CAPÍTULO 41

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* Decisões, decisões...*

Foram dois dias de agonia a espera do resultado do teste. Os dias pareciam ter mais de vinte e quatro horas, talvez por ela estar sozinha naquele apartamento. O resultado foi enviado para o seu email  e Carla respirou de alívio quando viu a palavra "negativo" escrita em negrito.

Iria esperar alguns dias antes de sair a rua só para garantir que estava bem. Não podia arriscar a saúde das pessoas próximas a ela. Ao menos algo corria bem no meio de tanta desgraça.

Deixou o laptop de lado e levantou-se, com mais ânimo, depois de saber o resultado do teste. ia sair da sala quando ouviu o som da campainha. 

" Quem será?" Ela murmurou para si enquanto caminhava até a porta.

O som da campainha soou novamente quando ela alcançou a porta.

" Quem é?" Carla perguntou antes de abrir.

" Pedro." A voz impaciente e ligeiramente rouca não deixava dúvidas.

" O que fazes aqui, Pedro?" Carla perguntou encostada a porta mas sem abri-la." 

" Não te despediste de mim. Muito rude da sua parte. Então decidi vir cobrar." Pedro falou em tom de brincadeira. 

Parecia que ele não levava nada a sério. 

" Como tiveste meu endereço?" Carla falou uma vez mais.

" Magda. A torturei até ela dar-me o endereço. Não te zangues com ela, ela não teve hipóteses contra os meus métodos infalíveis de tortura." Pedro respondeu no seu habitual bom humor.

Carla riu-se, imaginando como Pedro poderia ter torturado Magda. Logo Magda,que não se deixa intimidar por ninguém.

" Duvido muito que houvesse alguma coisa que metesse medo a Magda. Agora a sério, como conseguiste meu endereço?" 

" Importa como?  Abre a porta Carla." 

" Não posso. Estou em isolamento, não posso estar em contacto com outras pessoas." Carla respondeu, achando que o deixaria desanimado.

" Carla, eu sou médico, sei disso melhor que ninguém. Abra a porta." Pedro insistiu.

" Por favor, vá embora." 

" Não me queres ver por causa do isolamento ou existe algo mais por detrás ? Seja sincera."

" Tu já sabes a resposta a essa pergunta." 

" Oh, vais dizer-me que és casada, como sempre. Eu vim aqui como amigo. Sei o quanto o isolamento pode afectar psicologicamente uma pessoa e só queria que tivesses alguém contigo. Magda só me deu o endereço por que a convenci que conseguiria que me abrisses a porta. E que eu poderia ver-te e garantir a ela que realmente estás bem." 

" Golpe baixo. Vais usar a minha amiga? " 

" Vale tudo." Pedro falou entre risos.

Carla olhou para a porta e sorriu. Ela realmente estava cansada de olhar para as paredes. Foram dois longos dias fechada naquele lugar completamente só. As chamadas e mensagens ajudaram nas primeiras vinte e quatro horas , mas depois já não pareciam suficientes. 

Foi ao quarto colocar uma máscara e voltou a porta.Ela respirou fundo e abriu. Pedro estava parado a porta, com máscara, luvas e com os sapatos embrulhados em um plástico apropriado para o efeito.

" Vês, vim preparado." Pedro falou, gesticulando dramaticamente.

" Tu és impossível, sabias?" Carla falou abanando a cabeça.

AMOR Á PROVA DE PANDEMIAOnde histórias criam vida. Descubra agora