas olheiras são bem nítidas. Um descanso seria bom, ele pensa, mas isso não é opção. Há coisas para serem feitas e ele volta a se lembrar disso quando ouve alguém batendo na porta.

— Entre.
— Com Licença, coronel — entrou na sala um homem num uniforme verde.
Bateu continência e esperou a fala do sujeito sentando à sua frente.
— Tenente-Coronel. Ainda não cheguei lá. Mas isso não importa agora... Por que não se senta? — e apontou para a cadeira frente à mesa. — Você não me parece muito bem, Thomas. Essas olheiras, barba por fazer.
— Me desculpe por isso. Fiquei bem ocupado nos últimos dias.
— Sim, entendo. Eu não durmo bem à dias. Mas espero que você encontre um tempo para se cuidar.
— Pode deixar, senhor.
— Bom, Thomas... pedi para que viesse aqui para lhe dizer que chegou o momento. Vamos dar início ao nosso projeto.
— Sério? — perguntou e foi logo abrindo um sorriso.
— Sim, e eu gostaria que você me indicasse dois soldados da base de New Jersey.
— Por que não um daqui?
— Vou precisar deles caso as coisas fujam do controle. Uma unidade está testando novas armas no Iêmem e talvez as coisas fiquem ruins para nós. Além disso, os homens que você escolher não podem chamar muito a atenção. Me falaram sobre um deles, se chama Isaac. Você o conhece, não?
— Sim. Ele saiu há poucos anos, mas ainda está em forma. Nós ainda mantemos contato.
— Isso é bom. Fale com ele e com algum outro, mas escolha algum experiente.
— Não se preocupe com isso.
— Assim espero, Thomas. Eu irei te passar o comando da base de New Jersey. Vou precisar ficar aqui em Washington. Você entende, não é?
— Perfeitamente.
— Quero que responda por mim nas reuniões. Se tiver duvida, entre em contato comigo ou apenas pense no que eu faria se estivesse lá. Espero poder contar com você.
— E pode. Daqui em diante irei fazer o que for preciso para alcançar nossos objetivos, não importa o quão perigoso seja. Se não concordarem com o que estamos fazendo, eu vou dar um jeito em todos.

Só de olhar os olhos azuis de Thomas, o tenente-coronel pode enxergar toda a insanidade de seus pensamentos, as loucuras que ele é capaz de fazer. Isso o faz ter um certo fascínio por ele.


— Muito bem, muito bem. Agora faça o que é preciso e mande os dois homens para aeroporto de Washington. Vou providenciar a viagem deles para Sydney. Isso é tudo. Pode sair agora.
Ele bate continência mais uma vez e deixa a sala, apressado para começar o que lhe foi pedido.


***


Washington D.C, EUA.06 de Maio 2017 às 14:45 PM.



Novamente, lá estava ele em sua sala. Finalmente havia tido uma boa noite de sono e estava com um ótimo humor. 

Uma jovem loira e com belos olhos verdes bate em sua porta. Estava um tanto nervosa e o tenente-coronel pode notar isso assim que ela entrou.

— Você... quem é?
— Brooke Williams, s-senhor. Eu vim para...
— Ah, é claro. Já ouvi falarem muito sobre você, senhorita Williams. Minha esposa diz que você é uma jovem prodígio. Espero que seja tudo isso que ela diz.
— Mesmo? Ela disse isso? Eu... Obrigado — ela estava ainda mais nervosa. Aquele elogio só contribuiu mais pra isso.
— Bom, sobre o que veio falar comigo?
— Vim apenas dizer que o avião já decolou com todos os passageiros da lista.
— Ótimo.
— E também tenho uma notícia que talvez não te agrade. Parece que notícias dos infectados já estão circulando na mídia. Alguns deles foram vistos atacando pessoas na Namíbia e na Angola, e de alguma forma isso foi se espalhando. Os últimos relatos de pessoas com os sintomas do vírus vieram do Oriente médio. Kuwait, Iêmem, Irã, Iraque... todos eles em apenas alguns dias. É um pouco assustador, não acha? Isso tá se espalhando rápido de mais.
— Fique tranquila. Vamos ficar bem... Sabe, você está fazendo um bom trabalho aqui. As pessoas da base só te elogiam. Uma pessoa como você seria útil para a TBC. Por isso, vou te transferir e assim outros irão te avaliar. Se for boa como dizem, então vai poder trabalhar conosco.

Ao ouvir aquilo, Brooke abriu um largo sorriso, mas logo o desfez.

— Se me permite, o que exatamente é esse vírus? O que ele é capaz de fazer? Até agora, tudo o que ouvi sobre ele não é nada bom.
— Poderá fazer as perguntas que quiser depois de sua transferência. Até o momento só discutimos isso com outros membros da TBC. Não tenha tanta pressa.
— Certo. Bom, era só isso — falou, se dirigindo até a porta. — Até mais.


Chega a ser engraçado falar para Brooke não se preocupar, ele pensa. Toda essa situação também o deixa inquieto. 

Ele ainda não sabe, mas em alguns pontos do país, nuvens de fumaça se levantam entre os gritos e a correria de pessoas apavoradas. Os mortos também se erguem, prontos para devorar cada ser vivo que aparecer em sua frente. É o princípio do fim.



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