utopia - jjk + pjm (oneshot)

único.

Eu sempre soube que era ele.
Desde que o vi pela primeira vez, mesmo que pareça loucura, nos seus olhos eu encontrei um conforto que jamais encontrei em mais ninguém.
Com ele nunca foi coração acelerado, respiração descompassada e pernas bambas, perder as falas, ficar nervoso e o evitar com medo de errar.
Com ele sempre foi calmaria, conforto. Meu coração batia cuidadosamente, sem pressa, no ritmo das palavras que saiam de sua boca enquanto ele olhava nos meus olhos, que me garantiam que tudo iria ficar bem.
Sempre foi ele.
Entre entradas e saídas de tantos amores na minha vida, foi ele quem permaneceu no mesmo lugar. Naquele cantinho do meu peito, que ele colocou uma cadeira e sentou logo quando trocou sua primeira palavra comigo, e não quis sair mais.
E entre beijos na testa e olhares direcionados a mim, eu me questionava se para ele, também era eu.
Mas como seria?
Talvez eu estivesse louco, delirando, talvez estivesse cego de amor.
Eu nunca torci para que ele deixasse tudo por mim.
Nunca pedi para que ele deixasse seus amores (que também entraram e saíram), e viesse na minha direção dizendo que sim, era eu, e sempre fui eu. Queria que ele fosse feliz, mesmo que não comigo.
E então entrei em um ciclo.
Aceitava que meu coração pertencia a ele, e permanecia assim por um tempo. Logo após, alguém aparecia, e eu me entregava, acreditando que um outro amor supriria meu desejo por aquele quem sempre soube que nunca iria ter. Mas é claro que não supria.
Enquanto beijei outras bocas, era a dele que me vinha à mente.
Quando deitava na cama e imaginava cenas fora da minha realidade, era ele quem aparecia, confessando seu amor por mim.
Mas como poderia ser eu?
Eu. 
Ah, e seus olhares, suas palavras, eu nunca soube decifrá-los.
Por mais que tentasse, e eu juro que tentei incontáveis vezes, eu nunca consegui entender o que ele queria dizer com as falas que mais pareciam uma brincadeira, mas meu coração torcia para que não fosse. Torcia tanto.
Ainda durante a noite me pego pensando nele, em mim, em um nós que nunca existiu e que possivelmente nunca irá existir, mas eu sonho com ele toda noite. E me pergunto:

Seria uma utopia?