Aquele dia

21 1 0
                                    


O contraste do som alto no interior da boate, com os diálogos dos desconhecidos, na parte externa, lhe proporcionaram certo alívio, ao sair porta afora. Sua cabeça estava cheia, e não conseguia entender por que agira de maneira tão irracional. 

Pegou um cigarro, dentro da bolsa amarrada a sua cintura, e com as mãos ainda trêmulas, o acendeu, fechando os olhos ao tragar a fumaça e a expelir por sua boca vermelha. Sentia-se atordoada. Precisa clarear a mente... Aquilo não podia ser real. Estava mesmo atraída por ele?

É certo que os diálogos entre os dois, deixavam-na abobalhada, e os encontros ao acaso, eram regados de afeto. Mas não era apenas isso? Estava tudo muito errado. Ou seria apenas a loucura do momento?

Sua cabeça girava e tentava encontrar desculpas nas garrafas de cerveja, na mistura com outras bebidas, e na euforia em estar num evento com seus amigos, depois de muito tempo. Mas não. Não era apenas isso...

A realidade é que, ao dizer que estava indo para a boate, ansiou vê-lo. E ouvir sua voz, levemente embriagado, chamando-a por um apelido fofo e confirmando a ida, a encantou.

Assim, quis encontrá-lo, e é fato que talvez nenhum houvesse percebido o desejo, mas avistar o rapaz, lhe trouxe vontades proibidas. Ah, caro leitor, o mínimo a dizer aqui, é que a menina estava errada em sentir-se assim.

Por isso, guardou para si, aproveitando a noite e os abraços, as palavras sussurradas, os sorrisos e olhares compartilhados, naquele flerte, aparentemente, inocente.

Entretanto, perceber o interesse de um amigo, em ajeitá-lo para outra garota, trouxe a ela um sabor amargo de ciúme, evaporando todo pensamento racional da sua mente. Não queria que ele ficasse com ninguém!

Realmente havia gritado, dizendo que ele não podia ficar com a outra? Estava... Com ciúme? Sentia-se a ponto de enlouquecer. Mas não podia mais fingir que nada estava acontecendo, e ela não era o tipo que mentia pra si...

O queria. Mas como poderia? Precisava esquecer tudo aquilo. Ouviu a porta ser aberta e soube, sem ao menos olhar, que era ele. - O que quer aqui? - Perguntou, olhando para o lado oposto. Seu coração estava acelerado e parecia que mil borboletas dançavam em seu estômago.

- Você está bem? - Ele perguntou, caminhando para a sua frente - Estou... Por que você veio aqui? - Por que sentia vontade de chorar? A tensão entre os dois era palpável e só queria... - Tem certeza? Eu... Eu te ouvi falar que vinha aqui fora e vim ver como você está.

- Isso tudo está errado. - Ela disse num sussurro - Como assim? - Não sei como falar... Você não percebe? - Não estava sendo coerente. Sua voz tremia e era difícil pronunciar qualquer frase. - Eu não vou ficar com ela. Você sabe disso, não é?

- Não sei! E eu não posso me envolver. Não entende? Eu... Se quiser, pode ficar... Mas... Eu não quero que fique. E isso é completamente ilógico. - Eu acho que entendo... Mas eu não vou ficar com ela. Olhe pra mim. Eu. Não. Vou. Ficar. Com. Ela.

- Entende? E não vai ficar por quê? Você pode! - Não posso, mas se pudesse, eu não ficaria. - Por quê? - Por dois motivos. O primeiro, você sabe. O segundo... Por você. Eu não vou ficar com ela, por você!

Estava sentindo a garganta apertada e as lágrimas teimavam em cair e molhar seu rosto. - Isso está tão errado... Eu estou tão errada. Vá embora... - Falou, num sussurro, ao se perceber próxima demais

- Por quê? - Ele segurou seu rosto e perguntou, também atordoado. Estavam muito próximos e, por mais que quisesse, ela não conseguia desviar o olhar. - Por que a gente é amigo, por que nós não podemos... E por que você não tem ideia do quanto te quero agora.

 E por que você não tem ideia do quanto te quero agora

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

#bobagens #autoria #devaneios #conto

Blog da AimiOnde histórias criam vida. Descubra agora