Over the Garden Wall

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Namjoon arregalou os olhos ao vê-lo, principalmente porque sua expressão não era nada convidativa. Namjoon ainda não tinha entendido que o incômodo do vampiro tinha a ver com as rosas, o coração batendo forte contra o esterno cogitava a possibilidade de o problema ser simplesmente o humano a sua frente. Provavelmente todo mundo achava que os seres mitológicos odiavam a mera existência de seu diferente.

Enquanto isso, Seokjin fervia com a petulância do humano, pensando que poderia invadir sua propriedade e roubar suas flores, bem debaixo de seu nariz. Não podia passar por uma mudança tão abrupta de humor, não tinha ingerido ferro naquele dia ainda, então em breve o ar poderia faltar, a cabeça doer, ele ficaria tonto e não teria Taehyung para carregá-lo caso desmaiasse.

Isso acontecia com frequência, quando sua melancolia e rejeição o impediam de correr atrás de sangue saudável.

— Você pretende retirar a mão das minhas flores, ou terei de te obrigar? — Seokjin perguntou, abaixando-se lentamente para pôr a cesta e o regador no chão.

Seokjin se movia com tanta graciosidade que Namjoon pensou estar vendo um bailarino no palco realizando um plié, seus olhos piscaram, desnorteado, seu cérebro estava nublado, recebia o sinal de estática como uma televisão com a antena defeituosa. Apresentava um nítido erro de funcionamento, seu programa não executava e não sabia se o motivo era a presença do vampiro, ou por dúvida um "ele" indefinível gravado em seus olhos, e preso na mente de Namjoon.

— Bom, infelizmente teremos que ter uma conversa. Preciso dessa flor. — A gargalhada de Seokjin ecoou na floresta vazia, e alguns Tecelões Asiáticos voaram de cima das árvores sobre o riacho de seu castelo.

— Não precisa, não.

— Eu gostaria de concordar com você, mas realmente minhas condições dizem o contrário. Fiz uma aposta com uns amigos e preciso levar essa flor, tenho certeza de que você não vai se importar, afinal de contas, tem muitos outros arbustos ao seu alcance.

Seokjin estava abismado com o atrevimento, ele estava querendo barganhar contando seus problemas, sem se importar nem um pouco com o fato de Seokjin ser um vampiro, pois tinha absoluta certeza de que Namjoon sabia.

— Humano, eu já estou me importando! — exclamou exasperado, passando a mão direita sobre os cabelos que, desequilibrando seu personagem cético e estarrecido, caíram sobre seus olhos.

Namjoon reparou de relance, quase como uma sombra, um suspiro delicado, a ponta dos dedos do vampiro, suas unhas longas deslizando sobre os fios sedosos do cabelo, como se ele não maneirasse nas cenouras.

De fato não o fazia, eram ricas em Ferro, mas disso Namjoon não sabia.

— Ah, não seja tão inflexível, Vampiro!

Namjoon esticou a mão direita em direção a flor novamente, tocando-a e olhando para ele, um sorriso travesso fazia sombra em seu rosto de traços fortes, os olhos se encurtaram e ele com certeza estava desafiando Seokjin a fazer algo.

Odiava que tocassem em suas flores, Seokjin era possessivo sobre suas coisas, e o que era seu lhe pertencia em absoluto.

Com um movimento rápido que Namjoon sequer previu, Seokjin empurrou-o no tronco da árvore do outro lado e segurou suas mãos, apertando seus pulsos.

— Humano, se você tocar nas minhas flores mais uma vez, eu vou quebrar cada um dos seus ossos. — A voz incisiva, profunda e aveludada, absurdamente aveludada segundo Namjoon, foi direta, olhando-o nos olhos.

Namjoon esticou a mão, ou foi levado a fazer isso, segurando o queixo de Seokjin, que pensava que aquela ameaça era tão primitiva que lembrava os mesmos antepassados que foram amaldiçoados por sua brutalidade, e que ele claramente jamais faria algo parecido. Acariciou a pele aveludada de Seokjin e sorriu.

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