Capítulo 2 - Segundo Parágrafo: Explicação

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Explicação

Dignidade. Perfeição. Hombridade. Determinação. Competência. Essas eram apenas algumas das palavras usadas para descrever a família Uchiha. Médicos há pelo menos três gerações, quatro agora que Itachi era oficialmente um também. Eles sempre buscaram se superar e serem os melhores nos seus campos de especialidade.

Shisui tinha muito orgulho de sua família e das incontáveis vidas que eles tinham salvado ao longo dos anos, mas se fosse sincero... Estava contente por ter quebrado aquele paradigma de médicos, simplesmente não era a sua vocação. Ele era o primeiro investigador dos Uchihas. A reação dos familiares quando anunciou que não iria seguir os passos da medicina foi hilário e extremamente invasivo. Tinha sorte por ter um pai tão bom quando Kagami.

Seu genitor era um anestesista renomado e apesar de ter seguido a tradição de família jamais o obrigou ou o fez se sentir culpado por almejar algo diferente. Claro que ele ficou um pouco decepcionado, mas conseguiu lidar bem com isso. Lembrava até o hoje do dizer de Kagami: "filhos não foram feitos para ser uma extensão dos pais. São uma vida a parte com vontades e sonhos próprios, não vou fingir que estou 100% satisfeito com a sua escolha, mas se você tem certeza de que é isso que você quer então eu vou te apoiar com tudo que tenho."

Não foi fácil. O treinamento era exigente e as provas mais ainda. Isso sem contar o psicológico forte que precisava ter. Aquela profissão lhe colocava diante da face mais cruel e sanguinária que o ser humano podia ter. Por sorte, conseguiu uma vaga na cidade natal da família, Konoha. Ficaria sob o comando de Minato Namikaze que já ocupava o cargo de delegado há quase dez anos e possuía uma reputação integra e sólida como os delegados das grandes cidades, como da Capital, jamais teriam. Só estava esperando o fim das férias para ser oficialmente transferido. Seu tempo de descanso já estava nos últimos dias e ele aproveitava com o companheiro.

- Shisui?! – Itachi chamou. – Vem comer!

Ele e o primo poucos anos mais novo estavam juntos há mais de cinco anos e oficialmente noivos a um, desde que o outro se mudou de Konoha para cá a fim de terminar a especialização em cirurgia. Assumir aquele relacionamento foi de longe a coisa mais difícil que tiveram que fazer.

Fugaku, seu tio e pai de Itachi não era um homem cruel, mas era exigente. Sabia que o fato do namorado ser um gênio foi o fator decisivo para que não houvesse demais criticas e represálias. Podia não fazer sentido para a maioria, mas eles que vinham de uma família alimentada por status compreendiam. Fugaku queria o nome do filho vinculado aos Uchihas para que os grandes feitos dele como cirurgião fossem anexados as conquistas notórias do clã. E nem um relacionamento homossexual entre primos foi o bastante para nublar essa ambição.

Seu próprio pai por outro lado foi bem mais fácil de lidar. No primeiro momento Kagami encarou aquilo como um desvio da adolescência e levou alguns meses para crer nos fundamentos daquela relação. Mas confirme o tempo foi passando e eles se tornavam cada vez mais sólidos o genitor foi convencido de que não era um lapso da juventude e passou a apoia-los.

- Que sorte a minha ter o doutor Itachi Uchiha cozinhando para mim. – Brincou entrando na cozinha e vendo a mesa posta.

- Considere um privilégio investigador Shisui Uchiha. – O outro piscou.

O clima entre eles estava ameno, contudo tolos eram aqueles que achavam que a família foi o único obstáculo a ser superado. Um dos maiores problemas deles era a mania de perfeccionismo de Itachi. O mais novo era obcecado com a sua profissão e almejava melhorar e ser sempre o melhor todo tempo. Compreendia que aquele sentimento vinha da memória do rosto de todos que morreram na mesa de cirurgia, alguns não havia nada o que pudesse fazer, outros por falha da própria medicina e por isso sua busca por novas técnicas e aprimoramento nunca parava. Às vezes isso gerava discussões, um seminário atrás do outro, um congresso atrás do outro. Mais uma palestra, mais algumas horas de monitoria. Tudo isso deixava o tempo deles escasso.

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