Capítulo 15

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Três dias, foram malditos três dias sem enxergar por causa daquela droga de basilisco.

Sasuke jurou socar o rosto de Obito por aquilo tudo.

Após os dias torturantes, Sasuke enfim abriu os olhos conseguindo enxergar normalmente e quando se virou na cama, deparou-se com o loiro sentado em uma poltrona e debruçado sobre o colchão, em uma posição nada confortável.

Sasuke levantou-se, ainda sentindo dor em várias partes de seu corpo, porém contentava-se em apenas conseguir enxergar bem novamente, a recuperação do resto de seu corpo poderia demorar um pouco mais, ele não se importava.

O Uchiha andou pelo apartamento, pensando que aquele lugar era mesmo a cara de Naruto.

Ele deveria ir embora, antes mesmo do loiro acordar, mas seria muita ingratidão e ele... sabia que não conseguiria fazer isso.

Sasuke foi até o quarto e fez com que Naruto se deitar na cama, sentindo um incômodo pelos machucados pouco expostos no corpo do loiro, mas que ele sabia que ainda estavam ali.

Com algum esforço, ele colocou o homem na cama e o viu abraçar os travesseiros de uma forma infantil — e incrivelmente fofa, aos olhos de Sasuke, mas ele nunca admitiria.

Sasuke foi até a cozinha, mexendo nos armários e pensando no que poderia fazer para ele comer.

Não fazia ideia do que Naruto gostava, mas se ele havia comprado aquelas coisas então tecnicamente seria difícil errar no que fazer para o café da manhã.

Seria de grande alívio para a consciência de Sasuke fazer algo para o loiro, pelo menos o mínimo, já que Naruto havia cuidado dele por alguns dias.

Naruto saiu do quarto, com o cabelo bagunçado e extremamente sonolento — também fofo aos olhos de Sasuke, mas ele também nunca admitiria.

Ele paralisou ao ver Sasuke com um pano de prato sobre o ombro e andando de um lado a outro na cozinha.

— Eu nunca vou poder ver de novo o Sasuke manhoso porque não queria que a Clotilde morresse, não é?

Sasuke sentiu seu pescoço todo queimar e a quentura subir para seu rosto, ele não lembrava bem o que havia dito quando estava medicado.

Ele apenas bufou e terminou de fazer os ovos mexidos com bancon.

— Você não precisava... sabe... — ele apontou para a cozinha. — Fazer isso.

O Uchiha balançou a cabeça em negativa e resmungou:

— Não sou o tipo que dorme na casa de um cara e sai sem se despedir.

Naruto cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.

Maldito.

— Ok talvez...

— Você é.

Naruto sabia, ele sabia, mas ele nunca admitiria.

Ele ainda se perguntava o quanto o loiro o odiava.

— Ok, o que temos para o café da manhã, Senhor Uchiha? — Naruto disse se sentando em uma das banquetas ao redor da bancada da cozinha.

Sasuke Uchiha era alguém que apreciava as noites e madrugadas, mas naquele momento, a luz do sol que adentrava o apartamento era tão reconfortante quanto a presença de Naruto e o cheiro de café que preenchia o lugar.

As marcas, agora ele podia ver com clareza, estavam no pescoço de Naruto, pelos braços e desciam pela regata até onde Sasuke não podia ver.

Quem ousaria fazer uma coisa daquelas?

Quem teria coragem de enfrentar Naruto Uzumaki?! E bater nele de uma forma que o deixou marcado e machucado?!

Não podia ser real, sua visão deveria estar deteriorada por causa do basilisco, ou do cheiro do esmalte que um dia esteve em suas unhas.

Naruto o encarava, olhava para ele com um olhar afetuoso que ele sabia que nunca mereceria.

Tinha inveja da pessoa que mereceria aquele olhar.

Ele era... tão bom com todos e tão... tão doce.

Sasuke gostaria que sua mente parasse de traí-lo daquela forma e deixasse de ter tais pensamentos enquanto encarava abobadamente os olhos ridiculamente azuis de Naruto, e ele o encarava de volta, com o mesmo olhar abobado e ridículo.

— Então... auror?

Naruto, que até o momento parecia estar no mesmo transe que Sasuke esteve, mexeu no cabelo de sua forma desajeitada e sorriu.

Ele parecia contente.

Isso era bom.

— Meu avô queria que eu fosse.

— E a herbologia?

O loiro se encolheu.

— Isso... não é prioridade no momento.

O que seria prioridade se não o amor dele?

— Bom, espero que sua namorada não tenha ficado brava por eu ter usado meu mangekyou nela.

E de qualquer forma, Sasuke não gostou dela, não iria se desculpar também, ela foi hostil.

O rosto de Naruto empalideceu.

— Hinata? Minha namorada? Não!

Então ele não havia notado que ela gostava dele?

Naruto era um tolo mesmo.

— Ela é atendente da minha loja, eu tenho uma loja de botânica, às vezes eu fico como atendente.

Ele ainda falava demais.

Foi bom notar que algumas coisas não mudaram.

E continuariam sem mudar.

— Eu.. eu vou embora, — Sasuke começou a dizer e quando o loiro o encarou com uma tristeza no olhar, o Uchiha pensou se deveria mesmo ter dito aquilo.— irei me reportar ao Ministro da Magia e ao chefe da seção.

Naruto não o encarou, agora estava olhando fixamente para a bancada.

— Talvez seja mais seguro pra você fingir que nós não nos conhecemos.

Sasuke viu lágrimas se formarem nos olhos do loiro e ele as limpou rapidamente.

O Uchiha caminhou pela casa e foi em direção à porta, mas antes de sair ele se virou para o loiro, talvez com uma esperança de que ele estivesse olhando para ele também.

Mas tudo o que Sasuke conseguiu enxergar foi uma marca roxa na nuca de Naruto.

Ele não conseguiria ficar quieto perante aquilo.

Não agora.

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