CAPÍTULO IX

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PdVR

"Rafa"

Algo doía.

Pescoço. Bunda. Coluna. Pelo amor de Deus, minha coluna estava me matando.

Jesus, a dor.

"Rafa, acorda" eu ouvi alguém sussurrar.

E reconheci.

Resmungando alto, eu estiquei meus braços e doeu pra cacete.

Onde diabos eu estava?

Meus olhos se abriram, e só vi escuridão, mas de uma coisa eu estava certa: estava sentada na porra do chão.

"Acordou, Rafa?"

Bianca.

"Ãhn" foi o que saiu. Vamos tentar de novo "Hum..."

Excelente.

"Vamos sair do chão, vamos?"

Eu assenti a cabeça que nem uma boba, ainda confusa, mas enquanto eu - de alguma forma - me levantava, vi que estava no quarto da Laura.

De novo.

Meu Deus, eu dormi do lado da cama dela.

"Que horas são?" grunhi enquanto esfregava os olhos.

"Três da manhã"

Que ótimo.

Daí eu lembrei...

"Merda, eu te deixei na sala de música, né?" eu disse, me sentindo uma completa idiota. "Desculpa, Bia, eu não imaginei que ia cair no sono-"

"Rafa"

"Quê?"

"Cala a boa, e vamos pra cama."

Algo a se pensar...

"Ãhn, ok" respondi sem jeito.

Ela pegou minha mão.

Trinquei os dentes pra me segurar e não implorar para ela... fazer algo. Mas é que é foda: a mão dela cabia perfeitamente na minha. Quente, macia. Pequena.

Maldição, para!

"Vem" ela sussurrou, me puxando pela mão.

Mais uma vez assenti que nem boba, e simplesmente a deixei que me guiasse... até o meu quarto.

"Obrigada" sussurrei. Por tudo que você é...

Quando chegamos à porta do meu quarto, ela soltou a minha mão, mas eu tinha que... pelo menos...

Sim.

Eu me abaixei... e pressionei meus lábios na sua têmpora.

Respirei-a.

Gostaria de fazer isso por mais tempo.

"Boa noite, Rafa" ela disse baixinho depois que eu a soltei.

Com uma mão na maçaneta, respondi.

"Doces sonhos, Bia".

Domingo foi doloroso.

Bianca e eu focamos na Laura o máximo possível.

E era impossível não pensar nela... nas duas interagindo como filha e...

Enquanto brincavam com as bonecas da Laura, tudo o que eu podia fazer era observar o quanto minha menina idolatrava Bianca. Estava ali, a cada segundo. Se Bianca vestisse sua boneca de roxo, então a Laura fazia o mesmo. E assim foi, e eu testemunhei tudo. Elas não eram amigas. Bianca não era a babá da Laura.

UM SINALOnde histórias criam vida. Descubra agora