|| Prólogo ||

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Anos atrás...

Maju💮

Eu moro no morro da Nova Holanda com a minha vó, depois que meus pais morreram ela cuidou de mim, mas agora ela adoeceu e é minha vez de cuidar dela.

Trabalho na pensão da dona Carmem, já terminei a escola, penso muito em fazer faculdade, mas pra isso preciso de money né galera.

Tava indo pro baile de hoje junto da Oriana, minha amiga de infância.

Ana: Eu vô beber muito - fez uma dancinha escrota e eu ri

Maju: Mas amanhã vai ter que cuidar da tua irmã boba, vai beber muito não - acabei com a graça dela

Ana: Mikaela já tá grandinha, se vira - jogou a cabeça pro lado

Entramos já escutando aquela barulheira toda.

Já fui pra pista jogando minha raba lá no alto ao lado da minha ruiva.

Ana: Como essa tua tava é gostosa - deu um tapa e eu ri xingando ela - bora gata beber muitoooo

Fomos até o bar e eu sentei num banco de frente pro camarote e meu olhar cruzou com o do Rei que levantou o copo como cumprimento e eu sorri virando o rosto em seguida.

Ana: Bora virar - me esticou uma garrafa de vodka e pegou outra

Maju: 1, 2...3 - comecei a beber rapidamente - acabei - falei até meio tonta

Ana: Você sempre ganha - me mostrou sua garrafa na metade - deixa eu dar seu prêmio - ri já sabendo o que era e ela se encaixou no meio das minhas pernas e me beijou

Pois é galera eu e a Ana nos beijamos, amizade colorida é tudo.

No início fazíamos isso pra afastar garotos feios, mas acabou que o bagulho aprofundou e deu no que deu, mas é só amizade.

Maju: Aí eu amo essa música, bora - chamei a Ana quando um guri subiu no palco cantando

Eu e a Ana nos acabamos ali, rebolei, desci até o chão, bebi pra caralho.

Xxx: Aí loira, chefe tá te convocando lá em cima - chegou me cutucando

Maju: Eu vou se minha amiga aqui também for - sorri amarelo e ele bufou concordando e eu puxei a Ana pra subir

Eu só subia aqui quando a Ana tava de cu doce mais o Cobra, confesso que amo.

Maju: Cadê teu chefe - debochei e escutei uma voz grossa atrás de mim

Rei: Valeu mano - fez toque com o muleque - Iae mina

Maju: Oii - sorri olhando pra trás pra pedir ajuda a Ana, mas a bixa já tava no bar

Rei: Tua amiga nem perdeu tempo - riu olhando pra minha ruiva - qual teu nome guria

Maju: Maria Júlia, vô ser direta, pra que me chamou aqui - me fiz de Kátia e dei uns passos pra trás encostando na parede

Rei: Acho que tu sabe muito bem - se aproximou e colocou uma mão do lado do meu corpo

Maju: Tá quente aqui né - ri sem graça tentando sair dali, só tentando mesmo porque o Rei me agarrou pela cintura e puta merda que pegada - moço eu sou pura, faço essas coisas não

Rei: Tava bem animadinha com sua amiga lá em baixo né - roçou os lábios nos meus e antes que eu dissesse algo ele me beijou

Misericórdia que beijo do caralho, tô molhadinha já.

Rei: Bora sair daqui - assenti sem nem saber o que tava fazendo

Vô falar que foi a bebida, com certeza não vô lembrar de nadinha amanhã.

•••••••

Acordei com um peso na minha cintura, fui olhar e tava nua, olhei pro lado e tinha um par de olhos claros me olhando.

Maju: A gente transou né - ele assentiu - ah tá, hum já vou indo - me levantei e logo me arrependi vendo que tava nua

Procurei meu vestido e catei ele do chão, mas não achei minha calcinha.

Rei: Procurando isso - girou minha calcinha nos dedos e eu fui pegar, mas ele não deixou - nada disso loira, essa fica de recordação

Maju: E eu vô sem pra casa?

Rei: Isso, quem sabe da próxima eu não te devolva - falou cheio de deboche pro meu lado

Maju: Não vai ter próxima Rei, não sou essas gurias que você tá acostumado - falei antes de sair

Rei: É o que veremos loira - gritou

•••••

Aquela não foi a última vez que eu dei pra ele.

A alguns meses minha avó tinha morrido e eu ficado só e ele me deu maior apoio.

Nos envolvemos, marido e mulher praticamente, descobri que tava grávida, e tava indo contar pra ele.

Entrei na boca e quando entrei na salinha, vi ele e uma guria deitados pelados no sofá, ele dormindo e ela me olhando sorridente.

Não derramei uma lágrima sequer, daí dali e falei somente com a Ana e fiz minhas malas, tinha um dinheiro guardado e uma tia em São Paulo e foi pra lá que eu fui.

No caminho me lembrei de uma voz que minha vó dizia: "Pra tudo tem uma razão, pode não ter um final feliz, mas era pra ser assim, Maktub, estava escrito ou melhor, tinha que acontecer."

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