Primeiras Impressões

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Primeiras impressões

Pov - Ana

Eu estava na varanda, sentada num banco velho, quando ele chegou. Da calçada já me lançou um sorriso, mas me mantive séria o tempo todo.

- Qual o problema, meu amor? Não parece bem - a feição em seu rosto logo mudou assim que ele se aproximou.

- Aquilo que me disse ontem... é loucura. Não vou colaborar com isso. Por mais que trabalhar naquele banco seja estressante, tem pessoas que eu gosto lá, que fazem a rotina menos pior... - Falei e ele foi se aproximando mais. Um tanto assustador, mas continuei firme. - Não vou fazer isso.

- Não... - sussurrou e segurou meu pulso. - Não precisa se preocupar mais com nada. Já conversei com os meninos, passei o plano pra eles. Vai ser rápido. Não precisaremos matar ninguém... Vamos pegar só o necessário. Eles vão seguir com a vida deles e a gente com a nossa. Teremos a nossa casa na Austrália e então vamos fazer o que você quiser.

- Não... - falei tão baixo que mal ouvi minha própria voz.

- Não podemos dar pra trás agora. Eu já comprei sua passagem. Você vai estar no avião quando tudo for acontecer. Quando desconfiarem de você, já vai estar longe.

***

Acordo num susto quando ouço um barulho. Olho em volta, mas tudo parece bem. As duas pessoas nas poltronas ao meu lado dormem tranquilas.

Ouço de novo sons como gritos abafados. Nas poltronas do outro lado do corredor, todos estão quietos também. Dou uma olhada nos outros e não vejo nada de anormal, exceto um cara espiando a parte de trás do avião. Penso em chamar alguma das aeromoças, mas provavelmente, assim como eu, ele também deve ter ouvido os gritos. Após alguns segundos ele se afasta da cortina.

Nojo, pavor. Posso ver tudo isso em seus olhos.

Ouço então sons como coisas caindo. Era como se tivesse um animal selvagem lá atrás. Outras pessoas também ouviram. Tiraram seus fones de ouvido e olharam todos para o homem de pé, próximo à cortina.

- O que tá acontecendo? O que são esses gritos aí atrás? - pergunto. Ele me encara por alguns segundos. Fico esperando pela resposta até que ele desvia o olhar.

- Os gritos... - ele começa. - É... Bom... As pessoas lá traz estão mortas. Estão... sendo comidas vivas por outras e... Somente olhando para acreditar.

E realmente não dá para acreditar, mas todo o barulho vindo da parte de trás me faz pensar que esse cara não seja louco, de fato. Talvez seja verdade. Fico tentada a levantar e quando estou quase lá, ouço ele dizer:

- Preciso que vocês me passem as suas malas. Vamos montar uma barreira, isso irá evitar que eles passem para esse lado até chegarmos ao aeroporto.

Olho em volta e todos já estão se levantando e retirando suas bagagens dos compartimentos no teto. Me levanto também, passo por alguns curiosos que faziam fila para espiar a situação pela cortina e vou em direção ao banheiro. Me tranco e sento na privada tentando voltar a realidade.

Que droga tá acontecendo? Já tenho um baita problema para lidar, não estou preparada para outro. Só o que posso fazer é fechar os olhos e tentar relaxar.

Os gritos do lado de fora parecem mais altos. "Sai, Sai" "Não chega perto" "Alguém segura ele"

Ouço também pessoas chorando, gritando o nome de outras, desesperadas.

Quando enfim deixo o banheiro, a primeira coisa que vejo é um cara de cabelos loiros na altura dos ombros, algemado. Ele empurrou dois homens de terno contra umas pessoas com uma aparência assustadora e aproveitou para tirar uma chave do bolso de um deles deles.

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⏰ Última atualização: Nov 16, 2020 ⏰

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