× Capítulo 58 ×

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{Josh}

- quando eu tinha 7 anos conheci Bailey, ele era da minha turma e nos tornamos muito próximos um do outro, à medida que o tempo foi passando nós viramos melhores amigos, partilhávamos tudo, pedíamos opiniões, às vezes sobre garotas. Até uma garota da escola me chamar a atenção - vejo o desconforto nos olhos de Sina e aperto sua mão - falei para Bailey que estava a achando bastante interessante e que talvez eu tentasse algo com ela, e tentei. A gente saiu algumas vezes, beijamos nos e eu percebi que eu amava ela, Bailey sabia de tudo e sempre me demonstrou apoio, a sua maneira. Mas acontece que demonstrar nem sempre é a realidade - a olho - Bailey sabia que naquele dia eu ia pedir ela em namoro, ele troçou da minha cara, talvez ela só quisesse se divertir um pouco comigo, mas eu fui em frente, sei que era a maneira dele de me ensinar a não ter e não mostrar fraqueza, de não ligar para o que os outros dizem. Eu procurei ela pelos corredores enquanto várias pessoas me olhavam, umas rindo outras me olhando com pena até que me indicaram o lugar que ela estava, o armário dos empregados, achei estranho ela estar lá mas vai que ela precisava estudar num lugar silencioso ou falar com alguém - rio para mim próprio - eu era tão inocente Sina que quando abri a porta e vi meu melhor amigo beijando ela não acreditei e pensei que era algum tipo de brincadeira para me incentivar, mas não. Eu devia saber, Bailey sempre foi o cara galinha, o que ele queria ele conseguia apenas com um simples olhar. Ou com dinheiro

Sina: e depois? - ela se pronuncia olhando atentamente em meu rosto

- eu saí de lá, tudo o que tinha nas minhas mãos joguei no chão e uma fonte de ódio me consumiu, ela veio atrás de mim arrumando a roupa enquanto pedia desculpa, apenas da boca para fora, a gente não tinha nada, não havia o porque de ela me pedir desculpa. E May? Não mexeu nem um músculo, não me procurou no dia seguinte, apenas agiu normalmente o que fez com que o ódio explodisse, foi a primeira vez que bati em Bailey, a partir daí se tornou normal. Tudo o que ele fazia ou falava era um monte de merda que me feria a mim ou aos outros. Ele sempre pensou nele próprio mas eu era muito ingénuo, não tinha mentalidade ainda para saber que May não era um santo

Sina: sinto muito Josh - a olho

- não sente, aprendi muito com meus erros mas esse foi o começo da minha aprendizagem - sorri fraco

Sina: ok, minha vez - Sina solta um longo suspiro - a história da minha mãe você já sabe mas o que isso me fez no futuro... você não tem nem ideia

- não precisa falar disso se não quiser

Sina: eu preciso - acento e ela continua - eu fiquei esperando horas pela minha mãe, para irmos as duas juntas para cá, como prometido. Mas ela achou que a boca do Joel era mais interessante e me deixou pendurada me forçando a decolar sozinha para aqui. Eu me sentia sozinha, destruída, completamente fora de mim, me sentindo ridícula pensando em como minha própria mãe pode fazer isso comigo. Cheguei na antiga casa da minha avó, a minha atual, deixei as malas de lado e me sentei no chão chorando, me perguntando se eu alguma vez tinha errado em algo, se eu magoei minha mãe ou se algum dia ela se sentiu trocada por eu ter saído com alguma amiga e esta era a sua vingança. Minha mãe era tudo o que eu tinha, na Alemanha tinha apenas uma amiga, Jeky, a gente perdeu o contacto para não ser ainda mais difícil provavelmente nunca mais nos vermos. Eu me isolei em casa, não saí para nada até a escola começar. Eu era invisível para todos, ninguém me dirigia a palavra ou sequer me olhava então um dia eu cansei de tudo, cheguei em casa, corri para o banheiro e amenizei a dor que tanto acumulei - ela puxa as mangas de seu moletom para cima e consigo ver pequenas cicatrizes - aposto que você nunca reparou

- sim... eu nunca... me desculpa Sina, eu falei com você tarde demais

Sina: não, vocês foram a minha salvação, eu fazia isso apenas para ter outra dor se não a psicológica porque tinha amor a vida mesmo que para mim ela tivesse uma grande merda, lembra do Jones? Ele me protegeu de um cara que estava me incomodando, a gente se foi conhecendo melhor, namoramos por um tempo e eu descobri aquele negócio das drogas. Mais uma desilusão em minha vida, poucas semanas depois já não via motivos para completamente nada. Minha mãe não respondia minhas mensagens, não atendia minhas chamadas, então... eu corri para o banheiro da escola mas desta vez não foi só para amenizar a dor, eu estava tão cansada eu não queria mais estar ali, não tinha um propósito. E foi aí que Heyoon apareceu, me escutou chorando eu falei algo que a preocupou, mesmo não me conhecendo ela arrombou a porta - ela pausa e passa a mão nos olhos, enxaguando as lágrimas que insistiam em sair - tirou o objeto da minha mão, o jogou no lixo e me ajudou a enxaguar os pulsos. Já era tarde, quase ninguém estava na escola, poucos tinham sala de estudo, lembro que Yoon tinha ficado para fazer recuperação de um teste, e ainda bem que ficou porque ela salvou minha vida e fez a minha noite ser fantástica. E foi no dia seguinte que ela me apresentou a vocês. Sei que ela nunca contou essa história para ninguém, não por pedido meu mas por escolha dela, ela sabia que era um assunto delicado e não era bom estar a espalha-lo, quanto menos pessoas soubessem melhor - ela me olha - como vê Josh, todo mundo tem segredos, isso é o que faz de nós pessoas. Mas às vezes guardamos eles tempo demais para começarem a afetar a nossa cabeça, alguns podem nos tornar outras pessoas ou até nos mandar tão baixo que já não nos conseguimos levantar mais. Por isso não fica com peso na consciência por não me ter contado nada, eu também não contei tudo, às vezes é o melhor, mas apenas por um certo tempo

- eu me arrependo tanto de não ter ido falar com você antes

Sina: você sequer me notou?

- ah eu notei, e Noah também

Sina: porque não foram?

- achamos que você não nos ia dar bola por estarmos a falar com uma "nerd solitária"

Sina: eu só queria uma companhia, que me fosse fiel pelo menos

- e a gente podia ter feito isso, me sinto culpado

Sina: não sente, é a última coisa que quero agora, já passou - sorrio e a abraço

- eu te amo tanto

Sina: se eu tentasse deixar de amar você estaria fazendo o impossível - sorrio bobo e a abraço mais forte - não consigo ver minha vida sem você, não mais

- eu acho que nem chamaria de vida se você não tivesse nela Sina

Sina: obrigada por tudo o que você fez por mim

- nunca me arrependerei

× a broken heart turned a bitch × - BeaunertOnde histórias criam vida. Descubra agora