22. A briga

821 61 18
                                    

Narradora POV

Gizelly estava sentada na cadeira do escritório com um dos pés no acento da cadeira. O queixo apoiado no joelho e uma das mãos abraçava a perna, enquanto a outra estava no mouse do notebook. Estava com um pouco de frio em sua bermuda e camiseta do pijama. Os óculos na ponta do nariz enquanto tentava ler os e-mails, mas sem sucesso. Batia a perna de ansiedade e olhava para o corredor a cada 10 segundos. Os ouvidos atentos para ver se escutava o barulho de chaves ou do elevador, mas estava um silêncio ensurdecedor no prédio. Ela olhava para a tela do celular. A última mensagem de Rafaella a amedrontava, pois podia apenas imaginar a ira da mineira. Conhecendo Rafaella como conhecia, talvez ela estivesse mais brava pelo fato de Gicela ter sido exposto do que pelo resto. O ciúmes da mineira era algo surreal às vezes...

Nas divagações de Gizelly, ela se assustou quando ouvir a porta bater. Levantou-se e saiu logo atrás de Jack Bacon, que cumprimentou Rafaella todo feliz, como sempre. Rafaella coçou a cabecinha de Jackinho e olhou para a namorada com um olhar gélido e afiado. Foi audível quando Gizelly engoliu em seco.

- Oi amor, tudo bem? - cumprimentou Gizelly, num sussurro.

Rafaella ergueu uma sobrancelha e se retirou para o quarto, passando pela capixaba sem nem olhá-la. Gizelly ajeitou os óculos e seguiu Rafa para o quarto, encontrando a mineira sentada na cama tirando o salto que usava. Encostou-se no batente da porta e esperou que a namorada falasse algo.

- Gicela é eterna, então - comentou a mineira, como se comentasse sobre o tempo.

Gizelly estava com a cabeça abaixada olhando os próprios pés, então conseguiu esconder o sorriso que deu ao ter certeza do ciúmes da namorada.

- A amizade sim - respondeu a capixaba com a voz calma e inocente.

- E ela tá sabendo disso? - alfinetou Rafaella.

- Claro, amor! Todo mundo sabe que eu tenho dona - respondeu Gizelly.

- Jura?! Tem mesmo?! E quem seria?! - questionou Rafaella, estreitando os olhos e colocando as mãos na cintura.

- Uma mineira extremamente ciumenta e absurdamente linda - respondeu Gizelly sorrindo numa tentativa de acalmar a fera.

- Não venha com essa Gizelly - exclamou Rafaella, levantando-se e ficando cara a cara com a capixaba, que se encolheu com a aproximação raivosa da namorada. - "Eu não posso mentir, ela é maravilhosa!" - citou a mineira com uma voz de falsete enquanto revirava os olhos.

- Amor...

- Você me disse que eu era melhor - interrompeu Rafaella.

- Mas é melhor, muito melhor! - respondeu Gizelly, o que suavizou as labaredas de ódio nos olhos verdes da namorada.

Rafa suspirou e deu as costas para a capixaba. Gizelly soltou o ar que havia prendido e relaxou os ombros tensos. Podia jurar que Rafaella iria parti-lá ao meio.

- Mas não muda o fato de ela ser boa - sussurrou Gizelly.

Rafa parou a meio caminho da cama, virou-se lentamente e encarou Gizelly com uma sobrancelha levantada como quem diz: "Não acredito que você disse isso..."

- Deusa, eu tô só brincando... - defendeu-se a capixaba com um sorriso amarelo.

Rafa avançou para cima de Gizelly com passos pesados e rápidos. Parou pouco antes de trombar com a namorada. Seus narizes quase se tocavam e encaravam os olhos uma da outra. Rafaella emanava fúria, era quase visível a aura vermelha a sua volta, como um véu, fazendo Gizelly se encolher ainda mais em frente a namorada irada que tinha.

PathwaysOnde histórias criam vida. Descubra agora