Sentado na poltrona de couro da biblioteca de sua mansão ancestral em Hampshire, Thomaz Clifford, o décimo segundo Duque de Melrose, olhava o líquido âmbar dentro da taça de cristal como se ele fosse capaz de o fazer esquecer a decepção que sentia ao ver que sua existência havia se tornado, a cada dia, mais miserável.
De nada lhe adiantava um título tão importante ou a influência de seu sobrenome... Simplesmente se sentia o homem mais miserável do mundo.
Um homem em sua posição deveria encontrar uma esposa dentre as famílias mais abastadas. Talvez a filha de um marquês ou de um conde, mas desde que legítima, lhe dissera sua mãe há dois anos. Estava perto de completar trinta anos e era esperado que ele tivesse herdeiros para passar adiante o título e o bom nome da família. Afinal, fora criado para isso, para que a obrigação sempre fosse colocada acima dos anseios do coração.
O vento gelado batia nas janelas de vidro. Os esparsos raios de sol anunciavam a chegada do inverno antes da época e talvez nevasse nos próximos meses. Thomaz não conseguira pregar o olho naquela noite, como em todas as outras que se seguiram depois do falecimento da duquesa durante o parto da filha.
Fazia seis meses que aquele evento o havia tornado, além de um viúvo, um homem traído. Tanto empenho para encontrar a candidata perfeita para ser sua duquesa para ao final se casar com uma traidora, que veio para o leito nupcial já grávida de outro.
Lady Harriet Wallace foi a aposta de sua mãe para ser a próxima Duquesa de Melrose. De gestos contidos e voz suave lhe pareceu a escolha perfeita. Não lhe exigia amor e comportava-se como a típica dama recatada, não fosse o ventre já volumoso que escondia embaixo do espartilho.
Aquela maldita noite de núpcias deveria ter sido esquecida para o bem de seu juízo.
Mas não conseguia.
Harriet o havia tratado como um otário, acreditando que poderia enganá-lo.
E Thomaz se ressentia verdadeiramente por aquela situação que o havia obrigado a deixar de viver ao lado de quem realmente seu coração desejava.
A filha bastarda da Condessa de Richmond ainda o acompanhava noite após noite, permeando seus sonhos e deixando-o ansioso por sua companhia.
Greta era a mulher que ele desejava desde o dia em que seu melhor amigo a apresentou. Fora criada por plebeus a pedido da condessa por ser fruto de um caso extraconjugal, o que não a tornava uma boa pretendente ao posto de duquesa. E somente por isso evitou se declarar para ela.
Mas a tolice cobrava seu preço hora ou outra. E acabou legitimando uma bastarda por ter sido enganado por uma dama de mente ardilosa.
— Milorde. – Seu mordomo Briggs arranhou a garganta para chamá-lo.
O duque o olhou de soslaio, já pensando em dispensá-lo.
— O que foi dessa vez? – perguntou ele.
— Uma dama o aguarda – avisou o homem mais velho, que serviu também ao seu pai. — Ela veio de longe e diz que é sua amiga.
Thomaz se levantou e depositou a taça na cornija da lareira, onde o fogo ardia para aquecê-lo em sua solidão. Ele não esperava nenhuma amiga, e sua mãe estava na França para se recuperar da desilusão de ter escolhido a dama errada para ser esposa de seu filho; também não poderia ser uma de suas amigas. Além disso, era muito cedo para receber visitas. E essa misteriosa situação o deixou curioso.
— Eu a receberei – decidiu ele, passando as mãos pelos cabelos. Não estava em sua melhor apresentação. — A conduza até a sala verde. A receberei lá – ordenou, mas mal pôde terminar a frase quando um amontoado de cetim e renda se jogou em seu pescoço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Duque e a Bastarda - Encantos de Amor, 01 *AMOSTRA *
Ficción históricaLEIA COMPLETO NA AMAZON: https://www.amazon.com.br/dp/B08PTKGJ6P Thomaz Clifford, Duque de Melrose, está de luto em razão da morte da esposa e, por esse motivo, refugiou-se em sua propriedade, em Hampshire, para esconder a vergonha de um casamento f...