Já com a mão envolvendo toda a maçaneta, Charles a solta lentamente enquanto se vira para Beatrice a olhando diretamente nos olhos. Charles estava pronto para sair, com um terno preto e sapatos sociais bege juntamente de um chapéu marrom de detalhes pretos. Aquele que estava com uma expressão alegre e entusiasmada, logo aparece com um semblante frio e angustiante logo que se vira para Beatrice.
- Eu estava saindo para encontrar meus amigos, Bea. - Diz Charles enquanto se aproximava de sua amada.
- Desse jeito? É claro. Seus amigos agora usam salto alto e batom vermelho com decotes super chamativos? Com certeza. - Diz Beatrice com a mão no rosto enquanto se afastava rapidamente.
Beatrice era uma bela mulher apesar da gravidez precoce que na maioria dos casos destroem a aparência da mãe. Ela tinha cabelos curtos e loiros, com a altura média de 1,70 tinha pequenas rugas no rosto e marcas profundas de olheiras.
- Não ache estranho se estiver com uma amiga aqui, ela com certeza não usam gravatas chiques ou chapéus gigantes! - Logo que se aproximara da pia, Beatrice pega um prato e o lança ao chão com força fazendo com que ele se quebre.
Charles reage de forma negativa e perde o controle fazendo a tensão aumentar.
- Isso é pra me impressionar? Porque eu também sei jogar pratos! - Dito, Charles arremessa um prato em direção à pia ao lado de Beatrice enquanto suas afeições de raiva se tornam cada vez mais evidente.
- Porra, esse pires foi caro! - Grita Beatrice ao ver o prato que tinha sido jogado por Charles.
- Pires? Pra que? Nós nem tomamos chá! - Diz Charles.
- Esses pires são para decorar! - Diz Beatrice enquanto aponta para uma prateleira cheia de pires e xícaras de chá.
- Ah é? Pois eu estou de saída! E aí, conseguiu decorar isso? - Com um último grito e suspiro, Charles vira as costas para Beatrice e, sem motivos para usar a porta dos fundos que fica na cozinha, anda em direção à sala e a cruza enquanto vê seu filho em frente à televisão tentando ver seu programa de TV favorito, mas a briga anterior não teria o permitido fazer isso sem aumentar o volume.
- Vá dormir James, já está tarde. - Com passadas longas e pesadas Charles sequer olha diretamente para seu filho que estaria concentrado na televisão.
Charles após atravessar a sala, vai em direção à porta e sai de casa para vagabundear por aí.
Beatrice em sequência chega na sala e vê seu filho em frente à televisão, tão perto que sua sombra se estenderia pela sala escura.
- Não fica tão perto da TV, você vai ficar cruel. - Diz Beatrice, logo que acende um cigarro e o coloca na boca dando uma leve tragada.
James em silêncio se levanta do puff onde estaria sentado e anda sutilmente até o sofá, onde se senta ao lado de sua mãe, ele continua vendo seu programa de televisão favorito que estava passando uma entrevista com um grande escritor, Paul Fabinsk.
- Ser um escritor não é nada fácil, às vezes precisamos sacrificar grande parte do nosso tempo para pensar em nossos projetos, pensar nos modelos dos personagens, em suas aparências, personalidade, e várias coisas mais. Se você não praticar, pode ficar com uma baita dor de cabeça. - Diz Paul, antes que o mesmo pudesse dizer mais coisas ou que o apresentador lhe perguntasse algo, Beatrice desliga a televisão enquanto coloca a mão no rosto.
- É isso que você quer se tornar, James? - De cabeça baixa, ela questiona o gosto televisivo de seu filho.
- Sim, mãe. Eu gosto de escrever, eu gosto de ler e sou um garoto muito criativo! - Diz James enquanto se levanta e se põe a frente de sua mãe.
- Ser escritor não é brincadeira James, você não é capaz de fazer isso. Seu pai também era assim, e nunca vi nenhuma qualidade nas merdas que ele escreve. - Ela levanta a cabeça e encara o filho nos olhos com um semblante frio e ameaçador.
James em silêncio a encara perdendo sua confiança e entusiasmo, logo ele volta ao sofá e se senta em silêncio e cabisbaixo.
- Eu iria me tornar uma excelente bailarina, James. Eu era bonita, eu era ágil e bem articulada até que eu descobri que estava grávida de você. Aí vieram as rugas, minhas costas começaram a doer e tudo mais, eu perdi boa parte da minha juventude tendo que cuidar de você enquanto seu pai procurava várias formas de arrecadar dinheiro com os livros de merda dele. Eu não quero que você seja um fracassado igual a ele, embora esteja no caminho certo. - Após seu pequeno discurso, Beatrice da mais uma tragada em seu cigarro enquanto olha para James.
- Eu sei mãe... eu entendi oque a senhora quis dizer... - James contém as lágrimas, mas não pôde conter a expressão de tristeza e angústia no rosto.
- É melhor você ser algo espectacular quando crescer, talvez possa compensar todo o estrago que fez. - Termina Beatrice, logo que se levanta ela esmaga o cigarro no cinzeiro que haveria na mesa de centro da sala, saindo logo em seguida.
James olha para o cinzeiro em cima da mesa e vê a fumaça do cigarro se esvaindo aos poucos ao mesmo tempo que lágrimas escorrem de seus olhos, lentamente ele mira a televisão e se enxerga chorando.
- Eu vou ser, mãe. - James então enxuga as lágrimas e muda seu semblante frágil para um semblante sério.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu sou Red John
Детектив / ТриллерPode parecer fútil, mas eu acho que pessoas às quais a sociedade rotula de normais são privilegiadas, até porque ninguém escolhe ser normal, é um daqueles jogos de azar onde poucos têm sorte. A outra parte tem que lidar com os outros os chamando de...