Mr. Right

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O tempo é mesmo um conceito complexo e totalmente não linear, Namjoon ficou tão compenetrado com a presença de Seokjin depois do que aconteceu na biblioteca, mesmo que anteriormente o tempo já tivesse se tornado abstrato em sua percepção turva, que só conseguiu voltar para a cidade uma semana depois.

Esqueceu a aposta que tinha feito com os amigos, e a prova importante sobre Filosofia Kantiana, enquanto descia a colina, nem pensava na possibilidade de estarem preocupados. Era como se todas as situações anteriores ao momento em que tinha ficado preso no castelo de Seokjin, nunca tivessem acontecido.

A aposta, o Halloween, a preparação, tudo tinha desaparecido e enquanto voltava, estava preocupado apenas com o fato de não poder mais ver o vampiro, ou pelo menos por uma lacuna de tempo ainda não decidida pelos dois.

Enlaçado pela cintura, Seokjin, na barreira que dividia seu castelo do resto da floresta, ficava fora dos raios solares fortes que clareavam o topo das árvores, Namjoon roçava os lábios em sua testa e ele ria gracioso, esperando que Yoongi e Taehyung estivessem bem longe. Tinham feito piadas pela casa a semana inteira, dizendo que estavam felizes que Namjoon em breve teria de ir embora, pois não suportavam mais os barulhos.

— Pelas regras da casa, você não pode mais voltar, humano — murmurou Seokjin, fechando os olhos quando a ponta do nariz de Namjoon roçou em seu pescoço, beijando-o com delicadeza, como se ele fosse um pequeno boneco de vidro, uma coisinha pequenina.

— Eu não sigo regras, não sou adepto. — Seokjin gargalhou ao ouvir Namjoon, puxando-lhe os cabelos com alguma delicadeza.

— Você é um rebelde arruaceiro.

— Eu sou o skater boy da Avril Lavigne, e você é a bailarina que me dá um fora. — Beijou a ponta do nariz de Seokjin, sorrindo contra seus lábios quando seus olhos se encontraram tão de perto.

Seokjin riu, tinha achado incomum como as personalidades de Namjoon conflitavam, como ele era tão gentil e culto, compenetrado em seus estudos sobre Ciências Sociais e apaixonado por música clássica, ao mesmo tempo que andava de skate, ouvia músicas de pop rock duvidosas e andava de bermuda rasgada por aí. Era uma dualidade que a ele impressionavam, e que o apaixonava cada vez mais do início ao fim.

Mas, quanto a isso não podia negar.

— Eu sou, mas sem a parte do fora.

Sob a claridade que caminhava em direção a eles a passos rápidos, quando a mão de Seokjin queimou de relance, Namjoon decidiu que era hora de ir, despediram-se com um beijo doce, longo, mas com uma ponta de melancolia. Não que Namjoon planejasse mesmo não voltar, mas preferia manter o suspense da dúvida plantada no vampiro.

— Vocês por acaso se fundiram? — Ouviram Yoongi gritar ao fundo e com um balanço da mão de Seokjin, ainda no meio do beijo, uma árvore caiu na frente de Yoongi, fazendo-o dar um pulo e um grito.

— Isso é tentativa de homicídio! — urrou, fazendo o beijo partir-se em uma gargalhada dos dois.

Depois das últimas carícias trocadas, Namjoon sumiu pela parte cimentada da floresta, driblando galhos e árvores com seu skate, Seokjin observou-o a distância até que partisse.

Quando Namjoon apareceu na luz do dia, assustou-se com a quantidade de carros de polícia parados na entrada da floresta, sua mãe tinha os cabelos bagunçados em um coque e olheiras fundas e escuras, Hoseok andava de um lado para o outro e Jungkook foi o primeiro a avistar o líder, jogando-se em seus braços, apertando-o contra seu peito.

— Hyung! — O chamado ecoou tão alto pela floresta que pássaros voaram e animais se esconderam entre arbustos, era arriscado dizer que Seokjin podia ter ouvido.

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