Capitulo 18

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Kagome

Assim que chegamos no vilarejo cada um de nós foi cuidar dos ferimentos causados pela última batalha contra Naruku. Era evidente que todos estavam cansados, mas ainda tinha algo a fazer antes de dizer que realmente acabou, então aproveitei esse meio tempo para juntar os fragmentos restantes da jóia e agora só faltavam dois para que ela ficasse completa mais uma vez.

Me sentei um pouco afastada da cabana de Kaede vendo todos os meus amigos tentando se recuperar da luta.

Sango e Miroki estavam recostados em uma árvore passando um curativo feito com pastas medicinais colocando em cima de seus machucados, Shippo estava deitado nos pelos de Kirara descansando, a muito esses dois já haviam dormido e InuYasha trouxe Kikyou com muito cuidado do campo de batalha e estava ao lado dela vendo que aos poucos seu corpo que estava se despedaçando, não resistiria por muito mais tempo. Suspirei.

Pude sentir a energia de Kouga ao longe se aproximando e por um breve momento também senti uma outra energia, algo que eu nunca tinha sentido antes, uma energia totalmente nova e vinha de dentro de mim.

Isso era estranho.

Sendo uma sacerdotisa essa energia não poderia estar sair de mim. Porque isso estava acontecendo? Mesmo obtendo a marca de Sesshomaru, isso não aconteceu, então porque agora? Mesmo pensativa decidi afastar os pensamentos sobre isso no momento em que avistei um redemoinho de vento que deixava claro de quem poderia ser.

- Lobo fedido. – Rosnou InuYasha irritado, assim que ele parou de correr já estando na frente de todos.

- Está bem acabado cara de cachorro. – Retrucou ao parar de frente a InuYasha que parecia querer matá-lo.

Não queria perder mais tempo, ouvindo a habitual saudação dos dois, então me aproximando deles e disse.

- Kouga, preciso dos seus fragmentos. - Estendi minha mão para pegá-los.

- Eu imaginei que pediria. – Pareceu triste ao remover os fragmentos de suas pernas e me entregar.

- Obrigada. – sorri melancólica para ele e caminhei até Kikyou que me olhava confusa. – Acredito que devamos fazer o pedido juntas, já que de certa forma possuímos a mesma alma. – Falei mesmo sabendo que ela provavelmente pediria para voltar a vida e talvez eu não poderia mais continuar vivendo.

- Você tem certeza disso? A jóia pertence a você agora. – Disse firme.

- Tenho, você merece uma nova chance Kikyou. – Respondi sorrindo, dessa vez com sinceridade.

Me aproximei mais dela e a fiz tocar na jóia incompleta, assim que a Shikon teve um contato simultâneo com as nossas energias, voltou a se completar e voltar a ser aquela bolinha rosada que vi no começo de minha aventura. Juntamos as mãos.

- Jóia de quatro almas, desejamos fazer nosso pedido! – Falamos ao mesmo tempo e em seguida tudo a nosso redor escureceu, restando apenas nós duas com a jóia brilhando em nossa frente.

- Então diga sacerdotisas, quais são os seus desejos? – Uma voz vindo da jóia perguntou.

Kikyou e eu nos olhamos e assentimos voltando a nossa atenção a ela.

- Desejamos que a sacerdotisa sem corpo volte a vida e que a Shikon no Tama desapareça para sempre. – Mais uma vez dissemos juntas.

- E que possamos compartilhar a mesma alma sem sacrificar a vida da outra. – Continuou Kikyou me surpreendendo, afinal imaginei que o seu único desejo seria o de retornar a vida para estar ao lado de InuYasha de novo.

- Que assim seja. Vosso desejo és puro, então as atenderei. – Uma luz rosa tomou conta de minha visão e depois tudo sumiu novamente ficando escuro.

Aos poucos fui abrindo meus olhos, confusa, ouvia vozes familiares e devagar consegui ver quem estava ao meu redor, olhei assustada a tudo pois aquele quarto era o meu quarto da era atual.

- Querida como se sente? – Perguntou minha mãe, a olhei.

- Confusa. - olhei de novo ao meu redor - Mas como vim parar aqui? – Coloquei a mão direita em cima da minha cabeça e tentei me levantar, mas fui parada por ela.

- Você não pulou o poço? – Questionou minha mãe. – Te encontramos desmaiada ao lado dele dois dias atrás. – Completou ela.

Arregalei os olhos.

- Não, eu não pulei o poço. A última coisa que fiz foi pedir um desejo a jóia e... – Foi aí que me lembrei da parte de Kikyou. Rapidamente me levantei e comecei a correr em direção do poço.

- Querida espere! Você acabou de acordar! – Dizia minha mãe correndo atrás de mim.

Assim que cheguei no poço tentei tocá-lo mais fui repetida por ele, tentei novamente, de novo e de novo, mas a reação continuava a mesma, só que a cada tentativa era como se minha energia diminuísse e uma dor sem igual vinha de volta, principalmente em minha barriga.

- Já chega, minha filha! – Minha mãe me abraçou me impedindo de tentar cruzar o poço mais uma vez, escondi meu rosto na curva de seu pescoço e me permiti chorar.

Não podia mais voltar para a era feudal e não sabia se um dia veria Sesshoumaru novamente. Estamos separados por um espaço de tempo de quinhentos anos!!! Chorei ainda mais.

Eu quase comecei a me desesperar, até que a senti, a marca, ela ainda estava em meu pescoço! Limpei as lágrimas depois de muito tempo e pensei que esse era o meu único consolo para continuar, por esse motivo ainda tenho esperanças de que ele sobreviva e me encontre aqui na atualidade.

Sesshoumaru

Após o lobo entregar os fragmentos, Kagome se dirigiu até a miko morta e ambas decidiram realizar um pedido a jóia. Mas quando ambas disseram isso as duas desapareceram de nossa visão, não senti mais o cheiro de minha fêmea e isso me preocupou.

Algumas horas depois sentimos o cheiro da miko morta próximo ao poço e fomos ao seu encontro, mas alguma coisa estava estranha porque o cheiro dela estava diferente, já não era de ossos e terra e parecia que ela estava sozinha.

Ao chegar no local tive a confirmação de que apenas a miko do bastardo estava ali e agora podia-se ouvir um batimento cardíaco vindo de seu corpo desmaiado, esse era um claro sinal de que agora ela estava viva.

Inuyasha se aproximou dela depois de alguns instantes parado parecendo estar em choque e pude ver a felicidade em seu rosto, mas eu não me importava com isso e sim com o fato de não sentir mais o cheiro de minha fêmea, farejei o ar mais uma vez e nada.

Rosnei, como essa humana tem a audácia de retornar sozinha? Queria a interrogar, mas se passou dois dias para a miko do hanyou acordar. Assim que ela acordou não esperei nem mais um segundo para perguntar.

- Humana, onde está a fêmea deste Sesshoumaru? – Questionei frio e ela por sua vez me olhou calma.

- Fizemos nossos pedidos, mas eu pedi um adicional de que ela continuasse viva mesmo que eu retornasse à vida, pois dividimos a mesma alma. Pelo visto ela voltou para o futuro. - suspirou, seus olhos pareciam tristes quando olhavam para mim - Acho que não podemos ocupar o mesmo espaço de tempo então provavelmente ela não poderá voltar ao passado. Sinto muito Lorde do Oeste. – Respondeu abaixando a cabeça.

- E o que significa exatamente? – Perguntei emanando um rosnado.

- Significa que ela está em seu tempo à quinhentos anos a frente do nosso, aquele em que ela sempre mencionava. – Terminou de explicar.

Eu não sabia se ela já tinha terminado de falar e isso pouco me interessava, então me virei e segui indo até o poço.

O cheiro dela havia desaparecido e sentia que o poço não tinha mais qualquer utilidade. Toquei na minha marca e ela ainda estava lá, por isso sabia que ela ainda estava viva. Irei acreditar nas palavras da humana do bastardo e esperar até o dia em que poderei lhe encontrar novamente.

Voltei para o meu palácio.

De tempos em tempos eu voltava até o vilarejo do hanyou e parava em frente ao poço, mesmo que eu soubesse que ele não iria funcionar, meu corpo se movia inconscientemente para lá, porque além da sua presença constante em meu castelo, ali também se encontrava algumas lembranças dela. Shippo e Rin me acompanhavam na maioria das vezes quando eu vinha e assim eles também poderiam aproveitar para fazer uma visita aos filhos do casal da taijiya e do monge e seus outros amigos.

O pequeno youkai raposa sendo tão apegado a Kagome veio até mim poucos dias depois dela voltar a sua era, e como eu sei que ela o considera como um filho eu decidi criá-lo assim como Rin. Então o treinei para o combate e o ajudei com os seus diversos estudos.

O tempo foi passando e junto dele houve mudanças no mundo, as cabanas aos poucos viraram casas, e logo depois surgiram prédios, as pessoas que antes moravam em vilarejos agora moravam em cidades, o trabalho também mudava aos poucos.

Os tais prédios que foram surgindo não eram só para moradia e sim para o trabalho, várias empresas se formavam aos poucos e essas mudanças obviamente também chegaram até o Oeste.

Como o tempo todos os youkais eventualmente tiveram que aprender a conviver com os humanos, escondendo a sua verdadeira essência entre eles. Minha aparência agora não mostrava mais a meia lua em minha testa e minhas marcas pelo corpo todo tinham sumido, a única que fica visível é a de meu pescoço que os humanos simplesmente vêem como uma simples tatuagem.

Nesse meio tempo um dia o bastardo se aproximou junto de sua fêmea e acabamos abrindo um negócio juntos, mas apesar de dividirmos o nome e a empresa, ele cuida de uma filial fora do país, junto de seus filhos e eu permaneço aqui no Japão, na intenção de encontrar a minha Miko.

Depois de tantos anos finalmente a era em que minha fêmea vivia havia chegado, esperei passar o tempo que o bastardo dizia que ela vivia para não atrapalhar suas idas e vindas da era feudal. E hoje finalmente iria encontrá-la! Não era só eu que estava ansioso com isso, Shippo também estava, mas por ele ser o advogado da empresa, ele não podia sair porque estava lidando com um cliente nesse exato momento.

Hoje de manhã tinha acordado cedo devido a minha ansiedade, vesti um terno italiano preto e segui até a garagem de minha mansão que havia mandado reformar, já que antigamente era o meu castelo. Achei mais prático fazer desse jeito, já que não queria me mudar para outro lugar.

Decidi usar o meu carro esporte vermelho e a tarde quando saí da empresa farejei o ar logo sentindo o delicioso cheiro dela. Já fazia alguns anos que ele tinha que se controlar para não ir atrás dela sempre que sentia esse cheiro inebriante.

Mas dessa vez, eu fui atrás dele e segui na direção de onde ele estava vindo.

Entrei no carro, e dirigi parando em frente a um shopping, ali o seu cheiro estava mais forte, mais concentrado, então com certeza ela estava ali dentro. Saí do carro entrando dentro do edifício, subi a escada rolante até chegar na área de alimentação e olhei ao redor a procura dela tentando distinguir os diversificados cheiros.

Encontrei, mas no momento em que dei um passo para ir em sua direção, fui atingido por duas meninas que acabaram caindo sentadas no chão.

Uma possuía cabelos brancos com uma mecha vermelha e a outra cabelos negros com a mesma mecha de cor vermelha. Seus olhos possuíam a mesma coloração que os dos meus e elas pareciam constrangidas ao me ver, pareciam ter no máximo quatro ou cinco anos.

- Desculpa. – Pediram envergonhadas se erguendo.

- Towa, Setsuna. Estão bem? Por que correram? – Perguntou uma linda mulher de cabelos negros e uma pequena mecha vermelha em seus cabelos.

- Desculpa mamãe, mas é que sentimos um cheiro peculiar. – Disseram as duas.

Eu olhei para aquela cena surpreso, estava mais do que claro, quem era a mulher na minha frente, pois o seu cheiro a entregava, mas o meu cérebro ainda parecia tentar resolver essa equação da mulher e das duas garotinhas. Mamãe, como assim mamãe?

Senti o cheiro ao meu redor, mas o cheiro daquelas garotas estavam ocultos, estão só podiam ser youkais, mas de repente a barreira que as cercava caiu e eu pude sentir.

Elas são nossos filhotes!!! Não consegui conter um sorriso de aparecer em meu rosto e sorri abertamente. Mas diferente de minha expressão minha voz saiu urgente em um rosnado. Assim que a realidade me atingiu mais uma vez, voltando ao meu estado original.

- Fêmea! - Seus olhos me mostravam surpresa, quando nossos olhares se encontraram.

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