Capítulo 3

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[capítulo sem revisão, desculpem por qualquer erro]

Capítulo 3: É uma droga ser covarde

"Atende a merda do celular!!", eu estava completamente fora de mim quando gritei com o celular, como se estivesse falando com a minha irmã.

10 minutos haviam se passado desde que Finn disse que viria para cá e há 10 minutos eu tentava quase desesperadamente falar com Alice, mas o número do Mitch só chamava até cair na caixa postal. Ok, eu não podia esperar nada muito diferente já que estavam numa maldita festa com música alta, provavelmente bebida alcoólica e sabe-se lá mais o quê.

Eu só queria ter pensado nisso antes de aceitar ajudar a minha irmã com isso.

Eu já estava quase desistindo de tentar quando a ligação foi atendida.

"Oi. Alô?", Mitch gritou do outro lado da linha para se fazer ouvir por sobre a música alta.

"Eu quero falar com a Alice! Passa pra Alice!", pedi desesperada.

"O quê? Eu não consigo ouvir"

"Passa o telefone pra Alice!!", eu gritei de volta.

"Manda mensagem, eu não consigo entender. Vou desligar".

"Não! Não deslig...", tarde demais. Ele desligou.

Eu abri o aplicativo de mensagens, e mandei desesperadamente:

Me: Volta pra casa Alice.
Me: O Finn tá vindo pra cá
Me: Eu juro que tentei fazer ele desistir, mas ele parece muito mal com a briga de vocês

Mitch: Estamos ocupados aqui
Mitch: Manda o Finn para o inferno com as desculpas esfarrapadas dele
Mitch: E deixa a alice curtir a festa comigo

Me: Passa o telefone pra ela, Mitch

Mitch: Não

"Que idiota!", eu xinguei nervosa e joguei o celular sobre o colchão.

Procurei nos contatos do celular da minha irmã todas as amigas próximas a ela, que com certeza estariam na festa, mas ninguém me atendia. Que ótimo. Eu já tinha desistido de tentar entrar em contato com a Alice e tudo o que me restou foi apelar para o plano B: não abrir a porta.

Eu fui até a janela do meu quarto, que me dá vista direta para a entrada da casa, e olhei para fora, apreensiva. Um raio cortou o céu seguido de um trovão e eu nunca fiquei tão feliz com a possibilidade de cair uma tempestade.

"Chove, por favor. Chove logo", eu implorei olhando para o céu que, vez ou outra, era clareado pelo raio.

Alguns minutos mais tarde uma garoa começou e, num piscar de olhos, uma chuva forte. Eu sorri aliviada pensando estar a salvo. Voltei para o quarto da minha irmã e peguei o celular dela, para mandar uma mensagem ao Finn.

Me: Está chovendo, não vem.
Me: É perigoso, você pode sofrer um acidente ou ficar doente.

Ele não respondeu. Nem se quer estava online. Por um lado isso poderia ser bom, talvez tivesse dormido ou se distraído com outra coisa. Por outro lado poderia significar que estava a caminho e essa segunda opção me dava nos nervos.

A chuva forte se tornou uma tempestade num piscar de olhos. Eu ouvia o vento soprar do lado de fora e o chacoalhar violento das árvores causava um barulho assustador. Mais uma vez fui até a janela e olhei o que meus olhos conseguiam alcançar através do vidro. As luzes dos postes da rua estavam mais fracas e piscavam vez ou outra e tudo que eu podia fazer era implorar para não faltar luz. Estar sozinha em casa, no escuro e com uma tempestade lá fora seria demais para mim.

Ouvi o toque do celular da minha irmã, que eu havia deixado no outro quarto e corri até lá, crendo que seria ela a me ligar para me tranquilizar, dizendo que já estava a caminho. Para a minha surpresa, porém, o nome do Finn aparecia na tela e eu não atendi. Não porque não quis, eu só travei sem saber o que fazer. É uma droga ser covarde.

Quando os toques cessaram, eu fui até o aplicativo de mensagens e lá estava:

Finn: Eu tô aqui, abre a porta.
Finn: Tá muito frio
Finn: Isso que você tá fazendo é crueldade
Finn: É sério, eu tô todo molhado
Finn: Se eu ficar doente a culpa é sua.

Eu mal pensei no que responder e ele ligou outra vez. Ok, eu realmente não podia deixar ele lá fora. A tempestade continuava forte e não havia qualquer indício de que pararia rápido, além do mais, ele não tinha culpa de a minha irmã ser uma idiota as vezes.

Eu deixei o celular sobre a cama, vesti o roupão da minha irmã e sai do quarto, rumo a porta da entrada. A cada passo eu sentia o nervosismo aumentar ainda mais, o coração batendo rápido demais e a respiração ficando pesada. Até parecia que eu ia cometer um crime ou algo assim.

Eu cheguei na sala, destranquei a porta e paralisei com a mão na maçaneta, respirei fundo e abri.

Ele estava lá, molhado dos pés a cabeça, tremendo enquanto abraçava a si mesmo para tentar se aquecer. Assim que abri a porta, nossos olhares se encontraram e eu não sabia o que dizer. Eu sabia perfeitamente bem como minha irmã agiria, mas não era como se eu fosse conseguir fazer qualquer coisa naquela situação naturalmente.

"Até que enfim", ele reclamou parecendo impaciente e eu apenas abri mais a porta, dando espaço para que ele entrasse. "Pensei que ia me deixar morrer aqui fora".

Eu respirei fundo, tentando voltar ao personagem, enquanto fechava a porta, devagar quase parando, pra prolongar aquele pequeno período de tempo que teria, antes de ter que encará-lo e mentir descaradamente.

Quando me virei para trás, imaginando ver Finn lá, ele não estava mais. Fui para o segundo andar e o encontrei no quarto, cheguei bem no momento em que ele tirava a camisa. Por puro instinto eu tapei os olhos e, ainda de olhos fechados eu o ouvi rir.

"O que você tá fazendo?", ele perguntou entre o riso.

Nervosa, eu respondi ainda de olhos fechados: "Você deveria ir se trocar no banheiro".

Eu não abri os olhos para ver a sua expressão, mas houve um breve momento de silêncio antes de a resposta dele vir com um leve, quase imperceptível, tom de ironia latente: "Não tem nada aqui que você já não tenha visto antes".

Por alguns instantes eu esqueci que o meu papel ali era ser a minha irmã, namorada do cara que estava prestes a ficar nu na minha frente.

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