I'm A Witch, Just A Witch

79 20 4
                                    


Hope tinha suas costas coladas sobre a parede. Estava encostada para que ninguém a visse ali ao lado da porta ouvindo a conversa provavelmente "secreta". 

- Se o que Niklaus diz for verdade, não temos muito tempo. - A voz de Elijah passou pela porta.

Do que eles estavam falando? 

- Caroline quase foi morta! - O homem que ela ainda não conhecia alertou.

- Não... - Marcel se levantou da poltrona de couro avermelhado. - É uma missão suicida. 

Klaus colocou um pequeno sorriso cínico no rosto e se aproximou de Gerard. 

- Não se preocupe, meu amigo. - Passou seu braço em volta do pescoço de Marcel que o encarou com uma cara não muito boa. - Não podemos ser mortos. 

- O problema não é a morte. - Disse tirando o braço do loiro de si. - Sabe o que eles fazem com pessoas como nós? Eles torturam! Nos obrigam a falar tudo o que pudermos. Entram na nossa mente! E se eles colocarem as mãos em um vampiro original? E se descobrirem a Hope? 

Agora a irritação do híbrido era visível.

- Sabe o que é interessante, Marcellus? - Se aproximou um pouco mais do vampiro, apontando e encostando o dedo indicador em seu peito. - Você quer tanto quanto nós chegar até eles... resgatar a sua bruxinha. 

- Não vou poder resgatar Davina se todos nós formos pegos também. - Se afastou do Mikaelson deixando a sala. 

Ela continuaria despercebida ali, mas foi notada por Marcel. Era nítido que ele a veria.

Parou em frente a ruiva e cerrou seus olhos. 

Hope fez uma cara chorosa e levou seu dedo em meio aos lábios pedindo silêncio. Marcel obviamente não respeitou.

- Parece que tínhamos companhia o tempo todo! - Disse alto para que os outros ouvissem, ainda com os olhos fixos sobre ela.


. . .

Klaus encarava a garota sentada a sua frente. Ela parecia tranquila, não aparentava se importar em receber uma bronca ou algo do tipo, até porque ela realmente não se importava. 

- Até quando? - Ela perguntou agora encarando o pai nos olhos. - Até quando vão continuar escodendo as coisas de mim?

- Estamos te protegendo. - Respondeu sério.

Ela suspirou revirando os olhos.

- Não, vocês estão ocultando informações importantes que todos aqui sabem, exceto eu. - Retrucou em tom rude. 

- Se ocultamos informações é para a sua proteção. - O seu tom de voz se firmou um pouco mais. - Precisamos te manter segura. - Virou as costas e seguiu em direção a porta da sala.

Klaus sempre fazia isso, fugia dos assuntos.

Hope já irritada, fez um movimento simples com uma de suas mãos fechando a porta para que ele não saísse.

- Niklaus, escute ela. - Elijah que assistia tudo insistiu. 

- Eu ouvi. Que plano é esse? - Perguntou.

O loiro se virou lentamente na direção da filha para que pudesse a olhar nos olhos.

- Estávamos cogitando a possibilidade de fazer uma curta viagem a Nova Orleans. - Elijah respondeu já sabendo que Niklaus não diria nada.

- Se calar é um sacrifício pra você, não é Elijah? - Ironizou.

- Vocês não podem, é praticamente se entregar! - Negou com a cabeça.

Nova Orleans era onde sua família morava antes de tudo acontecer. Hope ainda não era nascida naquela época, nunca nem conhecera a cidade pessoalmente, apenas por fotos. Mas sabia, sabia que era cheia de humanos e que a Triad estava em todo canto daquele lugar. 

Nova Orleans já fora muito ocupada pelas facções anteriormente. Clãs bruxos poderosos, lobisomens e os vampiros. A guerra que ocorria entre as espécies por poder acabou ajudando a Triad no final das contas. Como poderiam lutar contra humanos se já haviam guerras entre si? 

- Eles não vão nos pegar! - Klaus insistiu.

- Não sabemos! Nada é garantido... É uma idéia burra. - Respondeu conforme seu tom aumentava.

- Você não devia estar envolvida nesses assuntos. - Disse encerrando a conversa, em seguida deixou o cômodo.

Hope se jogou de volta na poltrona, apoiando seus cotovelos sobre seus joelhos enquanto tampava seu rosto frustrada.

- Seu pai é cabeça dura. - O tio disse pacientemente.

A tríbida apenas levantou sua cabeça de volta o encarando com um olhar raivoso.

- Você concorda com ele nesse plano idiota. - Disse indignada.

- Não temos escolha.

Ela sorriu nasaladamente em sinal de irritação.

- Sempre tem outra opção, tio Elijah. - Se levantou.

Não esperou nenhuma resposta do vampiro, apenas passou pela porta como um vulto a passos pesados.


. . .

Os grilos faziam barulhos entre si, as folhas balançavam e as estrelas brilhavam. A lua estava redonda e brilhante. O frescor que vinha carregado com o vento batia contra a pele da ruiva que suspirava pesado.

Estava tão irritada, tão chateada, se sentia tão inútil. Ela não queria ser ocultada, queria ajudar, queria saber. Não era uma donzela em perigo e muito menos uma garotinha indefesa. Não precisava ser salva e nem protegida. Precisava ajudar, lutar, ir contra tudo o que odeia. Ela sabia dos riscos, sempre soube. Sua pele fervia devido a sensação intensa de raiva e sua cabeça doía. 

Ela controlava suas transformações, mas a lua cheia ainda fazia efeito sobre si. Raiva, tensão, agressividade. Belo momento para o astro pairar sobre a terra. 

Alguns passos foram ouvidos pela garota atrás de si. Se virou notando uma das pessoas desconhecidas que se abrigavam agora em sua casa. 

Ela estava sentada nos degraus de madeira da varanda. Sempre ficava ali, observando o jardim, borboletas, passaros. Às vezes seu momento favorito do dia era se sentar no lugar aos finais de tarde e desenhar paisagens no seu pequeno caderno. 

- Ah, desculpa... Não sabia que tinha alguém aqui. - A garota morena disse constrangida. 

Aquilo era tão estranho para Hope, ter algum tipo de interação com pessoas da sua idade. Raras vezes isso tinha ocorrido. 

- Tudo bem. - Sorriu mesmo não querendo sorrir. - Se quiser ficar... eu realmente não me incomodo. - Se referia ao ambiente em si, era nítido o constrangimento da garota ser dado ao fato de que ela já estava "ocupando" o local.

- Se é assim... - Se sentou no mesmo degrau que o seu, porém em uma distância afastada.

- Noite difícil? - Perguntou curiosa. 

- Bem, minha mãe foi baleada, fomos perseguidos por agentes, e perdi meus fones de ouvido... É! noite difícil. - Riu fraco. 

Que pergunta idiota, era óbvio que ela estava tendo uma noite difícil.

- Eu vi o que você fez hoje. - Sentiu o olhar da garota pesar sobre si. - Você é uma bruxa. - Sorriu.

- Quase só isso. - Respondeu em tom descontraído.

- Quase  isso? - Fez uma expressão confusa. 

- Já ouviu falar em um tríbido? Lobo, bruxa... Vampiro. - A maior negou silenciosa. - Talvez porquê eu seja a única da minha "espécie". - Fez aspas com os dedos.

- Como isso é possível? - Sua feição parecia um choque. 

- Eu também não sei. - Suspirou.

- Bom... - Ajeitou sua postura. - Eu sou a Josie. Sou uma bruxa, só bruxa. - Estendeu sua mão.

- Hope. - Sorriu genuinamente pegando a mão da atual conhecida. 

Revolution ✦ HosieOnde histórias criam vida. Descubra agora